segunda-feira, 11 de julho de 2016

Evangelho Comentado do Dia 17/07/2016 domingo

Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 10,38-42

Naquele tempo, Jesus entrou num povoado, e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Sua irmã, chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e escutava sua palavra. Marta, porém, estava ocupada com muitos afazeres. Ela aproximou-se e disse: “Senhor, não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que ela me venha ajudar!” O Senhor, porém, lhe respondeu: “Marta, Marta! Tu te preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária. Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”.  - Palavra da Salvação.


Comentários:

“Quem parte, reparte e escolhe a melhor parte” – garante o ditado popular. No fundo, trata-se de uma escolha que se faz. E nossa vida é toda ela feita de escolhas... Neste Evangelho, duas irmãs – Marta e Maria – fazem suas escolhas: cuidar das tarefas caseiras ou ficar aos pés de Jesus. Não que as duas opções sejam radicalmente exclusivas, mas a diligente Marta sente motivos para reclamar de Maria, que escolheu diferente. Vale a pena refletir nas palavras do monge André Louf sobre esta passagem. “A certa profundidade, temos o direito de escolher o amor, sem condições, e deixar qualquer outra coisa para dedicar-se a ele em definitivo, pois esta é a parte que jamais nos será tirada, que dura para a eternidade. A certa profundidade, o Amor se torna gratuito. E em todo lugar onde Jesus percebe essa gratuidade, ele se faz o seu defensor. É o caso do alabastro da outra Maria e dos perfumes derramados em perda total sobre os pés de Jesus, e cujo altíssimo preço parece roubado aos pobres. Mas os pobres têm mais necessidade de amor do que de dinheiro. E o amor não tem preço. Aos pés de Jesus, Maria desocupada, inútil, injusta com sua irmã mais velha. Mas não existe nada mais urgente que o amor, nem mais eficaz. Se eu não tenho o amor, nada tenho, dirá São Paulo, ainda que eu distribua todos os meus bens aos pobres, ainda que eu me gaste pelos outros, mesmo que eu entregue meu corpo às chamas (cf. 1Cor 13). Mais urgente, mais eficiente é assumir o tempo de amar.” Lá no fundo, ouço queixas. São os eficientes, os utilitaristas, os práticos, aqueles que carregam nas costas o peso do mundo, como se fossem indispensáveis para Deus. E Deus não quer o sacrifício, mas a misericórdia. E onde encontraremos a fonte da misericórdia se não tivermos tempo para Deus? Não só na Igreja, não só na família, mas em todos os campos da vida humana multiplicam-se os “ativistas” – aqueles que apostam apenas na própria ação, muitas vezes atropelando os outros, assumindo práticas violentas, incapazes da refletir, incapazes de ouvir, incapazes de... rezar... Ora, quando Jesus chegar, vale a pena parar e sentar-se aos seus pés. (Antônio Carlos Santini / Com. Católica Nova Aliança)

A cena evangélica desafia-nos a fazer uma leitura integrativa, sem contrapor Maria e Marta, como se uma fosse símbolo da ação e a outra, da contemplação, como se uma tivesse feito uma ação louvável e a outra, uma ação censurável. Portanto, quando Jesus fala que Maria escolheu a melhor parte, pensa-se logo que a contemplação é mais importante que a ação ou, mais radicalmente, a contemplação pode prescindir da ação. Tanto a atitude de Maria quanto a de Marta foram de carinhosa acolhida a Jesus e a seus discípulos. A primeira deteve-se a escutar o amigo recém-chegado, enquanto a outra pôs-se a preparar uma refeição para esses hóspedes. Diante de amigos com fome, nada melhor do que oferecer-lhes algo para restaurar as forças. O erro de Marta consistiu em não começar por acolher a quem chegava, talvez depois de um longo período de ausência. Era preciso acolher o Mestre, antes de pôr-se em ação. Afinal, Jesus estava mais interessado em partilhar alguns momentos de convívio com uma família amiga do que em degustar uma excelente refeição. No caso de Maria, sua amabilidade inicial transformar-se-ia em insensibilidade, se fosse incapaz de perceber a situação dos amigos e não se apressasse em dar-lhes comida. Ela, porém, agiu corretamente. Sua ação foi precedida da escuta da palavra do Mestre. Ou seja, a contemplação culminou e expressou-se na ação caridosa para com os visitantes. (Padre Jaldemir Vitório/Jesuíta)

Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
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