8,1-10
– Pagão também é gente!
1. Naqueles dias, como fosse novamente numerosa a multidão,
então tivessem o que comer, Jesus convocou os discípulos e lhes disse: 2. Tenho
compaixão deste povo. Já há três dias perseveram comigo e não têm o que comer.
3. Se os despedir em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho; e alguns
deles vieram de longe! 4. Seus discípulos responderam-lhe: Como poderá alguém
fartá-los de pão aqui no deserto? 5. Mas ele perguntou-lhes: Quantos pães
tendes? Sete, responderam. 6. Mandou então que o povo se assentasse no chão.
Tomando os sete pães, deu graças, partiu-os e entregou-os a seus discípulos,
para que os distribuíssem e eles os distribuíram ao povo. 7. Tinham também
alguns peixinhos. Ele os abençoou e mandou também distribuí-los. 8. Comeram e
ficaram fartos, e dos pedaços que sobraram levantaram sete cestos. 9. Ora, os
que comeram eram cerca de quatro mil pessoas. Em seguida, Jesus os despediu.
10. E embarcando depois com seus discípulos, foi para o território de
Dalmanuta.
Notamos que o
milagre da multiplicação dos pães (6,34ss), acontece novamente quase igual ao
primeiro, Jesus e a multidão, a compaixão, o serviço dos discípulos, a
organização do povo. Duas pequenas alterações, mas de grande significado. A
primeira multiplicação aconteceu em território judeu, agora é a vez dos pagãos.
Pagão também é filho de Deus. Para os judeus o número foi o doze, representando
as doze tribos de Israel, já para os pagãos vêm o sete, e nós sabemos que ele é
o sinal da perfeição, da plenitude. Conclusão: A Boa Nova só estará plenamente
implantada quando todos os povos reconhecerem que vivem sob o Senhorio de um
único Deus. O Reino de Deus é para todos.
8,11-13
– A Cruz é o nosso maior sinal
11. Vieram os fariseus e puseram-se a disputar com ele e
pediram-lhe um sinal do céu, para pô-lo à prova. 12. Jesus, porém, suspirando
no seu coração, disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo:
jamais lhe será dado um sinal. 13. Deixou-os e seguiu de barca para a outra
margem.
(“Jesus, porém, suspirando no seu coração, disse:...” v.12)
Na tradução da TEB diz que Jesus soltou um “profundo suspiro”, agora pensa
comigo: será que Jesus estava profundamente decepcionado com a falta de fé dos
fariseus, ou não estava mais aguentando as investidas tolas e demoníacas de
querer tentá-Lo.
Já
percebeu que a caminhada de Jesus é sempre acompanhada de perto pelos fariseus,
que durante um milagre ou um ensinamento há sempre a interpelação de um doutor
da Lei. Acredito que eles mais do que ninguém, até pelo fato que terem o
conhecimento da interpretação, deveriam saber e conhecer os prodígios de Jesus,
e que só uma pessoa que estivesse em plena comunhão com Deus poderia
realizá-los.
A idéia
que se tem é que eles estavam agindo como muitos agem ainda hoje, querendo um
Jesus milagreiro, que realiza a nossa vontade e na hora em que desejamos. Teria
sido este o motivo que levou Jesus a dar as costas e seguir para o outro lado. Será
a oração do “Deus não escuta minhas palavras”, “Jesus se esqueceu de mim”, que
faz com que pessoas busquem Deus na melhor oferta.
8,14-21
– É hora de acordar!
14. Aconteceu que eles haviam esquecido de levar pães consigo.
Na barca havia um único pão. 15. Jesus advertiu-os: Abri os olhos e
acautelai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes! 16. E eles comentavam
entre si que era por não terem pão. 17. Jesus percebeu-o e disse-lhes: Por que
discutis por não terdes pão? Ainda não tendes refletido nem compreendido?
Tendes, pois, o coração insensível? 18. Tendo olhos, não vedes? E tendo
ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais mais? 19. Ao partir eu os cinco pães entre
os cinco mil, quantos cestos recolhestes cheios de pedaços? Responderam-lhe:
Doze. 20. E quando eu parti os sete pães entre os quatro mil homens, quantos
cestos de pedaços levantastes? Sete, responderam-lhe. 21. Jesus disse-lhes:
Como é que ainda não entendeis?...
