Primeira Leitura: Ex 24,3-8 - Salmo 115,12-13.15.16bc.17-18
(R. 13) - Segunda Leitura: Hb 9,11-15 - Evangelho: Mc 14,12-16.22-26
O sacrifício da nova aliança
A antiga aliança do Sinai entre Deus e Israel se realizará
através de três momentos sucessivos: a manifestação de Deus ao seu povo (Ex19),
a entrega do decálogo como lei constitucional, “as dez palavras de Deus” (Ex
20,1-21) e o código da Aliança (ampliação do decálogo: Ex 20,22-23,33); e fora
concluída e sancionada solenemente com “sacrifícios de comunhão” (Ex 24).
A nova e eterna aliança entre Deus e a humanidade se
realizou também de três momentos semelhantes aqueles: a nova, mais profunda e
universal manifestação de Deus em Cristo (Mc 1,10-11; 9,2-8), o decálogo, levado
à sua pureza e integridade, ao seu “cumprimento” (Mt 5,17-48), o novo código
das bem-aventuranças, da lei interior, do “mandamento novo” do amor (Mt 5,1-6;
6-7; Jo 13,34-35; 15,10-17) e também esta foi concluída e sancionada solenemente
no verdadeiro “sacrifício de comunhão” no Sangue de Cristo (Mc 14,22-24; etc.).
A celebração do Corpo e Sangue do Cristo hoje nos lembra
toda a nova aliança que adquire assim um
significado pleno, e, por sua vez, faz compreender melhor o alcance do
sacrifício de Cristo.
O sangue, selo da antiga aliança entre
Deus e os homens
Os antigos, e particularmente os hebreus, selavam um
contrato de aliança com o sangue das vítimas oferecidas. Assim aconteceu no
Sinai quando da aliança da antiga lei. Nesse rito (1ª leitura), Moisés lembra
as palavras e a lei de Deus, lei “escrita” de modo intangível; o povo reafirma
sua vontade de pô-la em prática e de obedecer a Deus. Então Moisés asperge com
sangue das vítimas o altar e o povo. O sangue, que é vida, indica que a aliança
é vital; derramado sobre o altar e o povo, indica que entre o povo e Deus há
comunhão: na fidelidade a aliança, o povo vive da vida de Deus. Tudo isso é um
sinal, um instrumento, uma admoestação de que Cristo levará a plenitude de significado
e de eficácia.
O Sangue de Cristo nos purifica pela
aliança nova e eterna
O III Sínodo dos Bispos afirma que Cristo “superou, dando
seu pleno acabamento, todos os sacerdócios rituais e os sacrifícios do Antigo
Testamento, também os pagãos. Em seu sacrifício, assume as misérias e os
sacrifícios dos homens de todas as idades” (O sacerdócio ministerial, I,1).
Como o sumo sacerdote, entrando com o sangue da expiação no Santo dos santos,
desaparecia da vista do povo, mas estava mais do que nunca ativo em sua obra de
mediação pelo povo, também Cristo, entrando no céu, oferece por nós o seu
sangue purificador. Mas ele permanece junto do Pai numa solidariedade muito
operosa em relação a nós: seu sangue tem um poder infinito que verdadeiramente
purifica e redime, instaura a nova aliança e tem força para atrair consigo os
redimidos à herança eterna prometida por Deus (2ª leitura).
Por isto, o sacrifício de Cristo é único, eficaz, eterno;
realiza, por si só, tudo o que qualquer outro sacrifício humano não tem a força
de realizar, mas não rejeita aqueles sacrifícios; dá-lhes valor e eficácia,
unindo-os ao seu sangue.
Cristo oferece seu Corpo e Sangue pela
aliança e pelo seu Reino de Deus
O simples relato de Marcos (evangelho) apresenta as
características essências do sacrifício de Cristo. O antigo rito do cordeiro
pascal, sacrifício que evoca a libertação dos hebreus da escravidão, atinge uma
plenitude e um significado totalmente novos. Cristo, oferecendo-se para a imolação,
opera a libertação integral e definitiva, e com seu sangue sela a nova aliança,
a que é verdadeiramente “a aliança”, e esse sangue é derramado por todos como
expiação dos pecados (2ª leitura).
Na antiga lei havia sacrifícios de libertação, de aliança e
comunhão, de expiação, de ação de graças; o sacrifício único de Cristo tem em
si todos estes valores. É o sacrifício pascal de libertação, o sacrifico da aliança
e da comunhão com Deus, o sacrifício da expiação do pecado, o sacrifício da
ação de graças. Daí toma o nome de Eucaristia, que quer dizer precisamente
“ação de graças”, porque os homens devem por tudo agradecer profundamente a
Deus. E Cristo deu inicio ao banquete da ultima ceia agradecendo a Deus,
elevando ao Pai as “ação de graças” que os homens muitas vezes se esquecem de
dar pelos benefícios da criação e da redenção.
A solenidade de hoje nos lembra que nós também devemos
apresentar nossas “ações de graças” a Cristo pelo total dom de si, em corpo e
sangue, como alimento e bebida (Jo 6,51-58); o melhor modo de fazê-lo é
participar deste pão e deste vinho que Cristo nos oferece, fazer nossa
eucaristia, a “ Ação de graças” que Cristo oferece ao Pai, para oferecê-lo
juntamente com ele, alimentados Dele.
Fonte: Missal Dominical (Paulus)
Fique com Deus e sob a proteção da Sagrada Família
Ricardo Feitosa e
Marta Lúcia
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