10ª Semana do Tempo Comum - 2ª Semana do Saltério
Prefácio dos domingos comuns - Ofício dominical comum
Glória e Creio - Cor: Verde - Ano “C”
Lucas
Antífona: Salmo 26,1-2 O Senhor é
minha luz e minha salvação, a quem poderia eu temer? O Senhor é o baluarte de
minha vida, perante quem tremerei? Meus opressores e inimigos, são eles que
vacilam e sucumbem.
Oração do Dia: Ó Deus, fonte de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos,
por vossa inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Primeira Leitura: Primeiro Livro dos
Reis 17,17-24
Naqueles dias,
sucedeu que o filho da dona da casa caiu doente, e o seu mal era tão grave que
ele já não respirava. Então a mulher disse a Elias: "O que há entre mim e
ti, homem de Deus? Porventura vieste à minha casa para me lembrares os meus
pecados e matares o meu filho?" Elias respondeu-lhe: "Dá-me o teu
filho!" Tomando o menino do seu regaço, levou-o ao aposento de cima onde
ele dormia, e o pôs em cima do seu leito. Depois, clamou ao Senhor, dizendo:
"Senhor, meu Deus, até a viúva, em cuja casa habito como hóspede, queres
afligir, matando-lhe seu filho?"
Depois, por três
vezes, ele estendeu-se sobre o menino e suplicou ao Senhor: "Senhor, meu
Deus, faze, te rogo, que a alma deste menino volte às suas entranhas". O
Senhor ouviu a voz de Elias: a alma do menino voltou a ele e ele recuperou a
vida. Elias tomou o menino, desceu com ele do aposento superior para o interior
da casa, e entregou-o à sua mãe, dizendo: "Eis aqui o teu filho
vivo". A mulher exclamou: "Agora vejo que é um homem de Deus, e que a
palavra do Senhor é verdadeira em tua boca”. -
Palavra do Senhor.
Comentário: O sinal de que o profeta anuncia
a palavra de Deus é o fato de ele ser portador de vida e não de morte. Esta
leitura foi escolhida em função do Evangelho de hoje que relata a ressurreição
do filho da viúva de Naim. Os Padres da Igreja viram na ação do profeta Elias
uma figura da ação de Cristo, que vem para trazer à vida da graça os povos
pagãos, mortos pelo pecado. O poder de Cristo, que se revela no milagre do
Evangelho, sobressai como um poder próprio, sem precisar do recurso à oração a
Deus e a técnicas de reanimação. (presbíteros.com)
Salmo: 29(30),2.4.5-6.11.12a.13b
(R.2a.4b)
Eu
vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes e preservastes minha vida da morte!
Eu vos exalto, ó
Senhor, pois me livrastes, e não deixastes rir de mim meus inimigos! Vós tirastes
minha alma dos abismos e me salvastes, quando estava já morrendo!
Cantai salmos ao
Senhor, povo fiel, dai-lhe graças e invocai seu santo nome! Pois sua ira dura
apenas um momento, mas sua bondade permanece a vida inteira; se à tarde vem o
pranto visitar-nos, de manhã vem saudar-nos a alegria.
Escutai-me, Senhor
Deus, tende piedade! Sede, Senhor, o meu abrigo protetor! Transformastes o meu
pranto em uma festa, Senhor meu Deus, eternamente hei de louvar-vos!
Segunda Leitura: Carta de São Paulo
aos Gálatas 1,11-19
Asseguro-vos,
irmãos, que o evangelho pregado por mim não é conforme a critérios humanos. Com
efeito, não o recebi nem aprendi de homem algum, mas por revelação de Jesus
Cristo. Certamente ouvistes falar como foi outrora a minha conduta no judaísmo,
com que excessos perseguia e devastava a Igreja de Deus e como progredia no
judaísmo, mais do que muitos judeus de minha idade, mostrando-me extremamente
zeloso das tradições paternas.
Quando, porém,
aquele que me separou desde o ventre materno e me chamou por sua graça se
dignou revelar-me o seu Filho, para que eu o pregasse entre os pagãos, não
consultei carne nem sangue nem subi, logo, a Jerusalém para estar com os que
eram apóstolos antes de mim. Pelo contrário, parti para a Arábia e, depois,
voltei ainda a Damasco. Três anos mais tarde, fui a Jerusalém para conhecer
Cefas e fiquei com ele quinze dias. E não estive com nenhum outro apóstolo, a
não ser Tiago, o irmão do Senhor. -
Palavra do Senhor.
Comentário: A atividade libertadora de
Jesus é a grande manifestação do amor compassivo de Deus, que atende os mais
pobres e necessitados. S. Paulo escreve aos cristãos da Galácia, mais
provavelmente da Galácia do Norte, na Turquia atual. Eram cristãos na maior
parte convertidos de tribos pagãs originárias da Gália, que estavam a ser
perturbados por pregadores cristãos de tendência judaizante, que os intimidavam
dizendo-lhes que, para se salvarem, não bastava o Batismo e a fé cristã, mas
que necessitavam de ser circuncidados. Para imporem a sua teoria, tentavam
desacreditar a pessoa de S. Paulo, afirmando que ele não era um verdadeiro
Apóstolo, pois não tinha recebido a sua missão diretamente de Jesus. Nesta
carta o Apóstolo começa por declarar e explicitar como foi o próprio Senhor que
lhe revelou o Evangelho – os principais mistérios – que ele pregava. Sendo
assim, logo após a conversão, não teve necessidade de vir imediatamente a
Jerusalém para ouvir os Apóstolos, retirou-se para a Arábia (o reino nabateu, a
sul de Damasco) e só ao fim de três anos é que foi estar com os Apóstolos.
