Quando o Senhor prometeu-nos a salvação (Gn 3,15), isto é,
de nos enviar da mulher, um Salvador, com certeza, estava afirmando também que,
uma vez resgatados ao seio do seu amor, devolveria aos nossos corações o seu
Espírito que outrora, nos fora suprimido por causa do pecado (Gn 6,3). Por
isso, no tempo da plenitude, no qual ainda estamos Zaqueu exultou de alegria ao
ouvir do Senhor Jesus estas palavras: “Hoje entrou a salvação nesta casa,
porquanto também este é filho de Abraão”. Pois o Filho do homem veio procurar e
salvar o que estava perdido (Lc 19,9-10).
1. Quais foram às
promessas que o Senhor nos fez sobre o envio do Espírito Santo aos nossos
corações?
Com certeza são muitas; mas vejamos algumas que se encaixem
melhor em nossa compreensão.
Falando da libertação de Israel, o Senhor nos diz: “Sobre os
planaltos desnudados, farei correr água, e brotar fontes no fundo dos vales.
Transformarei o deserto em lagos e a terra árida em fontes”. (Is 41,18).
Na verdade ele nos prometeu começar derramando seu Espírito
sobre o Salvador prometido.
“Eis que o meu servo, eu o ampararei; o meu escolhido, no
qual a minha alma pôs a sua complacência. Sobre ele derramarei o meu espírito,
ele espalhará a justiça entre as nações”. (Is 42,1).
Através do profeta Ezequiel e Joel, falando sobre a
renovação do seu povo, o Senhor fez, também para nós, granes promessas:
“Derramarei sobre vós uma água pura, sereis purificados de
todas as vossas imundícies, purificar-vos-ei de todos os vossos ídolos”.
Dar-vos-ei um coração novo e porei um novo espírito no meio de vós; tirarei da
vossa carne o coração de pedra e dar-vos-ei um coração de carne. Porei o meu
espírito no meio de vós, farei que andeis nos meus preceitos, que guardei as
minhas leis e que as pratiqueis. Habitareis a terra de que fiz presente a
vossos pais; sereis meu povo, e eu serei vosso Deus. (Ez 36,25-28).
“Acontecerá que derramarei o meu espírito sobre toda carne,
e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos serão
instruídos por sonhos e os vossos jovens terão visões”. (Jl 3,1).
Ora, no tempo da plenitude, o Filho de Deus, Jesus Cristo,
nasceu da Virgem Santíssima, pelo poder do Espírito Santo (Gl 4,4; Mt 1,20) e,
quando, com trinta anos de idade, foi batizado por João Batista, no Jordão, o
Espírito de Deus desceu sobre Ele em forma corpórea de pomba, e o Pai falou do
alto, dizendo: “Este é o meu Filho
amado, no qual pus todas as minhas complacências”. (Mt 3,17b). Então a
promessa de derramar o Espírito Santo sobre o Filho de Deus, acabara de se
cumprir, ali, às margens do rio Jordão.
2. Quanto a nós, que
disse o Senhor Jesus acerca do Espírito Santo?
“Quem crê em mim, como diz a Escritura; do seu interior
manarão rios de água viva”. (Jo 7,38).
O Senhor Jesus instrui seus discípulos sobre a missão
apostólica e os advertiu sobre muitas coisas. Entre elas, que seriam entregues
às autoridades, mas que não se preocupassem sobre o que haviam de dizer;
“porque o Espírito do vosso Pai é o que falará em vós”. (Mt 10,19-20; Lc
12,12).
Ora, o Espírito Santo é o comunicador da sabedoria divina,
do amor de caridade do Pai e do Filho, e da santificação de que necessitamos
para ver a Deus. (Hb 12,14).
Assim, a missão específica do Espírito de Deus em nós é
ensinar, repreender, corrigir, recordar e formar na justiça, para que sejamos
perfeitos e aptos para toda obra que nos seja confiada por Deus. (II Tm
3,16-17).
