Manifestar a verdade de Deus não deve se desassociar da
compreensão das fraquezas humanas. É o que Jesus ensina no Evangelho e que o
Papa ressaltou, comentando, na Missa na Casa Santa Marta, esta sexta (20/05) o
trecho evangélico em que Jesus fala com os fariseus sobre o adultério.
Francisco afirmou que Cristo supera a visão humana que reduz a visão de Deus a
uma ‘equação casuística’.
O Evangelho é repleto de ‘ciladas’, como quando os fariseus
e os doutores da lei tentam enganar Jesus, fazendo-o cair em contradição, ameaçando
a sua autoridade e a confiança de que goza entre o povo. Uma das ‘emboscadas’
contidas no Evangelho do dia fala dos fariseus que perguntam a Jesus se é
lícito repudiar a própria esposa.
Verdade, e não casuística
O Papa Francisco a definiu ‘a cilada da casuística’, montada
por um ‘pequeno grupo de teólogos iluminados’ convencidos de possuir toda a
ciência e a sabedoria do povo de Deus. Um risco do qual Jesus escapa indo
‘além’, indo até ‘a plenitude do matrimônio’.
E já o havia feito no passado com os saduceus, em relação à
mulher que tinha tido sete maridos, mas que na ressurreição não será esposa de
nenhum, porque no céu não se tem ‘mulher nem marido’.
Naquele caso Cristo, observou o Papa, se referiu à
‘plenitude escatológica’ do matrimônio. Com os fariseus, ao contrário, ‘vai à
plenitude da harmonia da criação’. ‘Deus os criou homem e mulher, os dois serão
uma só carne’.
“Não são mais dois, mas uma só carne. Assim, ‘o homem não
divida o que Deus uniu. Seja no caso do levirato, seja neste, Jesus responde da
verdade esmagadora, da verdade contundente – esta é a verdade! – da plenitude
sempre! E Jesus nunca negocia a verdade. E estes, este pequeno grupo de
teólogos iluminados, negociavam sempre a verdade, reduzindo-a à casuística.
Jesus não negocia a verdade e esta é a verdade sobre o matrimônio, não existe
outra”.
Verdade e compreensão
“Mas Jesus – prossegue Francisco – é tão misericordioso, tão
grande, que jamais, jamais, fecha a porta aos pecadores. Por isso, não se
limita a expressar a verdade de Deus, mas pergunta também aos fariseus o que
Moisés estabeleceu na lei. E quando os fariseus lhe repetem que contra o
adultério é lícito escrever ‘um ato de repúdio’, Cristo replica que aquela
norma foi escrita ‘para a dureza do seu coração’. Ou seja, explicou o Papa,
Jesus distingue sempre entre a verdade e a fraqueza humana, sem rodeios”.
“Neste mundo em que vivemos, com esta cultura do provisório,
a realidade do pecado é muito forte, mas Jesus, recordando Moisés, nos diz: ‘Se
há dureza do coração, se há pecado, algo se pode fazer: o perdão, a
compreensão, o acompanhamento, a integração, o discernimento destes casos...
Mas a verdade não se pode vender nunca! E Jesus é capaz de dizer esta verdade
tão grande e, ao mesmo tempo, ser tão compreensivo com os pecadores, com os
fracos”.
Perdoar não é uma equação
Assim, sublinhou Francisco, estas são as duas coisas que
Jesus nos ensina: a verdade e a compreensão, o que os ‘teólogos iluminados’ não
conseguem fazer porque estão fechados na cilada da ‘equação matemática ‘pode?’
ou ‘não pode?’ e, portanto, são incapazes de horizontes maiores e de amar a
fraqueza humana.
É suficiente ver – concluiu o Papa – a delicadeza com a qual
Jesus trata a adultera quando está para ser lapidada. ‘Eu também não te
condeno; vai e de agora em diante, não peque mais’.
“Que Jesus nos ensine a ter, com o coração, uma grande
adesão à verdade e também com o coração, uma grande compreensão e
acompanhamento a todos os nossos irmãos que estão com dificuldades. E este é um
dom, isto o ensina o Espírito Santo, não estes doutores iluminados, que para
nos ensinar, precisam reduzir a plenitude de Deus a uma equação casuística. Que
o Senhor nos dê esta graça”. (CM)
Fonte: Radio Vaticano
Foto retirada da internet
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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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Podemos ler no Talmude que, na sua época, Moisés descobriu que um homem que havia repudiado a esposa, roido de ciumes, acusou-a de adulterio quando ela arranjou outro homem para sustentá-la. Isso irritou Moisés que, então, decretou que aquele que repudiasse sus esposa teria que entregar a ela uma carta de divórcio de moda que ela podia exibir a carta caso o ex-marido resolvesse acusá-la
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