domingo, 18 de setembro de 2016

Liturgia Diária Comentada 18/09/2016 domingo

Primeira Leitura: Profecia de Amós 8,4-7

Ouvi isto, vós, que maltratais os humildes e causais a prostração dos pobres da terra; vós que andais dizendo: “Quando passará a lua nova, para vendermos bem a mercadoria? E o sábado, para darmos pronta saída ao trigo, para diminuir medidas, aumentar pesos, e adulterar balanças, dominar os pobres com dinheiro e os humildes com um par de sandálias, e para pôr à venda o refugo do trigo?” Por causa da soberba de Jacó, jurou o Senhor: “Nunca mais esquecerei o que eles fizeram”.  - Palavra do Senhor.

Comentário: Amós denuncia a injustiça institucionalizada no reino do Norte (Israel). Sua atuação se situa no momento em que já começava a declinar o “século do ouro” de Israel, no tempo de Jeroboão II (por volta de 750 a.C.). Faltavam poucos anos para o reino ser invadido, e o povo, deportado pelos assírios (722 a.C.). Entretanto, porém, reinava a riqueza injusta, fonte de opressão, uns poucos tendo tudo e quase todos tendo quase nada. O pecado dos “poucos” não é contra tal ou tal mandamento; inclusive, eles observam as festas religiosas – mas com que espírito (cf. Am 8,5)! Pecaminosa é sua atitude global, caricatura da justiça e misericórdia que Deus espera de seu povo. Assim, Amós 8,4-6 é uma censura eloquente, denunciando que os ricos se tornam sempre mais ricos e os pobres, sempre mais pobres. No v. 7 ressoa a ameaça do juízo. (Pe. Johan Konings, sj)


Salmo: 112(113), 1-2.4-6.7-8 (R. cf. 1a.7b)
Louvai o Senhor que eleva os pobres!

Louvai, louvai, ó servos do Senhor, louvai, louvai o nome do Senhor!/ Bendito seja o nome do Senhor, agora e por toda a eternidade!

O Senhor está acima das nações, sua glória vai além dos altos céus. Quem pode comparar-se ao nosso Deus, ao Senhor, que no alto céu tem o seu trono/ e se inclina para olhar o céu e a terra?

Levanta da poeira o indigente e do lixo ele retira o pobrezinho, para fazê-lo assentar-se com os nobres, assentar-se com os nobres do seu povo.

Segunda Leitura: Primeira Carta de São Paulo a Timóteo 2,1-8

Caríssimo: Antes de tudo, recomendo que se façam preces e orações, súplicas e ações de graças, por todos os homens; pelos que governam e por todos que ocupam altos cargos, a fim de que possamos levar uma vida tranquila e serena, com toda piedade e dignidade. Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador; ele quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, que se entregou em resgate por todos. Este é o testemunho dado no tempo estabelecido por Deus, e para este testemunho eu fui designado pregador e apóstolo, e - falo a verdade, não minto - mestre das nações pagãs na fé e na verdade. Quero, portanto, que em todo lugar os homens façam a oração, erguendo mãos santas, sem ira e sem discussões. - Palavra do Senhor.

Comentário: A 2ª leitura, extraída da leitura contínua das cartas de Paulo, trata de um tema diferente das outras. Paulo continua a reflexão em torno do anúncio da reconciliação que ele deve proclamar entre os gentios (cf. domingo passado). Nesse espírito, insiste na oração da comunidade, oração de agradecimento e intercessão por todos os homens (cf. também 17º domingo comum). O foco está na comunidade orante, no culto da comunidade, que comporta aspectos de petição, de adoração, de intercessão e de ação de graças. Todos precisam suplicar e devem agradecer, pois Jesus salvou a todos, sendo mediador único, dado em resgate por nós. Essa é a verdade que salva. A comunidade está diante de Deus rezando e agradecendo por todos, elevando suas mãos, purificadas pela prática da caridade, como as mãos do Crucificado. Nós devemos traduzir nossa busca de unidade e reconciliação no fato de tornar-nos mediadores de todos, assim como Cristo reconciliou a todos, tornando-se mediador, por sua morte salvadora. A última frase (2,8) pode servir de motivação para que a comunidade reze, por exemplo, o Pai-Nosso, com as mãos elevadas ao céu, “sem ira nem rancor”. (Pe. Johan Konings, sj)

Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 16,1-13

Naquele tempo, Jesus dizia aos discípulos: “Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. Ele o chamou e lhe disse: ‘Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’. O administrador então começou a refletir: ‘O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa, quando eu for afastado da administração’.

Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!’ O administrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve cinquenta!’ Depois ele perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O administrador disse: ‘Pega a tua conta e escreve oitenta’. E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz. E eu vos digo: usai o dinheiro injusto para fazer amigos, pois, quando acabar, eles vos receberão nas moradas eternas.

Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes. Por isso, se vós não sois fiéis no uso do dinheiro injusto, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não sois fiéis no que é dos outros, quem vos dará aquilo que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. - Palavra da Salvação.

