O Deus que procuramos é um Deus que pode ser encontrado, mas
não do nosso jeito: tem que ser do jeito Dele. Toda vez que dissermos que
achamos Deus e o encontramos do nosso jeito, corremos o risco de ter encontrado
o sinal e confundido as coisas. Agarramos a placa que apontava para o destino pensando que
ela era o destino. Fizemos como o bêbado que se agarrou à placa que
dizia Belo Horizonte achando que tinha chegado... Há religiosos que se
comportam como aquele bêbado.
Aquela língua de fogo na cabeça dos apóstolos não era o
Espírito Santo: era um sinal que Ele dava. Aquela pomba que pairou sobre Jesus
no dia do seu batismo, não era o Espírito Santo: era um sinal do Espírito Santo
de Deus. Aquele vento forte que soprou no cenáculo não era o Espírito Santo:
era sinal do Espírito Santo. As pessoas têm a tendência de confundir a imagem
da pessoa com a pessoa. Os primitivos confundiam a foto da pessoa com a alma da
pessoa. Muita gente, hoje, confunde as manifestações de Deus com o próprio
Deus, mas são apenas manifestações. São sinais que Deus envia.
É claro que aqueles sinais nascem Dele, mas aqueles sinais
não é Ele. Da mesma forma que eu não sou a palavra que pronuncio, nem a pintura
que pinto, nem a canção que canto: eu sou mais do que tudo isso. As pessoas que
não param para refletir são capazes de confundir alhos com bugalhos. Receberam
um sinal de Deus e dizem que receberam Deus. Viram um sinal que não entenderam
e que poderia ser de Deus e dizem que viram Deus. A sarça ardente que Moisés
viu não era Deus. Era só sinal.
É por isso que no mundo existem muito mais visões do que
aparições. Vê-se muito mais do que aquilo que realmente aconteceu. A
mente humana é muito criativa. É capaz até de criar o que ela gostaria que
existisse. Por isso pode criar uma Nossa Senhora que realmente não apareceu, um
santo que realmente não lhe disse nada, ou o próprio Deus que realmente não se
manifestou. Não confundamos os sinais que estamos procurando, com aquele que
estamos vendo. Mas já é grande coisa sabermos distinguir os sinais. Eles, ao
menos mostram que estamos no caminho certo. Se não nos comportarmos como
bêbados, eles são úteis. O bêbado vai achar que chegou, só porque achou a placa
ou a seta... Procuremos, mas procuremos direito...
Texto: Pe. Zezinho scj
Fonte: Edições Paulinas
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