Se você está
procurando lugar na cruz para crucificar os discípulos devido à falta de fé e
por terem o coração tão fechado, é bom reservar mais dois espaços, um para mim
e outro para você.
Amado(a), quantas
vezes já fizemos a mesma pergunta para Jesus, todas as ocasiões em que nos deparamos
com uma provação, e não precisa ser muito grande, basta uma poça d’água para
começarmos a pensar em afogamento. Se olharmos em profundidade para dentro de
nós, tenha certeza, somos mais incrédulos que eles. Parece brincadeira o que
vou dizer, mas nós conhecemos muito mais de Deus e de Jesus, do que qualquer um
dos discípulos conhecia.
Devido à atitude de
descrença dos discípulos Jesus faz uma severa advertência: “Cuidado!
Guardai-vos do fermento dos fariseus...” (v.15). Antes de julgarmos que Jesus
não disse coisa com coisa, e bom saber que para nós o fermento é um ingrediente
bom e necessário, faz render a massa e deixa um bolo bonito. Acontece que na
época, para o povo judeu era bem diferente, o “fermento dos fariseus” estava
ligado a “doutrina dos fariseus”, representava à corrupção, a falsidade, a
hipocrisia e por ai vai.
A partir do v.17
começamos a perceber que Jesus está também perdendo a paciência com os
discípulos da mesma forma que perdeu com os fariseus, chega ao ponto de
recordar as suas últimas ações, como quem diz: “Está na hora de acordar, tira a
venda dos olhos e vê se me enxerga por inteiro”. Em quantas enrascadas você já
se meteu? Quantas vezes Jesus foi ao fundo do poço para te resgatar? Até quando
vamos continuar desconfiando? Será que não vamos compreender nunca? Até quando
vamos esperar que Jesus solte foguetes para anunciar que ele faz parte de nossa
vida?
8,22-26
– A cura é do cego ou dos discípulos?
22. Chegando eles a Betsaida, trouxeram-lhe um cego e
suplicaram-lhe que o tocasse. 23. Jesus tomou o cego pela mão e levou-o para
fora da aldeia. Pôs-lhe saliva nos olhos e, impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe:
Vês alguma coisa? 24. O cego levantou os olhos e respondeu: Vejo os homens como
árvores que andam. 25. Em seguida, Jesus lhe impôs as mãos nos olhos e ele
começou a ver e ficou curado, de modo que via distintamente de longe. 26. E
mandou-o para casa, dizendo-lhe: Não entres nem mesmo na aldeia.
Alguns pontos nos
chamam a atenção nesta narrativa; as curas operadas por Jesus tem efeito
imediato, algumas ocorrem só com o tocar na sua túnica, acontecem no meio do
empurra-empurra, bem diferente desta que houve todo um ritual e mesmo assim,
não se deu na primeira tentativa. Outro dado interessante é que só o
Evangelista Marcos relata está cura e se você olhar o antes e o depois, ela
está como um divisor de águas, antes vem a duvida que permeia a vida dos
apóstolos, e depois a profissão de fé de Pedro. Diante do exposto pergunto:
Jesus estava curando o cego ou os discípulos?
Iniciemos com uma certeza,
diante da multidão que se acotovelava Jesus escolheu doze que seriam os
responsáveis pela divulgação da Boa Nova, uma missão árdua que só poderia ser
exercida por pessoas verdadeiramente conscientes dos riscos, das dores e das
dificuldades que iriam correr. Indivíduos dispostos a largar tudo, e que
tivessem como mola propulsora a fé e o amor. O que alimenta o amor
incondicional é a fé em alguém que conhecemos na integra. Jesus precisava se
revelar por inteiro para seus escolhidos. Vamos reler o texto sagrado
substituindo o cego pelos discípulos e ver o acontece.
