Primeira Leitura
Vaidade das vaidades tudo é vaidade. O autor sagrado
avisa-nos para não pormos o nosso coração nas coisas terrenas.
A leitura é tirada do livro cujo título grego latinizado é
Eclesiastes, um livro que agora costumamos chamar com o título hebraico,
Coélet, que significa «aquele que convoca a assembleia». No entanto a Nova
Vulgata adopta o título grego por ser o tradicional no cânone cristão. Este
livro nunca é citado ou aludido no Novo Testamento, pois, como comenta Muñoz
Iglesias, «à luz do sol do meio dia já não se veem as estrelas». No entanto, os
rabinos usaram-no muito (cf. Pirkê Abot ou Sentenças dos Padres), por
apreciarem na obra o convite ao gozo moderado dos bens deste mundo e à alegria,
por isso era lido por ocasião das celebrações jubilosas da festa dos
Tabernáculos.
1, 2 «Vaidade das vaidades, tudo é vaidade!» Este é o tema
do livro: a vaidade ou caducidade absoluta de todas as coisas deste mundo
(note-se o superlativo hebraico, expresso com o genitivo «das»), bem como a
inutilidade de todas as canseiras humanas para alcançar a felicidade.
2, 22 «Que aproveita ao homem todo o seu trabalho?» Uma
consideração mais superficial desta e de outras afirmações do livro poderia
levar a pensar que o autor propugna uma visão pessimista do trabalho e da vida
humana, refugiando-se por vezes numa atitude céptica e hedonista. Mas o autor,
acima de tudo, recorre a uma fina ironia para pôr em causa todas as seguranças
humanas. Muitas das suas afirmações entendem-se melhor como perguntas retóricas
– que fazem pensar no sentido da vida –, do que como uma resposta a problemas
humanos, para os quais ele não tem ainda uma resposta completa.
Segunda Leitura
S. Paulo anima-nos a olhar para as coisas do alto, nós que ressuscitámos
com Cristo pelo batismo. Para vivermos com Ele uma vida nova.
Continuamos a ter como 2ª leitura excertos seguidos da
Epístola aos Colossenses, cuja leitura se iniciou já no Domingo 15º. Depois de
na 1ª parte da epístola (1,15 – 2,23) ter abordado o tema da fé em Cristo,
Senhor de toda a Criação, S. Paulo passa agora, na 2º parte (3,1, – 4,6), a
expor uma série de consequências morais que tem para a vida do cristão o facto
de este participar, pelo Baptismo, no domínio de Cristo sobre todas as coisas.
1-2 «Aspirai às coisas do alto… afeiçoai-vos…». Este apelo
corresponde ao incitamento que, na Santa Missa, a Igreja sempre nos repete:
Corações ao alto!
3-4 «Vós morrestes». Cf. Rom 6. A nossa união a Cristo
pressupõe a morte para o pecado, que não pode reinar mais em nós. Com Cristo
morto pelos nossos pecados, morremos para o pecado; com Cristo ressuscitado,
vivamos vida de ressuscitados! É a vida da graça, uma vida toda interior,
«escondida» no centro da alma, vida que ninguém pode arrebatar, vida que é toda
feita de presença de Deus e de visão sobrenatural, levando-nos a santificar
todos os afazeres diários, trabalhando com os pés bem firmes na terra, mas o
coração e o olhar fixos no Céu.
9-10 «Vos despojastes do homem velho… vos revestistes do
homem novo… à imagem do seu Criador». É o homem santificado pela ação redentora
de Cristo, dotado duma nova vida, que é a vida sobrenatural, a vida da graça,
na qual deve ir progredindo sempre: «se vai renovando» (v.10). De facto, pela
graça, o homem torna-se «uma nova criatura» (Gal 6,15), recriado – como na
criação inicial – «à imagem de Deus» (cf. Gn 1,27). A Redenção não é pois algo
meramente extrínseco, mas algo que nos transforma interiormente; a graça faz-nos
«filhos de Deus» (cf. Jo 1,12; 1 Jo 3,1-2; Rom 8,14-15.29) e «participantes da
própria natureza divina» (2 Pe 1,4). Mas este ideal tão elevado só se pode
concretizar pela mortificação – «fazendo morrer o que em vós é terreno» (v. 5)
–, isto é, com o domínio das paixões desordenadas que há dentro de nós.
Evangelho
Jesus ensina-nos a aproveitar bem a nossa vida neste mundo
sem pormos a nossa segurança nas coisas terrenas, que deixaremos mais depressa
do que pensamos.