Pergunta-se, então, que fez S. Paulo durante esses três anos? Uns pensam que
foram anos de pregação, outros que teria sido um tempo de retiro espiritual, em
que ele assenta ideias, confrontando a revelação que teve com os dados do
Antigo Testamento e da fé dos primeiros cristãos. S. Paulo não diz que passou
os três anos na Arábia, simplesmente fala de três anos mais tarde, por isso é
legítimo pensar que tenha passado a maior parte desse tempo em Damasco; com
efeito, não teria encontrado na Nabateia um ambiente favorável a um pregador
judeu, por isso se teria visto forçado a regressar a Damasco continuando aqui a
anunciar Jesus por três anos; com efeito, o rei nabateu, Aretas IV, andava em
guerra com os judeus, para se vingar do rei Herodes Antipas, que se tinha
divorciado da sua filha para casar com Herodíades, a esposa do seu irmão
Filipe. (Missal Cotidiano)
Evangelho de Jesus
Cristo segundo Lucas 7,11-17
Naquele tempo, Jesus dirigiu-se
a uma cidade chamada Naim. Com ele iam seus discípulos e uma grande multidão. Quando
chegou à porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único; e sua mãe
era viúva. Grande multidão da cidade a acompanhava. Ao vê-la, o Senhor sentiu
compaixão para com ela e lhe disse: "Não chores!" Aproximou-se, tocou
o caixão, e os que o carregavam pararam. Então, Jesus disse: "Jovem, eu te
ordeno, levanta-te!" O que estava morto sentou-se e começou a
falar. E Jesus o entregou à sua mãe. Todos ficaram com muito medo e
glorificavam a Deus, dizendo: "Um grande profeta apareceu entre nós e Deus
veio visitar o seu povo". E a notícia do fato espalhou-se pela Judéia
inteira, e por toda a redondeza. -
Palavra da Salvação.
Comentários:
Jesus
é a «visita» de Deus que vem salvar o Seu povo. 1 «Naim». Como também hoje, não
seria propriamente uma cidade, mas uma pequena aldeia a uns 10 km a Sueste de
Nazaré. É frequente que S. Lucas dê o nome da cidade a pequenas aldeias. É esta
a única passagem em toda a Bíblia onde se fala desta terra, o que leva a crer
que seria mesmo um lugarejo sem importância, mas isso não obstou a que Jesus
fizesse ali um grande milagre. É S. Lucas o único Evangelista a contá-lo, o
Evangelista que mais se detém a retratar a misericórdia do coração de Cristo;
nem sequer foi preciso um pedido formal da desolada viúva para que, com uma
única palavra, transformasse o seu choro na maior alegria, devolvendo-lhe o seu
único filho vivo. Os funerais costumavam realizar-se no mesmo dia da morte, ao
meio da tarde. 15 «E Jesus entregou-o à mãe». Santo Agostinho comenta: «Esta
mãe viúva alegra-se com o filho ressuscitado. Diariamente se alegra a Mãe
Igreja com os homens que ressuscitam na sua alma. Aquele estava morto quanto ao
corpo; estes, quanto ao seu espírito. Aquela morte visível chora-se
visivelmente; a morte invisível destes nem se chora nem se vê. Anda à busca
destes mortos Aquele que os conhece, Aquele que pode fazê-los voltar à vida»
(Sermão 98, 2). O mesmo Santo afirma que é um maior milagre a conversão dum
pecador do que a ressurreição dum morto, embora seja menos espetacular. (presbíteros.com)
A
ressurreição do filho único da viúva de Naim revela Jesus como o Messias,
prenunciado pelos profetas, restaurador da vida fragilizada pelo pecado. Esta
será uma chave de leitura importante de seu ministério. O profeta Elias havia
ressuscitado o filho de uma pobre viúva, que lhe havia dado de comer, num tempo
de seca e de carestia. A expectativa da volta desse profeta, no fim dos tempos,
levava muitos a nutrir a esperança de que ele realizaria a mesma sorte de
milagres. No apocalipse de Isaías, os habitantes do pó - os mortos - são
convocados para despertar e se alegrar, já que, pela força de Deus, os defuntos
reviverão e os cadáveres ressurgirão. Estes e outros textos do Antigo
Testamento levavam os judeus a esperar uma era messiânica, na qual haveria uma
ressurreição geral de todos os justos de Israel. O milagre evangélico
projeta-se neste pano de fundo. Em Jesus, as esperanças messiânicas atingem seu
pleno cumprimento. Ele é o Messias esperado. Mas, seu modo de ser superava em
muito os esquemas messiânicos acalentados pela piedade popular. Tinham razão as
testemunhas do milagre, quando proclamaram: "um grande profeta surgiu
entre nós, e Deus visitou seu povo!" Entre eles, porém, estava o Filho
querido do Pai, com a missão de oferecer vida nova à humanidade. O rapaz
ressuscitado tornava-se um símbolo desta realidade. (Padre Jaldemir Vitório/Jesuíta)
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
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