“Jesus tomou os discípulos pela
mão e levou-os para fora da aldeia”: É sempre assim, quando vai ensinar-lhes toma-os a parte, lembra das
explicações das parábolas, e conduzi-los pela mão significa não permitir que tropecem,
que caiam nas armadinhas dos fariseus. “Pôs-lhes saliva nos olhos”: Os discípulos necessitam desapegar-se da visão deturpada
de que o Messias prometido seria um dominador e que iria restituir o poder de
Israel pela força, destronando os poderosos. “O fruto da luz consiste em
bondade, justiça e verdade”. (Ef 5,9) “impondo-lhes
as mãos”: Para a implantação do Reino de paz, Jesus capacita seus
escolhidos não com o poder de subjugar, como faziam os sacerdotes, mas sim com
o poder de libertar. “Vejo os homens
como árvores que andam”: Acontece que estavam tão enraizados nos moldes de
sua época, que mesmo convivendo com aquele que é o justo Juiz, que testemunhava
não só com palavras, mas principalmente com ações, que curava e libertava, os
discípulos não atentavam ao fato que Jesus era o verdadeiro Deus que tinha
poder sobre todas as coisas. “ficaram
curados, de modo que viam distintamente de longe”: A segunda imposição de
mãos, o contato mais profundo com o criador, com aquele que é a luz do mundo, é
aquela que arranca de uma vez por todas a catarata que impedia a chegada dos
raios luminosos da verdadeira Salvação. “Não entrem nem mesmo na aldeia”: O alerta que
Jesus fez ao cego, aos discípulos e a nós é simples e direto. Uma vez curados,
uma vez revestidos de Cristo, devemos fugir de toda situação de pecado, não
devemos nos deixar conduzir pelos ídolos, (e nós sabemos quem são nossos ídolos
hoje) devemos seguir sempre na direção da Luz. Como disse São Paulo aos
Efésios: “Desperte, você que está dormindo. Levante-se dentre os mortos, e
Cristo o iluminará”. (Ef 5,14b) Todos nós precisamos ser curados da cegueira
espiritual.
8,27-33
– Que tipo de Messias é o seu?
27. Jesus saiu com os seus discípulos para as aldeias de
Cesaréia de Filipe, e pelo caminho perguntou-lhes: Quem dizem os homens que eu
sou? 28. Responderam-lhe os discípulos: João Batista; outros, Elias; outros, um
dos profetas. 29. Então perguntou-lhes Jesus: E vós, quem dizeis que eu sou?
Respondeu Pedro: Tu és o Cristo. 30. E ordenou-lhes severamente que a ninguém
dissessem nada a respeito dele. 31. E começou a ensinar-lhes que era necessário
que o Filho do homem padecesse muito, fosse rejeitado pelos anciãos, pelos
sumos sacerdotes e pelos escribas, e fosse morto, mas ressuscitasse depois de
três dias. 32. E falava-lhes abertamente dessas coisas. Pedro, tomando-o à
parte, começou a repreendê-lo. 33. Mas, voltando-se ele, olhou para os seus
discípulos e repreendeu a Pedro: Afasta-te de mim, Satanás, porque teus
sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens.
Jesus inicia uma
nova fase em sua missão, desta vez uma catequese mais voltada para os
discípulos. Às conversas que se desenrolam nos próximos versículos nos dão a
certeza que sua curiosidade estava centrada em como ele era visto pelos
discípulos e não pelos homens.
Atente para um
detalhe, o Messias era o Redentor aguardado pelos judeus, acontece que ele não
era esperado por um grupo coeso, apesar de todos serem judeus eram grupos que
viviam realidades diferentes. Os fariseus assim como os sacerdotes queriam um
Messias que impusesse uma plena execução da Lei, os profetas tinham a visão de
um Deus triunfante que seria ovacionado por todos, e o que dizer dos zelotas, (um
grupo radical e fanático) com certeza queria um messias que destituísse de
imediato o poder romano e de preferência na base da violência. Creio que já deu
para entender onde quero chegar.
Que tipo de Messias
seria o de Pedro? Será que ele já estava falando a mesma linguagem de Jesus? É
evidente que não, a ficha ainda não caiu, os discípulos ainda não conseguiam
assimilar a ideia de que Deus pudesse ser tão humano, como o Salvador se
deixaria humilhar a esse ponto. Doravante Jesus irá falar abertamente, explicar
as entrelinhas, dar pleno conhecimento para que eles entendam definitivamente
que toda mudança exige dor, renuncia e sacrifício.
