Introdução ao espírito da
Celebração
O homem não foi feito para a solidão, para o isolamento.
Está chamado à comunhão com Deus e com os outros homens, nesta vida e na
futura. Esta comunhão fomenta-se e intensifica-se através do diálogo. Um dos
modos de comunicar do coração humano é a fala. Do encontro nasce a amizade,
vocacionada para crescer até à comunhão perfeita no Céu.
Deus planeou que homem se encontrasse com Ele, como um filho
com o Pai, num diálogo íntimo a que chamamos oração. Por isso, ela não algo
acidental na vida, mas uma parte importante da nossa vida de filhos de Deus.
Na Liturgia da Palavra de hoje, a Igreja ensina-nos a
importância que devemos reservar à oração na nossa vida e como a havemos fazer.
Preparemo-nos para acolher esta mensagem confortante para a nossa vida com
Deus.
Primeira Leitura
Abraão fala com o Senhor face a face, intercedendo pelas
cidades pecadoras. É um exemplo claro de como havemos de fazer oração: com
humildade, reverência, respeito, mas também com ousadia e confiança,
manifestando ao nosso Pai do Céu o que nos inquieta, as nossas dúvidas e
anseios. Por meio dela tentamos ainda perceber os projetos de Deus para o mundo
e para cada um de nós.
20-21 «O clamor que chegou até Mim…» Desta expressão procede
a catalogação nos catecismos do pecado de homossexualidade ou sodomia como um
«pecado que brada aos Céus», dada a sua especial gravidade, contra a natureza:
«o seu pecado é tão grave…» «Vou descer, para verificar…» Trata-se dum
antropomorfismo que empresta grande colorido e vivacidade ao relato, e que
caracteriza a tradição javista. Esta maneira de falar de Deus à maneira humana
põe aqui em evidência a justiça divina que não pune sem o pleno conhecimento da
causa.
23-32 «Cinquenta… quarenta e cinco… quarenta… trinta… vinte…
dez». Chamamos a atenção para a mentalidade de responsabilidade coletiva,
corrente em Israel, que está na base do episódio, segundo a qual também os
inocentes têm de sofrer o castigo juntamente com os culpados: para não haver
castigo era uma questão de um relativo número de inocentes. O relato deixa ver
que Deus não castiga o inocente junto com o pecador, como pensava Abraão; esta
verdade da responsabilidade individual há-de ser bem vincada nos Profetas (cf.
Jer 31,29-30; Ez 18,1-32). De qualquer modo, não deixa de ser enternecedor este
diálogo, esta oração de intercessão ao Senhor, toda repassada de confiança e
santo temor, perseverança, humildade e audácia santa. Se Deus não precisa das
nossas insistências para nos atender, nós precisamos de nos colocar no nosso
lugar de pedintes, para nos dispormos, com a nossa impertinência, a receber os
dons que Deus tem para nos dar (cf. a parábola do «amigo impertinente» do
Evangelho de hoje).
Segunda Leitura
Na Carta aos Colossenses, S. Paulo convida-nos a fazer de
Cristo a referência fundamental da nossa vida. Neste contexto de reflexão sobre
a oração, podemos dizer que Cristo tem de ser a referência e o modelo de todos
os que rezam: quer na frequência com que se dirige ao Pai, quer na forma como
dialoga com o Pai.
1 «Sepultados… ressuscitados…» Cf. Rom 6, 3-4, onde S. Paulo
faz apelo ao simbolismo do Baptismo por imersão: simbolizava a morte e a
sepultura para o pecado, no gesto de se ficar submerso na água; o subsequente ato
de emergir da água simbolizava a Ressurreição, a vida nova que o cristão tem de
viver em união com Cristo ressuscitado. Mas esta morte e ressurreição do Cristo
não são uma mera metáfora, são uma realidade sobrenatural, são o mistério da
vida cristã, uma vida em Cristo.
14 «Anulou o documento». A nossa sugere uma possível
interpretação desta difícil passagem, tendo em conta uma tradição rabínica,
segundo a qual os pecados das pessoas ficavam escritos num livro divino de
registos; este documento era redigido a partir das transgressões da Lei «com as
suas disposições contra nós». Mas Deus, ao perdoar-nos todas as nossas faltas
(v. 13), «anulou o documento da nossa dívida»: «Suprimiu-o, cravando cravando-o
na Cruz». Com esta imagem de cravar na Cruz exprime-se a destruição radical e
definitiva salvação, por força da Morte redentora de Cristo.
Evangelho
Com uma paciência infinita, Jesus ensina-nos a fazer oração
e desvenda-nos os seus tesouros. Ensina-nos que a oração do fiel deve ser um
diálogo confiante de uma criança com o seu «papá». Somos convidados a descobrir
em Deus «o Pai» e a dialogar frequentemente com Ele acerca desse mundo novo que
o Ele quer oferecer-nos. Aclamemos o Evangelho que faz chegar até nós estas
confortantes verdades.
1 «Em certo lugar». Uma antiga tradição, que deu origem à
igreja do Pai-Nosso, identifica este lugar com o Monte das Oliveiras. No
claustro dessa basílica constantiniana pode-se ler o Pai-Nosso em enorme
quantidade de línguas, entre as quais o português.