Dessa forma, pelo batismo de regeneração e renovação do
Espírito Santo (Tt 3,5) seremos. se quisermos ser santificados no amor curador
e misericordioso do Pai e do Filho.
Não é verdade que aqueles que experimentam a redenção
liberativa do sangue de Cristo são santificados pelo Espírito Santo, para o
Senhor?
“Pedro disse-lhes: Fazei penitência e cada um de vós seja
batizado em nome de Jesus Cristo para a remissão de vossos pecados; recebereis
o dom do Espírito Santo. Porque a promessa é para vós, para os vossos filhos,
para todos os que estão longe e para quantos nosso Deus chamar”. (At 2,38-39).
3. Que disse o Senhor
aos seus apóstolos antes de sua ascensão aos céus?
“Eu vou mandar sobre vós o (Espírito Santo) prometido por
meu Pai; entretanto permanecei na cidade, até que sejais revestidos da virtude
do alto” (Lc 24,49).
Ora, para isto, o Senhor Jesus havia dito que rogaria ao Pai
em favor dos que guardassem os seus mandamentos, e lhes seria dado outro
Paráclito para ficar com eles para sempre. (Jo 14,15-16).
Nesse sentido, Jesus Cristo, conforme narrou S. Lucas nos
atos dos apóstolos, acrescentou: “João, na verdade, batizou em água, mas vós
sereis batizados no Espírito Santo, daqui há poucos dias”, (At 1,5).
O Senhor Jesus disse isto porque todas as suas testemunhas
terão que ser revestidas da graça que salva (Ef 2,8), da verdade que liberta
(Jo 8,32 e do amor de caridade que cura, purifica e santifica os quantos creem
nele de todo o coração). (Jo 6,47; Jr 29,13).
“Recebereis a virtude do Espírito Santo, que descerá sobre
vós e me sereis testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia, na Samaria e até às
extremidades da terra”. (At 1,8).
4. Por que temos que
ser santificados pelo Espírito Santo?
Porque a grande vocação do cristão é, sem dúvida, retornar
ao estado de graça e santidade que, no princípio, desfrutaram os nossos
primeiros pais, Adão e Eva, no paraíso de delícias; pois é certo que, sem um
coração puro (Mt 5,8) e uma alma santa
(Hb 12,14) jamais veremos o Senhor da vida.
5. Que nos diz o
Antigo Testamento sobre a vocação dos santos?
Que devemos ser santos, como o Senhor nosso Deus é Santo.
Como se pode observar, não há alternativa: “Santos ou santos!”.
“Sereis para mim um reino sacerdotal e uma nação santa.
Estas são as palavras que dirás aos filhos de Israel”. (Ex 19,6).
Alias, São Pedro, em sua carta, exorta-nos a que sejamos
santos!
“A exemplo da santidade daquele que vos chamou sede também
vós santos em todas as vossas ações, pois está escrito: “Sede santos, porque
eu, o Senhor vosso Deus, sou santo (Lv 11,44)”“.
6. Que pede o Senhor
Jesus Cristo aos seus escolhidos?
A perfeição que só existe num coração puro e na alma santa!
Foi um coração e uma alma santa que, no princípio, recebemos através de nossos
primeiros pais, das mãos do Senhor de toda graça e de toda a glória.
“Sede, pois, perfeitos, como também vosso Pai celestial é
perfeito”, (Mt 5,48).
Concluímos, finalmente, que o Pentecostes da Igreja e o
Pentecostes pessoal, de cada um de seus filhos e filhas correspondem ao
cumprimento da promessa do Pai; porque tudo quanto o Senhor Jesus Cristo
resgatou do seio das trevas será ofertado por Ele ao Pai das luzes, e toda
oferenda resgatada, perfeita, santa e acabada, conceda-nos a alegria de ouvir
dos lábios do Senhor de toda glória as mesmas palavras do princípio da criação:
“Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom”. (Gn 1,31).
Texto: João C.
Porto
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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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