Era costume recorrer à arbitragem de um rabino para decidir
em questões de partilhas de bens, como esta a que se refere o texto evangélico.
Então porque é que Jesus se nega terminantemente a prestar ajuda a um homem que
lhe pede socorro, talvez até vítima da injustiça? Não basta dizer que o homem
tinha já o suficiente para viver e, por isso, Jesus não quereria ajudá-lo a
alimentar a cobiça que o dominaria (cf. v. 15). A atitude de Jesus revela a
natureza da sua missão e torna-se paradigmática: a missão de Jesus é uma missão
salvadora, que não tem como objetivo a resolução técnica dos diversos problemas
temporais dos homens; limita-se a apontar claramente os princípios superiores
de ordem moral que, ao serem assumidos responsavelmente, conduzem com eficácia ao
bem integral do ser humano. Este indivíduo recorreu a Jesus como juiz de
partilhas; Jesus apresenta-se como o Mestre da Verdade que salva, libertando o
homem de cair nas malhas da ambição, do egoísmo e do pecado; assim Ele aponta
critérios do mais elementar bom senso humano – «a vida de uma pessoa não
depende da abundância dos seus bens» (v. 15) -, assim como critérios do mais
elevado sentido sobrenatural da fé – «tornar-se rico aos olhos de Deus» (v.
21), «dando os bens em esmola» (v. 33).
16-20 A parábola do rico insensato põe a nu a loucura do
homem que vive de cálculos para gozar esta vida, esquecendo que esta não lhe
pertence e lhe pode ser tirada repentinamente. Vem bem a propósito o que diz S.
Paulo na 2ª leitura de hoje: «Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra»
(Col 3, 2).
Sugestões para a Reflexões
1) Se ressuscitastes com Cristo
Na segunda leitura S. Paulo lembra-nos que pelo batismo
morremos com Cristo para o pecado. Com Ele ressuscitámos para uma vida nova, a
vida da graça, a vida de filhos de Deus.
Temos de viver como homens novos. Temos de ter os olhos
postos nas coisas do céu, onde queremos chegar, para viver com Cristo para
sempre. O cristão tem de aspirar às coisas do céu e não às da terra. Tem
necessidade destas e tem de saber usá-las de modo que nunca o estorvem de
chegar ao céu.
Com a crise económica muitos tiveram a triste experiência
que as riquezas nos podem facilmente fugir das mãos. Talvez Deus tenha
permitido esta crise para que muitos possam abrir os olhos e reorientar a sua
vida.
O mundo ocidental deixou-se invadir por uma onda de
materialismo. O que conta são as coisas materiais e os prazeres que podem proporcionar.
É o chamado hedonismo, a procura dos prazeres imediatos, como se eles fossem a
verdadeira felicidade.
Vivemos num mundo paganizado, em que conta apenas o material
e em que Deus não tem lugar. Voltámos à situação da antiga Roma no tempo de Jesus.
Pão e jogos era o que pedia o povo romano ao imperador. É a situação própria
das civilizações decadentes, por causa da abundância dos bens materiais, que
trazem com eles os vícios e a corrupção.
João Paulo II falou muitas vezes da necessidade de a Europa
voltar às suas raízes cristãs. Senão é como árvore que seca e morre. Temos de
ser nós cristãos a realizar essa tarefa, a reafirmar o primado do espiritual.
Temos de levar Cristo e a Sua mensagem a todos os lugares da terra, a começar
pelo mundo à nossa volta.
Assim fizeram os primeiros cristãos em todo o Império
Romano. Os mártires iam para a arena a cantar, desprezando a própria vida e os
bens materiais que perdiam. Deixavam espantados os pagãos, já desiludidos e às
vezes mesmo embrutecidos pelos prazeres terrenos.
E muitos daqueles espectadores se converteram à fé cristã,
desejosos de encontrar a alegria daqueles homens e mulheres e até crianças, que
desprezavam as coisas terrenas porque tinham a esperança posta mais alem Uma
esperança que os enchia desde já de segurança e de alegria. Porque se apoiava
na fé e no amor a Jesus por Quem ofereciam o seu sangue.
Vaidade das vaidades tudo é vaidade. As coisas terrenas são
vãs, são ocas, são bolas de sabão. Não podemos andar atrás delas como os
miúdos.
Com a festa da Assunção de Nossa Senhora a Igreja anima-nos
a pôr os olhos na meta, onde queremos chegar.
2) Insensato
No Evangelho, Jesus fala do homem rico que pensava que, por
ter muitos bens, já tinha a vida garantida. Insensato! Esta noite virei pedir a
tua vida. São loucos os que põem a sua segurança nos bens terrenos e afastam de
Deus o coração.