2 «Quando orardes, dizei». A fórmula de S. Lucas é mais
pequena: apenas 5 petições das 7 de Mt 6, 9-13. A diversidade dos contextos
poderá favorecer a opinião de que Jesus possa ter, por várias vezes, ensinado
uma fórmula não literalmente idêntica. No entanto, a maioria dos exegetas
modernos inclina-se para que as duas versões da oração dominical remontem a uma
única fórmula básica primitiva, mais próxima da de Lucas. Na vida da Igreja, se
difundiu a fórmula mais longa de Mateus.
5-8 A parábola do amigo importuno introduz o ensinamento de
Jesus sobre o valor e a eficácia da oração confiada e persistente («também Eu
vos digo»: vv. 9-13) – «Batei à porta, e abrir-se-vos-á». O Catecismo da Igreja
Católica, nº 2613, comenta: «àquele que assim ora, o Pai celeste «dará tudo
quanto necessita», e dará, sobretudo, o Espírito Santo, que encerra todos os
dons».
Sugestões para a homilia
Estamos em tempo de prova na terra, no uso da liberdade, e
caminhamos para uma comunhão perfeita e eterna com a Santíssima Trindade e com
os anjos e os santos.
Um dos meios para fomentarmos esta comunhão íntima é o
diálogo com Deus a que chamamos oração.
A oração, diálogo entre o filho e o Pai
O diálogo de Abraão com Deus, intercedendo pelas cidades
pecadoras, é cheio de beleza e de ensinamentos.
a) Encontro com Deus. «Os homens que tinham vindo à residência de Abraão
dirigiram-se então para Sodoma, enquanto o Senhor continuava junto de Abraão.»
Quando vamos fazer oração, não havemos de entrar
impensadamente, distraídos, mas tomando consciência de que estamos diante do
nosso Pai do Céu.
Muitas vezes fazemos mal a oração e não lhe ganhamos afeição
porque a fazemos mal. Começamos precipitadamente nem parar um momento a pensar
o que vamos fazer, na Presença de Quem estamos e o que queremos pedir-Lhe.
Isto acontece principalmente na oração vocal, começando a
balbuciar fórmulas sem lhe prestar atenção.
Guardemos este conselho de um santo: «Repara no que dizes,
quem o diz e a quem»
Comecemos por nos pormos na presença de Deus, façamos um
acto de humildade diante d’Ele, reconhecendo a santidade e grandeza do Senhor e
a nossa pequenez.
Lembremo-nos de que, mesmo quando estamos distraídos, Ele
está atento ao que vamos dizer-Lhe, como se não houvesse mais ninguém no mundo.
b) Abrir o coração ao Senhor. «Este aproximou-se e disse: ‘Irás destruir o justo
com o pecador?’»
Quando vamos orar, abrimos o coração ao Senhor, falando-Lhe
confiadamente do que nos preocupa.
A oração do santo Patriarca Abraão é um exemplo de como
devemos orar: trava um diálogo com Deus, um diálogo humilde, reverente,
respeitoso, íntimo, cheio de confiança, de ousadia e de esperança.
Não cai numa repetição de palavras ocas, como se fossem
gravadas e repetidas por um gravador ou por um papagaio, mas é um diálogo
espontâneo e sincero, no qual ele se expõe e coloca diante de Deus tudo aquilo
que lhe enche o coração.
A oração que fazemos é um diálogo como este, espontâneo,
vivo, confiante com Deus, ou é uma repetição fastidiosa de fórmulas feitas,
mastigadas à pressa e sem significado nem atenção?
Não podemos viver uma vida real e outra imaginária que
apresentamos ao Senhor na oração.
Neste abrir o coração havemos de guardar espaço para que o
Senhor abra o Seu Coração divino connosco. É importante falar e ouvir.
c) Familiaridade no diálogo. «Abraão insistiu: ‘Atrevo-me a falar ao meu Senhor,
eu que não passo de pó e cinza.’»
O diálogo de Abraão com o Senhor – modelo da nossa oração –
é cheio de familiaridade. Abraão, em palavras simples, como quem conversa com o
maior dos amigos, não procura palavras solenes, com efeito oratório, mas
familiares: «Atrevo-me a falar ao meu Senhor»; «Se o meu Senhor não levar a
mal, falarei mais uma vez»; «Atrevo-me ainda a falar ao meu Senhor.»
Depois deste diálogo intenso entre Abraão e Deus, houve
algum resultado palpável desta oração?
À primeira vista parece que nada se conseguiu. As cidades
acabaram por ser destruídas até aos dias de hoje. Olhando tudo isto com maior
atenção, verificamos que se salvou Lot, o sobrinho de Abraão, com toda a sua
família. Os poucos justos foram afastados das cidades, para não perecerem
juntamente com os pecadores.
Além disso, manifestou-se a riqueza do coração de Abraão,
preocupado com a sorte dos outros.
Nunca regressámos da oração de mãos vazias. Deus responde
sempre antes, mais e melhor do que esperamos e pedimos.
