Primeira Leitura: Profecia de Amós
8,4-7
Ouvi isto, vós, que
maltratais os humildes e causais a prostração dos pobres da terra; vós que
andais dizendo: “Quando passará a lua nova, para vendermos bem a mercadoria? E
o sábado, para darmos pronta saída ao trigo, para diminuir medidas, aumentar
pesos, e adulterar balanças, dominar os pobres com dinheiro e os humildes com
um par de sandálias, e para pôr à venda o refugo do trigo?” Por causa da
soberba de Jacó, jurou o Senhor: “Nunca mais esquecerei o que eles fizeram”. - Palavra
do Senhor.
Comentário: Amós denuncia a injustiça
institucionalizada no reino do Norte (Israel). Sua atuação se situa no momento
em que já começava a declinar o “século do ouro” de Israel, no tempo de
Jeroboão II (por volta de 750 a.C.). Faltavam poucos anos para o reino ser
invadido, e o povo, deportado pelos assírios (722 a.C.). Entretanto, porém,
reinava a riqueza injusta, fonte de opressão, uns poucos tendo tudo e quase
todos tendo quase nada. O pecado dos “poucos” não é contra tal ou tal mandamento;
inclusive, eles observam as festas religiosas – mas com que espírito (cf. Am
8,5)! Pecaminosa é sua atitude global, caricatura da justiça e misericórdia que
Deus espera de seu povo. Assim, Amós 8,4-6 é uma censura eloquente, denunciando
que os ricos se tornam sempre mais ricos e os pobres, sempre mais pobres. No v.
7 ressoa a ameaça do juízo. (Pe. Johan Konings, sj)
Salmo: 112(113),
1-2.4-6.7-8 (R. cf. 1a.7b)
Louvai o
Senhor que eleva os pobres!
Louvai, louvai, ó
servos do Senhor, louvai, louvai o nome do Senhor!/ Bendito seja o nome do
Senhor, agora e por toda a eternidade!
O Senhor está acima
das nações, sua glória vai além dos altos céus. Quem pode comparar-se ao nosso
Deus, ao Senhor, que no alto céu tem o seu trono/ e se inclina para olhar o céu
e a terra?
Levanta da poeira o
indigente e do lixo ele retira o pobrezinho, para fazê-lo assentar-se com os
nobres, assentar-se com os nobres do seu povo.
Segunda Leitura: Primeira Carta de
São Paulo a Timóteo 2,1-8
Caríssimo: Antes de
tudo, recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças, por
todos os homens; pelos que governam e por todos que ocupam altos cargos, a fim
de que possamos levar uma vida tranquila e serena, com toda piedade e
dignidade. Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador; ele quer que todos os
homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Pois há um só Deus, e
um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, que se entregou em
resgate por todos. Este é o testemunho dado no tempo estabelecido por Deus, e
para este testemunho eu fui designado pregador e apóstolo, e - falo a verdade,
não minto - mestre das nações pagãs na fé e na verdade. Quero, portanto, que em
todo lugar os homens façam a oração, erguendo mãos santas, sem ira e sem
discussões. - Palavra do Senhor.
Comentário: A 2ª leitura, extraída da
leitura contínua das cartas de Paulo, trata de um tema diferente das outras.
Paulo continua a reflexão em torno do anúncio da reconciliação que ele deve
proclamar entre os gentios (cf. domingo passado). Nesse espírito, insiste na oração
da comunidade, oração de agradecimento e intercessão por todos os homens (cf.
também 17º domingo comum). O foco está na comunidade orante, no culto da
comunidade, que comporta aspectos de petição, de adoração, de intercessão e de
ação de graças. Todos precisam suplicar e devem agradecer, pois Jesus salvou a
todos, sendo mediador único, dado em resgate por nós. Essa é a verdade que
salva. A comunidade está diante de Deus rezando e agradecendo por todos,
elevando suas mãos, purificadas pela prática da caridade, como as mãos do
Crucificado. Nós devemos traduzir nossa busca de unidade e reconciliação no
fato de tornar-nos mediadores de todos, assim como Cristo reconciliou a todos,
tornando-se mediador, por sua morte salvadora. A última frase (2,8) pode servir
de motivação para que a comunidade reze, por exemplo, o Pai-Nosso, com as mãos
elevadas ao céu, “sem ira nem rancor”. (Pe. Johan Konings, sj)
Evangelho de Jesus
Cristo segundo Lucas 16,1-13
Naquele tempo, Jesus dizia aos discípulos: “Um
homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. Ele
o chamou e lhe disse: ‘Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua
administração, pois já não podes mais administrar meus bens’. O administrador
então começou a refletir: ‘O senhor vai me tirar a administração. Que vou
fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. Ah! Já sei o
que fazer, para que alguém me receba em sua casa, quando eu for afastado da
administração’.
Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao
seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ Ele
respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O administrador disse: ‘Pega a tua conta,
senta-te, depressa, e escreve cinquenta!’ Depois ele perguntou a outro: ‘E tu,
quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O administrador disse:
‘Pega a tua conta e escreve oitenta’. E o senhor elogiou o administrador
desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são
mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz. E eu vos digo: usai o
dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas
moradas eternas.
Quem é fiel nas pequenas coisas
também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas
grandes. Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos
confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos
dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará
um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis
servir a Deus e ao dinheiro. - Palavra
da Salvação.
