Pedro Julião Eymard nasceu no norte da França, em Esère, no dia 4 de
fevereiro de 1811, primeiro filho de um casal de simples
comerciantes, profundamente religioso Pedro Julião e Maria Madalena Pelorse.
Todos os dias, sua mãe levava-o à igreja, para receber a bênção eucarística.
Assim, aos cinco anos de idade, despontou sua vocação religiosa e sacerdotal.
Mas encontrou a objeção do seu pai. Apesar de muito religioso, ele não
concordou com a decisão do filho, porque precisava da sua ajuda no trabalho,
para sustentar a casa. Além disto, não tinha condições de pagar as despesas dos
estudos no seminário. Diante desses fatos, só lhe restava rezar muito enquanto
trabalhava e, às escondidas, estudar o latim. Em 1834, conseguiu
realizar o seu sonho, recebendo a ordenação sacerdotal na sua própria diocese
de origem celebrou sua primeira Missa em 26 de outubro de 1834.
Após alguns anos no ministério pastoral, em 1839, padre Eymard entrou na
recém-fundada Congregação dos Padres Maristas, em Lyon. Nesta Ordem
permaneceu durante dezessete anos, chegando a ocupar altos cargos. Foi quando recebeu
de Maria Santíssima a missão de fundar uma obra dedicada à adoração perpétua da
eucaristia.
Aliás, Padre Eymard
já notava que havia certo distanciamento do povo da Igreja. Algo precisava ser
feito. Rezou muito, pediu conselhos aos superiores e para o próprio papa Pio
IX. Entretanto, percebeu que por meio do Instituto dos Maristas não poderia
executar o que era preciso. Deixou o Instituto e foi para Paris.
Em sua primeira
viagem a Paris, o Padre Eymard tomou contacto com a Adoração Perpétua e
conheceu um judeu convertido, Ermano Cohen, que iniciara a adoração noturna dos
homens. Nos meios eucarísticos, conheceu também um capitão de fragata, Conde
Raimundo de Cuers, que depois seria seu auxiliar na nova congregação dos
Sacramentinos.
Um dia o Padre Eymard orava na
basílica de Fourvière, diante do altar de Nossa Senhora. Assim descreve
inspiração que lhe veio ao espírito nessa ocasião: “Estava rezando, quando se apoderou de mim um
pensamento tão forte, que me absorveu a ponto de perder completamente todo
outro sentimento: para glorificar seu Mistério de Amor, Jesus, no Santíssimo
Sacramento, não tinha um corpo religioso que fizesse disso sua finalidade e a
isso dedicasse todos os seus cuidados. Era necessário que houvesse um”. E quem tinha a graça para fazê-lo
era ele próprio.
Quanto lhe custou
para levar essa obra avante! Religioso, com os três votos, não era livre para
dedicar-se inteiramente à obra que a Providência lhe pedia. E o superior geral
dos Oblatos de Maria Imaculada não queria dispensá-lo dos votos, para não
perder um tão útil elemento para sua congregação.
Padre Eymard
consultou o próprio Papa Pio IX sobre a possível futura congregação.
Respondeu o imortal Pontífice: “A obra vem de
Deus, estamos convencidos. A Igreja necessita disto: que se sigam todos os
caminhos para tornar conhecida a divina Eucaristia”.
Finalmente o Padre
Eymard conseguiu dispensa dos votos. Com o Conde de Cuers, a essa altura
ordenado sacerdote, deu início à Congregação do Santíssimo Sacramento. Ao
arcebispo de Paris, que daria autorização para a nova congregação, explicou que
“a nossa não é
uma congregação puramente contemplativa. Nós fazemos a adoração, é certo. Mas
queremos também levar outros a serem adoradores, e devemos nos ocupar das
Primeiras Comunhões tardias. Enfim, queremos pôr fogo nos quatro cantos de
Paris, que tanto necessita”.
Entretanto, a vocação
do verdadeiro adorador do Santíssimo Sacramento era, segundo ele mesmo, mais
ampla: “Adorar perpetuamente Nosso
Senhor no trono da graça e de amor, agradecer-lhe pelo inefável benefício da
Eucaristia, tornar-se uma mesma vítima com Jesus Hóstia para reparação de
tantos pecados que cobrem a Terra, exercer aos pés da Eucaristia uma missão
perene de ação de graças e impetração pela Igreja, pela paz entre os príncipes
cristãos, pela conversão dos pecadores, dos hereges, dos infiéis, dos judeus:
eis o elemento perene da vida do religioso do Santíssimo Sacramento”.
E para sua
concretização tinha se dedicado inteiramente: “Disse sim a
tudo e fiz voto de dedicar-me até a morte à fundação de uma congregação de
adoradores. Prometi a Deus que nada me deteria, devesse eu embora comer pedras
e acabar no hospital. E, principalmente, pedi a Deus (e talvez fosse isto presunção de minha parte) trabalhar sem o menor conforto humano”.
Em 22 de maio de 1856,
com a ajuda do arcebispo de Paris, fundou a Congregação dos Padres do Santíssimo Sacramento.
E, depois de três anos, a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora do Santíssimo
Sacramento. Mais tarde, também fundou uma Ordem Terceira, em que leigos
comprometem-se na adoração do Santíssimo Sacramento.
Padre Pedro Julião Eymard foi incansável, viajando por toda a França,
para levar sua mensagem eucarística. Como seu legado, além da nova Ordem,
deixou inúmeros escritos sobre a espiritualidade eucarística.
Muito doente, ele faleceu na sua cidade natal no dia 1º de agosto de 1868, com
apenas cinqüenta e sete anos de idade. Beatificado pelo papa Pio XI em 12 de
julho de 1925, foi canonizado pelo papa João XXIII em 9 de dezembro de 1962. Na
ocasião, foi designado que a memória litúrgica de São Pedro Julião Eymard deve
ser celebrada em 2 de agosto, um dia após o de sua morte.
ORAÇÃO: Deus,
nosso Pai, São Pedro Julião viveu um profundo amor pela Eucaristia, centro de
toda a vida da Igreja. Dai-nos viver em profundidade as exigências desse grande
sacramento de amor. Que não haja divisões, rixas e violência entre nós que
sentamos à mesa do Senhor e participamos de sua ceia. Jesus lavou os pés de
seus discípulos, mostrando que a nossa vocação é servir, compartilhar angústias
e alegrias, carregar os fardos uns dos outros, trabalhar pela reconciliação dos
homens, implantar a fraternidade, construir a paz e fazer deste mundo uma habitação
onde todos os homens, sem diferenças de cor, raças e credos, possam viver sem
medo, sem ameaças, sem riscos de vida. Dai-nos compreender que a
"Eucaristia" é "vida", vida doada e repartida, é dom de si
mesmo ao outro, é um grito de denúncia contra tudo aquilo que divide e conduz
ao desespero e à morte. Vós sois a Vida, por isso nós vos louvamos.
“A
cruz é antes um consolo que um suplício;
assim
o entenderam os Santos,
ao
abraçarem-na com tanto amor, com tanta alegria”.
Fonte:
Edições Paulinas - Revista Catolicismo - Ed. Paulinas “Os Santos de cada dia”
Foto retirada da internet
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