Comentários:

O evangelho parece ir na direção oposta da leitura do profeta Amós. Traz o texto conhecido como a “parábola do administrador desonesto”, na qual o dono da fazendo louva a ação pouco escrupulosa de seu administrador! É uma parábola que escandaliza, e é isso que Jesus quer, pois se contasse só coisas com que todo mundo está de acordo ninguém prestaria atenção! Ora, entenda-se bem: Jesus não propõe como modelo tudo o que esse administrador andou fazendo! Só quer ressaltar a sua “prudência” (= previdência), o resto não! Jesus quer ensinar que a inteligência no uso dos bens deste mundo faz parte do Reino de Deus, em dois sentidos: 1) utilizá-los prevendo a crise (juízo); 2) utilizá-los para fazer amigos para a eternidade (caridade). Inteligente é quem sabe escolher de quem ele será amigo, enquanto ainda tem oportunidade. Vejamos o texto de perto. Diante da iminente demissão por causa de má administração da fazenda, o administrador comete umas fraudes em favor dos devedores do patrão, para poder contar com o apoio deles na hora em que for posto para a rua. Será um exemplo? Num certo sentido, sim: era um homem que enxergava mais longe que seu nariz. Porém, não o devemos imitar na sua injustiça, mas na sua previdência. Não vem ao caso argumentar que os administradores costumavam definir pessoalmente sua “comissão” dos bens do patrão e que, portanto, esse administrador não foi propriamente injusto, mas apenas desistiu de sua comissão. Jesus mesmo o chama de administrador injusto (16,8). Mas mereceu elogios, até do patrão prejudicado, porque agiu com previdência. Sabia – melhor que aquele fazendeiro estúpido descrito em Lc 12,16-21 – que sua posição era precária, e tomou providências. Sem esconder a imoralidade desse homem, Jesus observa que os “filhos das trevas” são geralmente mais espertos, nos seus negócios, que os filhos da luz. Ter consciência da precariedade das riquezas e utilizar as últimas chances para ganhar amigos para o futuro, eis o que Jesus quis ensinar. O grande amigo que devemos ganhar para o futuro é Deus mesmo (“ser rico perante Deus”, Lc 12,21). Ganhamo-lo através dos pequenos amigos: seus filhos. A iminência do juízo (Lucas tomava isso bastante literalmente) nos deve levar à prática da caridade. Entenda-se bem: não se trata de fazer caridade para “comprar o céu”, mas para – com os olhos fitos na realidade definitiva que é Deus, Pai de bondade – transformar nossa vida numa prática que combine com ele. Já que sabemos o que é definitivo, ajamos em conformidade: sejamos misericordiosos como Deus é misericordioso (cf. Lc 6,35b-36). O encontro com os amigos das “moradas eternas” inclui os coxos, cegos, estropiados, os pobres em geral, os que são convidados para o banquete eterno (cf. Lc 14,12-14.15-24). Temos amplas oportunidades de usar o “vil dinheiro” para conquistar esses amigos. Será que o dinheiro é vil? Não há dúvida. Não há um dólar que não seja manchado de opressão e exploração. Através dos bancos que investem minha aplicação compulsória do Imposto de Renda, estou investindo em indústria bélica, em projetos que acabam com o meio ambiente e assim adiante… O dinheiro participa do sistema que o gera. O fato de eu poder “comer como um padre” participa de uma estrutura em que muitos não podem fazer isso. Então, alimentado como um padre, devo pelo menos fazer tudo o que posso para que os outros possam alimentar-se assim também. Ou estar disposto a não mais comer como um padre, pois esta não é a realidade definitiva. A caridade, pelo contrário, é definitiva e não perece nunca (cf. 1Cor 13). (Pe. Johan Konings, sj)

A parábola evangélica pode soar estranha aos nossos ouvidos. Partindo da esperteza de um administrador claramente desonesto, Jesus tira lições de vida para o discípulo do Reino. Afinal, a comparação tem sua razão de ser. O administrador age como um capitalista de nossos tempos. Conhece a maneira de garantir sua fonte de lucro e, prevendo dificuldades futuras, toma as providências necessárias para evitar o fracasso. Suas estratégias são eficientes, por serem bem estudadas. Seria arriscado dar um passo em falso e colocar tudo a perder. Pouco lhe importa considerações de caráter ético. Se é preciso ser desonesto e cometer injustiça para atingir o objetivo, não lhe interessa! Os meios justificam-se pelo fim a ser alcançado. Jesus quer inculcar nos discípulos esta mesma disposição, em se tratando de dispor-se para alcançar o Reino. Evidentemente, os elementos de desonestidade ficam fora de cogitação. O ponto focalizado, na atitude do administrador, é sua decisão inabalável, sua capacidade de encontrar a forma adequada de ver concretizado seu intento, a coragem de enfrentar os riscos, o otimismo que não permite pôr em dúvida o seu projeto. Jesus constata que os filhos deste mundo são muito mais espertos do que os filhos da luz. Aqueles têm muito a ensinar a estes últimos, pois lhes falta determinação na busca de seus objetivos. (Padre Jaldemir Vitório/Jesuíta)

Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
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