É sempre verdade o que proclamamos no salmo responsorial:
«Quando Vos invoco, sempre me atendeis, Senhor.»
Disposições para fazer oração
À imitação dos Apóstolos, também nós devemos pedir humildemente
ao Senhor que nos ensine a fazer oração. Quando nos disponibilizamos para orar,
deveríamos começar por aqui.
a) Lembrança da filiação divina. «Quando orardes, dizei: ‘Pai.’»
É a primeira recomendação de Jesus, quando vamos fazer
oração: lembrarmo-nos de que não nos vamos dirigir a alguém muito acima do
nosso nível social, económico ou cultural, a quem é preciso fazer muitas
mesuras antes de começar a falar. Tudo é muito mais simples: dirigimo-nos ao
nosso Pai do Céu. E, como Pai:
• Não tem horários de atendimento. Está sempre disponível:
de noite ou de dia, quando estamos na rua, no trabalho, na cama ou no templo.
Basta um leve bater à Sua porta, manifestando que Lhe queremos falar, e logo
somos recebidos em audiência com toda a cordialidade.
• Nem restrição de assuntos. Estamos habituados a que as
pessoas importantes comecem a mastigar, quando lhes falamos em determinados
temas, a deixar reticências nas conversas, ou simplesmente a dizer que não é
conveniente meter-se neste assunto.
Com o nosso Pai é diferente. Encara os assuntos e
ilumina-nos, para vermos as suas implicações, acabando por nos ajudar a
encontrar uma solução.
• Nem respostas evasivas. Muitas vezes saímos das
entrevistas com os homens de alma vazia, desiludidos ou, pelo menos, com uma
enorme incerteza sobre a segurança que nos merecem as suas palavras.
O Senhor faz-nos ver cordialmente se uma solução não nos
convém e porque não nos convém.
É sempre muito agradável falar com o nosso Pai do Céu.
b) Comunhão com a vontade do Pai. «santificado seja o vosso nome; venha o vosso reino.»
É a confiança ilimitada no melhor dos pais que nos leva a
esta comunhão com a Sua vontade. Sabemos de antemão que nos ama e escolhe
sempre o melhor para nós.
Somos tentados, por vezes, a forçá-l’O para seguir a nossa
vontade. Pedimos cm insistência, sem admitir outras hipóteses de solução do
problema que Lhe apresentamos; e se Ele nos leva por outros caminhos, ficamos
amuados. Às vezes até dizemos que encontramos em crise de fé.
A fé ensina-nos que Ele sabe infinitamente mais do que nós.
E, como nos ama, escolhe cuidadosamente o que é melhor.
Perseveremos na oração e substituamos em nosso vocabulário
certas expressões: nunca digamos «não consegui», mas «ainda não consegui». E
não digamos «o Senhor não me deu o que pedia», mas o Senhor vai dar-me melhor
do que o pedido». Quando fazemos oração, ou recebemos o que pedimos, ou outra
graça maior.
Descansemos na certeza da fé de que Deus nos ama com
loucura… e ficaremos cheios de paz, mesmo quando não alcançamos o que tínhamos
pedido. Poderia parecer que a oração do Jardim das Oliveiras ficou sem
resposta. Mas não: Cristo recebeu – humanamente falando – força para cumprir
até ao fim o plano salvador do Pai; e apareceu-Lhe um anjo que confortava.
Nunca voltamos da oração com as mãos vazias.
c) O que havemos de pedir. «dai-nos em cada dia o pão da nossa subsistência;
perdoai-nos os nossos pecados, […]; e não nos deixeis cair em tentação».
Todos guardamos uma interminável lista de pedidos para apresentar
ao Senhor na oração. Por vezes, um assunto sobrepõe-se aos outros.
O Senhor não nos desanima de pedirmos o que quisermos. Mas
ensina-nos a ter uma hierarquia de valores.
• O pão de cada dia. E, ao fazê-lo, não pensemos
exclusivamente no pão para a nossa boca. Peçamos, principalmente o Alimento
Eucarístico.
Com este pedido vão implícitos outros: o dom de termos
sempre sacerdotes em número suficiente, porque, sem eles, não há Eucaristia; a
graça de sentirmos fome de o receber, porque de nada nos adianta ter alimento,
se o não queremos tomar; a bênção de termos junto de nós um sacerdote, quando
precisarmos do viático para a grande viagem.
Somos sinceros e lógicos, quando pedimos o pão de cada dia
e, podendo sem grande esforço, participar na santa Missa todos os dias, o não
fazemos por preguiça?
• A vitória sobre o Maligno. Reconhecemos com esta prece a
nossa debilidade e a facilidade com que nos deixamos enganar.
Mais uma vez somos encorajados a fazer o que está ao nosso
alcance para esta vitória:
– O fortalecimento na oração e sacramentos.
– A fuga das ocasiões.
A santa Missa é o lugar por excelência para viver em
intimidade com Deus: escutando a Sua Palavra e recebendo-O sacramentalmente.
Que a Mãe de Deus e nossa Mãe nos ajude e ensine a fazê-lo.
Fonte: presbiteros.com.br
Foto retirada da internet
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