Não existe cristianismo
sem Cruz, não há possibilidade de sairmos sozinhos de nossos pecados, a Cruz
não é um enfeite para ser colocado no altar, mas o mistério do amor de Deus.
Em caminho no deserto, o povo murmurava contra Deus e contra
Moisés, mas quando o Senhor mandou as serpentes, o povo admitiu seu pecado e
pediu um sinal da salvação. Não há possibilidade de sairmos sozinhos de nosso
pecado. Estes doutores da lei, as pessoas que ensinavam a lei, não tinham uma
ideia clara sobre isto. Acreditavam, sim, no perdão de Deus, mas se sentiam
fortes, sapientes; e fizeram da religião e da adoração a Deus uma cultura com
valores, reflexões e mandamentos... pensavam
que o Senhor pudesse perdoar.
No deserto, o Senhor ordenou que Moisés
fizesse uma serpente abrasadora e a colocasse numa haste. Quem fosse mordido e
a contemplasse viveria.
O que é a serpente? É o sinal do pecado, como vimos no
Gênesis, quando a serpente seduziu Eva e lhe propôs o pecado. Deus mandou
hastear o pecado como uma bandeira da vitória. Isto é difícil de entender se
não compreendermos o que Jesus nos diz no Evangelho.
Ele disse aos Judeus: “Quando levantarem o Filho do homem, saberão
quem eu sou”. No deserto, foi hasteado o pecado, mas um pecado que
procurava salvação, porque ali seria curado. Quem foi levantado, foi o Filho do
homem, o verdadeiro Salvador, Jesus Cristo.
O cristianismo não é uma doutrina
filosófica, não é um programa de sobrevivência, não serve para nos educar, ou
para fazer as pazes. Estas são consequências.
O cristianismo é uma pessoa, uma pessoa
levantada na Cruz, alguém que renunciou a si para nos salvar; que se fez
pecado. Assim como no deserto foi
elevado o pecado, aqui foi elevado Deus, que se fez homem e se fez pecado por
nós. E todos os nossos pecados estavam lá. Não se pode entender o cristianismo
sem entender esta humilhação profunda do Filho de Deus, que se humilhou e se
fez servo até a morte e morte de Cruz, para servir.
É por isso que o Apóstolo Paulo, quando fala sobre o que lhe
envaidece, diz “os pecados”. “Nós não temos outra coisa de que nos orgulhar:
esta é a nossa miséria”.
O coração da salvação de Deus é seu Filho, que assumiu todos
os nossos pecados, as nossas soberbias, as nossas seguranças, nossas vaidades,
nosso anseio de ser como Deus. Nossas
chagas, que deixam o pecado em nós, se curam somente com as chagas de Deus
feito homem, humilhado e aniquilado. É este o mistério da Cruz.
Não é uma decoração que devemos colocar
nas igrejas e nos altares. Não é um símbolo que nos distingue dos outros. A
Cruz é o mistério, o mistério do amor de Deus, que humilha a si mesmo, que se
anula, se faz pecado. O perdão que Deus nos dá não é cancelar uma
dívida: são as feridas de seu Filho na Cruz, elevado na Cruz. Que Ele nos
atraia e nós nos deixemos curar.
Fonte: Rádio Vaticano
Foto retirada da internet
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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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