Comentários:
O
evangelho parece ir na direção oposta da leitura do profeta Amós. Traz o texto
conhecido como a “parábola do administrador desonesto”, na qual o dono da
fazendo louva a ação pouco escrupulosa de seu administrador! É uma parábola que
escandaliza, e é isso que Jesus quer, pois se contasse só coisas com que todo
mundo está de acordo ninguém prestaria atenção! Ora, entenda-se bem: Jesus não
propõe como modelo tudo o que esse administrador andou fazendo! Só quer
ressaltar a sua “prudência” (= previdência), o resto não! Jesus quer ensinar
que a inteligência no uso dos bens deste mundo faz parte do Reino de Deus, em
dois sentidos: 1) utilizá-los prevendo a crise (juízo); 2) utilizá-los para
fazer amigos para a eternidade (caridade). Inteligente é quem sabe escolher de
quem ele será amigo, enquanto ainda tem oportunidade. Vejamos o texto de perto.
Diante da iminente demissão por causa de má administração da fazenda, o
administrador comete umas fraudes em favor dos devedores do patrão, para poder
contar com o apoio deles na hora em que for posto para a rua. Será um exemplo?
Num certo sentido, sim: era um homem que enxergava mais longe que seu nariz.
Porém, não o devemos imitar na sua injustiça, mas na sua previdência. Não vem
ao caso argumentar que os administradores costumavam definir pessoalmente sua
“comissão” dos bens do patrão e que, portanto, esse administrador não foi
propriamente injusto, mas apenas desistiu de sua comissão. Jesus mesmo o chama
de administrador injusto (16,8). Mas mereceu elogios, até do patrão
prejudicado, porque agiu com previdência. Sabia – melhor que aquele fazendeiro
estúpido descrito em Lc 12,16-21 – que sua posição era precária, e tomou
providências. Sem esconder a imoralidade desse homem, Jesus observa que os
“filhos das trevas” são geralmente mais espertos, nos seus negócios, que os
filhos da luz. Ter consciência da precariedade das riquezas e utilizar as
últimas chances para ganhar amigos para o futuro, eis o que Jesus quis ensinar.
O grande amigo que devemos ganhar para o futuro é Deus mesmo (“ser rico perante
Deus”, Lc 12,21). Ganhamo-lo através dos pequenos amigos: seus filhos. A
iminência do juízo (Lucas tomava isso bastante literalmente) nos deve levar à
prática da caridade. Entenda-se bem: não se trata de fazer caridade para
“comprar o céu”, mas para – com os olhos fitos na realidade definitiva que é
Deus, Pai de bondade – transformar nossa vida numa prática que combine com ele.
Já que sabemos o que é definitivo, ajamos em conformidade: sejamos
misericordiosos como Deus é misericordioso (cf. Lc 6,35b-36). O encontro com os
amigos das “moradas eternas” inclui os coxos, cegos, estropiados, os pobres em
geral, os que são convidados para o banquete eterno (cf. Lc 14,12-14.15-24).
Temos amplas oportunidades de usar o “vil dinheiro” para conquistar esses
amigos. Será que o dinheiro é vil? Não há dúvida. Não há um dólar que não seja
manchado de opressão e exploração. Através dos bancos que investem minha
aplicação compulsória do Imposto de Renda, estou investindo em indústria
bélica, em projetos que acabam com o meio ambiente e assim adiante… O dinheiro
participa do sistema que o gera. O fato de eu poder “comer como um padre”
participa de uma estrutura em que muitos não podem fazer isso. Então,
alimentado como um padre, devo pelo menos fazer tudo o que posso para que os
outros possam alimentar-se assim também. Ou estar disposto a não mais comer
como um padre, pois esta não é a realidade definitiva. A caridade, pelo
contrário, é definitiva e não perece nunca (cf. 1Cor 13). (Pe. Johan Konings,
sj)
A
parábola evangélica pode soar estranha aos nossos ouvidos. Partindo da
esperteza de um administrador claramente desonesto, Jesus tira lições de vida
para o discípulo do Reino. Afinal, a comparação tem sua razão de ser. O
administrador age como um capitalista de nossos tempos. Conhece a maneira de
garantir sua fonte de lucro e, prevendo dificuldades futuras, toma as
providências necessárias para evitar o fracasso. Suas estratégias são
eficientes, por serem bem estudadas. Seria arriscado dar um passo em falso e
colocar tudo a perder. Pouco lhe importa considerações de caráter ético. Se é
preciso ser desonesto e cometer injustiça para atingir o objetivo, não lhe
interessa! Os meios justificam-se pelo fim a ser alcançado. Jesus quer inculcar
nos discípulos esta mesma disposição, em se tratando de dispor-se para alcançar
o Reino. Evidentemente, os elementos de desonestidade ficam fora de cogitação.
O ponto focalizado, na atitude do administrador, é sua decisão inabalável, sua
capacidade de encontrar a forma adequada de ver concretizado seu intento, a
coragem de enfrentar os riscos, o otimismo que não permite pôr em dúvida o seu
projeto. Jesus constata que os filhos deste mundo são muito mais espertos do
que os filhos da luz. Aqueles têm muito a ensinar a estes últimos, pois lhes
falta determinação na busca de seus objetivos. (Padre
Jaldemir Vitório/Jesuíta)
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
Foto retirada da internet
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