Cecília nasceu em Roma em 161 ou 162. Aos 13 anos foi
batizada por Urbano, bispo auxiliar do Pontífice. Faleceu entre os anos de 176 e 180.
Padroeira da música e do canto sacro.
Certa vez, o cardeal brasileiro dom Paulo Evaristo Arns assim
definiu a arte musical: "A música, que eleva a palavra e o sentimento até
a sua última expressão humana, interpreta o nosso coração e nos une ao Deus de
toda beleza e bondade". Podemos dizer que, na verdade, com suas palavras
ele nos traduziu a vida da mártir santa Cecília.
A sua vida foi música pura, cuja letra se tornou uma tradição
cristã e cujos mistérios até hoje elevam os sentimentos de nossa alma a Deus.
Era de família romana pagã, nobre, rica e influente, filha de um senador romano.
Estudiosa, adorava estudar música, principalmente a sacra, filosofia e o
Evangelho. Desde a infância era muito religiosa e, por decisão própria, afastou-se
dos prazeres da vida da corte, para ser esposa de Cristo, pelo voto secreto de
virgindade. Os pais, acreditando que ela mudaria de idéia, acertaram seu
casamento com Valeriano, também da nobreza romana. Ao receber a triste notícia,
Cecília rezou pedindo proteção do seu anjo da guarda, de Maria e de Deus, para
não romper com o voto.
Após as núpcias, Cecília contou ao marido que era cristã e do seu
compromisso de castidade. Disse, ainda, que para isso estava sob a guarda de um
anjo. Valeriano ficou comovido com a sinceridade da esposa e prometeu também
proteger sua pureza. Mas para isso queria ver tal anjo. Ela o aconselhou a
visitar o papa Urbano, que, devido à perseguição, estava refugiado nas
catacumbas. O jovem esposo foi acompanhado de seu irmão Tibúrcio, ficou sabendo
que antes era preciso acreditar na Palavra. Os dois ouviram a longa pregação e,
no final, converteram-se e foram batizados. Valeriano cumpriu a promessa.
Depois, um dia, ao chegar em casa, viu Cecília rezando e, ao seu lado, o anjo
da guarda.
Entretanto a denúncia de que Cecília era cristã e da conversão do
marido e do cunhado chegou às autoridades romanas. Os três foram presos, ela em
sua casa, os dois, quando ajudavam a sepultar os corpos dos mártires nas
catacumbas. Julgados, recusaram-se a renegar a fé e foram decapitados.
Primeiro, Valeriano e Turíbio, por último, Cecília.
O prefeito de Roma Turcius Almachius, falou com ela em
consideração às famílias ilustres a que pertenciam, e exigiu que abandonassem a
religião, sob pena de morte. Como Cecília se negou, foi colocada no próprio
balneário do seu palacete, para morrer asfixiada pelos vapores. Mas saiu ilesa.
Então foi tentada a decapitação. O carrasco a golpeou três vezes e, mesmo
assim, sua cabeça permaneceu ligada ao corpo. Mortalmente ferida, ficou no chão
três dias, durante os quais animou os cristãos que foram vê-la a não renegarem
a fé. Os soldados pagãos que presenciaram tudo se converteram.
O seu corpo foi enterrado nas catacumbas romanas. Mais tarde,
devido às sucessivas invasões ocorridas em Roma, as relíquias de vários
mártires sepultadas lá foram trasladadas para inúmeras igrejas. As suas,
entretanto, permaneceram perdidas naquelas ruínas por muitos séculos. Mas no
terreno do seu antigo palácio foi construída a igreja de Santa Cecília, onde
era celebrada a sua memória no dia 22 de novembro já no século VI.
Entre os anos 817 e 824, o papa Pascoal I teve uma visão de Santa
Cecília e o seu caixão foi encontrado e aberto. E constatou-se, então, que seu
corpo permanecera intacto. Depois, foi fechado e colocado numa urna de mármore
sob o altar daquela igreja dedicada a ela. Outros séculos se passaram. Em 1559,
o cardeal Sfondrati ordenou nova abertura do esquife e viu-se que o corpo
permanecia da mesma forma.
A devoção a sua santidade avançou pelos séculos sempre acompanhada
de incontáveis milagres. Santa Cecília é uma das mais veneradas pelos fiéis
cristãos, do Ocidente e do Oriente, na sua tradicional festa do dia 22 de
novembro. O seu nome vem citado no cânon da missa e desde o século XV é
celebrada como padroeira da música e do canto sacro.
ORAÇÃO: Ó, gloriosa Santa Cecília,
apóstolo de caridade, espelho de pureza e modelo de esposa cristã! Por aquela
fé esclarecida, com que afrontastes os enganosos deleites do mundo pagão,
alcançai-nos o amoroso conhecimento das verdades cristãs, para que conformemos
a nossa vida com a santa lei de Deus e da sua Igreja. Revesti-nos de inviolável
confiança na misericórdia de Deus, pelos merecimentos infinitos de Nosso Senhor
Jesus Cristo. Dilatai o nosso coração, para que, abrasados do amor de Deus, não
nos desviemos jamais da salvação eterna. Gloriosa Padroeira nossa, que os
vossos exemplos de fé e de virtude sejam para todos nós, um brado de alerta,
para que estejamos sempre atentos à vontade de Deus, na prosperidade como nas
provações, no caminho do céu e da salvação eterna. Amém!
FONTE: Edições
Paulinas / Wikipédia
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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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