Pedro tenta deter
Jesus, baseando-se simplesmente em um sentimento puramente humano, desprezando
completamente a missão salvífica do verdadeiro Messias que é garantir a
liberdade para que o povo possa exercer um genuíno exercício da fé, mesmo que
para isso tenha de dar a própria vida. Quem não está com Deus é porque está
contra ele. A atitude de Jesus em chamar Pedro de satanás não atesta que ele
fosse ou estivesse possuído pelo satanás, mas que aquela forma abominável de
pensar é contraria a vontade do Pai, e não pode encontrar morada no coração de
um seguidor de Jesus.
8,34-38
– Temos um intercessor diante do Pai
34. Em seguida, convocando a multidão juntamente com os seus
discípulos, disse-lhes: Se alguém me quer seguir, renuncie-se a si mesmo, tome
a sua cruz e siga-me. 35. Porque o que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á;
mas o que perder a sua vida por amor de mim e do Evangelho, salvá-la-á. 36.
Pois que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua
vida? 37. Ou que dará o homem em troca da sua vida? 38. Porque, se nesta
geração adúltera e pecadora alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras,
também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai
com os seus santos anjos.
Aqui Marcos
apresenta um texto que deságua em duas vertentes, primeiro o ensinamento em sua
forma literal, ou seja, Jesus anunciando que é necessário romper
definitivamente com o sistema vigente, e que segui-Lo não trará benefícios
nesta vida, pelo contrario, implicará em dor e talvez até a morte. Mas também revela
que estará conosco até a eternidade e será junto ao Pai o nosso intercessor.
Agora, como aplicar
essa passagem em nosso dia-a-dia. Vejamos, se você adere a uma agremiação certamente
irá adquirir o uniforme, participará de todos os eventos, divulgará para todos
às maravilhas que ela realiza, irá defendê-la fervorosamente, pois bem, seguir
Jesus não será diferente.
Em primeiro lugar devemos
nos revestir de Cristo, ou seja, imitá-Lo em todos os sentidos, devemos ter
como meta principal a vivência e o anuncio da Palavra a todas as criaturas, as
nossas necessidades mundanas deverão ficar em segundo plano quando confrontadas
com o chamamento do Reino, ter a convicção de que viver em Cristo é amar o
inimigo, é participar da dor do irmão, é saber não estamos isentos das
investidas do demônio. Devemos testemunhar a nossa fé e defendê-la a qualquer
custo, pois só assim teremos um defensor diante do Pai.
Texto:
Ricardo e Marta
Revisão:
Padre Rivaldo
Foto retirada da internet
caso seja o autor, por favor, entre em contato para citarmos o credito.
Bibliografia: - Atlas Bíblico (Wolfgang
Zwicket - Ed. Paulinas) - Bíblia Tradução Ecumênica (Ed. Loyola) - Bíblia
Sagrada Pastoral (Ed. Paulus) - Bíblia Ave-Maria (Ed. Ave-Maria) - Dicionário
Bíblico (Ed. Paulus) - Dicionário de Símbolos (Ed. Paulus) - Coleção como ler
(Ed. Paulus)
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obrigado.
A 2ª pessoa da Trindade Divina veio ao mundo como um homem em tudo. Ele precisava ter uma vida de homem mesmo. Os milagres não mudam isso pois Ele mesmo disse que "vós também farão e farão obras maiores do que estas". Porém exibição de poder (os tais sinais pedidos) já o colocariam como acima dos homens por isso Ele não aceitava fazer durante aquela missão. Os fariseus deram a Jesus uma alegria grande quando eles mesmos disseram: "é por uma blasfêmia, por que és apenas um homem e te fazes.." Enquanto não tinha pecado não conseguiam matá-lo. Foi preciso Ele assumir os pecados da humanidade, tornando-se pecador e maldito, para ser possivel provar a morte, a pior morte, como holocausto oferecido em paga dos do homem. Ele assumiu nossa culpa, tanto dos que o precederam quanto dos que deveriam sucede-lo. Ele fará a exibição de poder DEPOIS, todos verão.
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