Só Deus é Deus e só nEle havemos de procurar a nossa
felicidade.
Quem tem Deus tem tudo. A nossa riqueza está em Deus. Ele é
fonte de todos os bens e a nossa felicidade. Santo Agostinho, que vamos
celebrar neste mês, andou até aos trinta cinco anos afastado de Deus. Depois
converteu-se ajudado pelas orações e lágrimas de sua mãe, Santa Mónica.
Ao contar a sua vida, no livro das Confissões, exclamava:
«Senhor fizestes-nos para Ti e o nosso coração anda inquieto enquanto não
descansa em Ti» (Confissões 1,1).
Não vivamos como insensatos: «Fazei morrer em vós o que é
terreno: imoralidade, impureza, paixões, maus desejos e avareza, que é uma
idolatria» (2ª leit.). Temos de nos guiar pelos ensinamentos de Jesus. Temos de
tomar a sério os Seus mandamentos.
Sem cair na tentação do relativismo, para o qual Bento XVI
tem chamado tantas vezes a atenção. Como se tudo desse na mesma. Como se
pudéssemos caminhar à toa pela vida fora.
O mundo de hoje é um mundo de confusões. Para legitimar as
suas desordens querem chamar bem ao mal e mal ao bem. Para muitos a verdade não
conta para nada. O que valem são as opiniões dos falsos sábios e dos seus
grupos de pressão.
3) Sabedoria do coração
O Espírito Santo com os Seus dons ensina-nos a dar o devido
valor às coisas deste mundo. O dom da ciência leva-nos a apreciar devidamente o
valor das coisas. Um diamante e um monte de carvão de pedra são da mesma
natureza. O diamante, carvão cristalizado, que mal se vê, vale mais que
toneladas de carvão.
Temos de pedir esta esperteza ao Divino Paráclito. Para
podemos descobrir os pequenos diamantes em nossa vida de cada dia: aceitar com
alegria uma contrariedade para oferecê-la ao Senhor, renunciar a um capricho ou
a uma pequena satisfação pessoal para dizer a Jesus que O amamos. Saber
levantar-nos à hora certa, deixar aquele trabalho bem acabado, ter uma palavra
amável com quem nos incomoda. E tantos outros.
Esta sabedoria de coração consegue-se meditando na vida e na
morte. «Ensinai-nos a contar os nossos dias para chegarmos à sabedoria de
coração» (Salmo).
Hoje muitas pessoas não têm tempo para pensar. A televisão,
o rádio, a agitação da vida não lhes deixam tempo e disposição para encarar a
realidade da vida. Alguém dizia que muitos só abrem os olhos quando estão para
morrer, mas têm de fechá-los logo de seguida. Já nada podem remediar.
Temos de ser valentes para fazer silêncio dentro de nós,
saber enfrentar-nos com valentia com a realidade da nossa vida, estar dispostos
a corrigir o que está mal. Com a certeza que podemos contar com o perdão de
Deus e com a Sua graça para começar uma vida nova, se é preciso.
Para muitos uns dias de retiro espiritual foram a
oportunidade para abrirem os olhos e encarar a vida com verdadeiro realismo.
Precisamos de tempo para a oração, sabendo pôr-nos a sério
diante de Deus, falar-Lhe sem medo, cheios de confiança e humildade.
Abrindo-lhe o nosso coração com sinceridade. E dizendo-Lhe como o salmista:
«Ensinai-nos a contar os ossos dias para chegarmos à sabedoria de coração»
(Salmo).
Que a Virgem nos ensine a cumprir prontamente a vontade de
Deus e a meditar a Sua Palavra e os acontecimentos da nossa vida em nosso
coração, como Ela soube fazer.
Fonte: presbiteros.com.br
Foto retirada da internet
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obrigado.
Não existe o conceito de grau no idioma hebraico. A falta disso, revelada mais tarde, fazia com que o escriba usasse a repetição da palavra com o seu genitivo: "eternidade"= "século dos séculos" "santíssimo"= "santo dos santos". O idioma é mais rudimentar e tinha alguns verbos que serviam a dois significados: "eu sou" e "eu vivo" são o mesmo verbo: "javé" mas os protestantes, que agora gostam de se dizer "evangélicos" dizem por ignorância que o nome de Deus é "impronunciável" porque o escrúpulo dos escribas fazia com que não colocassem vogais no nome "Javé" que era mantido com a mesma grafia do início no Exodo.
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