segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

5º Domingo Comum Ano “B” Marcos - Enfermidade e cura

Primeira Leitura: Jó 7,1-4.6-7 - Salmo 146,1-2.3-4.5-6 (R. Cf. 3a) - Segunda Leitura: 1Cor 9,16-19.22-23 - Evangelho Mc 1,29-39

Enfermidade e cura

A enfermidade e o sofrimento que acompanham nossa vida geram um estado de temerosa insegurança. Encarnam a fraqueza e a fragilidade humana, sujeitas à eventualidade do inesperado e do imprevisível. Esta condição humana contrasta com o desejo de absoluto, de estabilidade e de segurança que pervade todo homem, e torna a existência do homem pouco desejável (1ª leitura). 

O homem apresentado pela Bíblia também anda à procura da causa desta situação. Num mundo onde a realidade é continuamente referida a Deus, a doença e as desgraças não são exceção: São vistas como um golpe de Deus que fere o homem. Por um movimento espontâneo, o senso religioso do homem estabelece uma ligação entre doença e pecado, mais no plano coletivo que no pessoal.

Sofrer não é pagar uma pena

À medida que se torna mais profunda a fé de Israel, surgem interpretações mais complexas. A enfermidade não está necessariamente ligada a um pecado pessoal; pode ser também uma provação providencial enviada por Deus para consolidar a fidelidade de seus amigos. É o caso de Jó. Mais profundamente ainda: a doença aparecerá um dia como meio de purificação das faltas, e frequentemente como meio de afirmação do Espírito sobre a matéria. A reflexão messiânica fará eco a esta concepção; o Messias, que inaugurará os últimos tempos, terá o aspecto do Servo sofredor que toma sobre si nossas enfermidades e as cura por suas feridas. Quando chegarem os últimos tempos, e o Espírito de vida houver renovado a terra, a doença desaparecerá definitivamente. Quando os profetas descrevem o advento do Reino, falam de cura das doenças incuráveis: os coxos andarão, os cegos recuperarão a vista etc...

A cura é um sinal

Por isso, a libertação dos endemoninhados e a cura dos doentes, operadas por Cristo, são sinal de que chegaram os últimos tempos e de que o Reino de Deus está no meio de nós (evangelho). A cura não é o ato de um taumaturgo, mas o ato do salvador dos homens; é, de certo modo, a antecipação da vitória decisiva, da qual já participa aquele que crê; a vitória do homem novo que, sob a ação do Espírito Santo, faz com que todas as coisas voltem à sua verdade, conforme o desígnio do Pai. A cura das doenças toma então o valor de sinal; orienta nosso olhar para uma restauração global do homem e do cosmos; torna-se um momento da ação salvífica de Cristo; significa a cura radical que toda a criação alcança em Cristo.

Um novo modo de pedir a Deus

A experiência de uma enfermidade ou de uma situação de perigo pertence à da bagagem de todo homem. Numa sociedade secularizada não existe o dilema entre dirigir-se ao médico ou recorrer à oração e acender uma vela. Isto não quer dizer que tenha desaparecido a religiosidade ou que seja sintoma de ateísmo. Talvez se tenha simplesmente mudado o modo de encontrar-se com Deus.

O mundo foi confiado ao homem para que o transforme, construindo uma realidade sempre mais humana através da ciência e da organização social, que constituem o instrumento e as modalidades de transformação. Esta tarefa se insere no quadro da relação Deus-homem e a ciência se torna seu lugar de encontro. E o é porque o homem, enquanto artífice no meio das realidades terrestres, se torna colaborador de Deus, e a ciência é a nova síntese baseando-se nos elementos do "criado-por-Deus". A ciência, pois, longe de afastar de Deus, aproxima mais profundamente dele, pelo respeito ao homem.

No quadro da fé, Cristo é libertador-vencedor da morte por sua ressurreição. Sua vitória é radical, mas em estado potencial. Cabe ao homem "novo" tornar consistente esta vitória de Cristo. Vencer a doença pela pesquisa científica significa "viver a ressurreição de Cristo". A libertação da moléstia, que a ciência realiza, assume uma significação particular no contexto do símbolo da libertação radical. Debelar uma enfermidade, eliminar uma praga social, é símbolo-sacramento da libertação para a qual o Pai conduz a humanidade.

Fonte: Missal Dominical - Paulus

Fique com Deus e sob a proteção da Sagrada Família
Ricardo Feitosa e Marta Lúcia  
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