A Campanha da Fraternidade deste ano está tratando sobre
saneamento básico, com o tema “Casa Comum, nossa responsabilidade” e o lema
“Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não
seca”, trecho tirado do Profeta Amós, 5, 24.
Ela desenvolverá suas atividades chamando atenção para o
problema do meio ambiente e ausência parcial ou total de saneamento básico,
através de homilias nas missas, reflexões em grupos de vizinhos, palestras e
meios de comunicação em geral. Além disso, ela propõe ações concretas para
auxiliar, por exemplo, na prática do lixo seletivo, na limpeza dos rios e
lagos, dos cuidados com focos de proliferação de mosquitos da dengue e outros,
no cuidado com as árvores e o ar.
A responsabilidade principal do saneamento básico é do Poder
Público e ele tem dinheiro para isto, através de nossos impostos. Porém, muitas
vezes não aplica este valor no saneamento. A CF propõe contato com autoridades,
prefeituras, câmaras municipais para auxiliar na reflexão sobre tal
responsabilidade e impulsionar tais ações públicas. O cidadão comum pode
colaborar, através da participação efetiva em campanhas de limpeza, através da
educação dos filhos para a seleção do lixo, por exemplo, do uso correto da
água, da ordem e da limpeza de seus espaços domésticos. A educação das pessoas
para cuidar bem da "casa comum", que é o meio ambiente, é, na
verdade, algo de responsabilidade não só do poder público, mas de todas as pessoas,
do comércio e de outros segmentos sociais, inclusive das Igrejas e comunidades
religiosas.
A CF não trata de problemas estritamente religiosos,
doutrinais ou dogmáticos, mas de causas sociais que interessam a todos,
independente de credo religioso. Ela, de sua parte, faz isso a partir do ponto
de vista da fé, pois a fé move os que creem para buscar o bem para todos. A CF
trabalha sempre com o método Ver, Julgar e Agir. Procura fornecer dados
científicos abalizados, estatísticas confiáveis, para que todos tenham
conhecimento do que está acontecendo na área em discussão. No julgar, ela
propõe comparação da realidade com os dados da fé, ou seja, a Palavra de Deus
expressa na Bíblia Sagrada. No agir, propõe ações concretas ou desperta os
grupos para descobrir ações para a realidade local. Em Juiz de Fora, escolhemos
duas ações concretas inicialmente: a conscientização sobre o cuidado com o lixo
seletivo, inclusive colaborando com as pessoas mais pobres que vivem de vender
lixo reciclável. A segunda ação concreta é ajudar a salvar os rios. Na cidade
de Juiz de Fora, pretendemos colaborar com o Poder Público, e fazer parceria
com empresas, para maior conscientização a respeito da limpeza e do respeito
para com o Rio Paraibuna, devolvendo a ele sua condição natural de ambiente
propício para a piscicultura e uso bom de suas águas, evitando inclusive lançar
nele o lixo ou o esgoto.
A partir do lema, tirado do Profeta Amós, acredito que nunca
devemos nos conformar com a situação de desajuste social, pois fere a pessoa
humana, criada à imagem e semelhança de Deus. Se cada um fizer alguma coisa,
algo novo surgirá.
Este ano a CF está sendo feita de forma ecumênica, com os
segmentos cristãos evangélicos que aceitam o diálogo religioso. Ecumenismo não
é renunciar pontos de doutrina que se crê e prega, mas é estar firme e fiel no
que se crê, porém, estar ao mesmo tempo, aberto para reconhecer que coisas boas
não existem somente no seu grupo religioso. É abrir-se, madura e
fraternalmente, ao outro pelo diálogo respeitoso e para ações concretas em
ações conjuntas. Sempre afirmamos, entre as Igrejas cristãs, que o que nos une
é muito mais forte que o que nos separa. O principal que nos une é crer em
Jesus Cristo e na sua Palavra, na sua proposta de vida que é baseada no amor a
Deus e ao próximo. Além de outras atividades, a CNBB (Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil) propõe ao CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs),
composto por Igrejas e Expressões Religiosas abertas ao ecumenismo, realizar a
CF em conjunto. É o caso deste ano, pela quarta vez. Neste ano, queremos lutar
juntos em cada uma de nossas comunidades, das diversas tradições cristãs
participantes, em vista de vencer os desafios enormes no campo do Saneamento
Básico, pensando sobretudo nos mais empobrecidos. Afinal, Cristo nos ensinou:
amai-vos uns aos outros, como eu vos tenho amado (Jo. 13, 34). Os cristãos
autênticos encontrarão o caminho da unidade desejada por Cristo: Que todos
sejam um como eu e Tu, Pai, somos um (Jo, 17,21).
Cuidemos, com paz e fraternos sentimentos, da nossa casa
comum.
Dom Gil Antônio Moreira - Arcebispo
de Juiz de Fora
Fonte: CNBB
Foto retirada da internet
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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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