domingo, 23 de abril de 2017

Roteiro Homilético: 2º Domingo da Páscoa

Introdução ao espírito da Celebração

Celebramos em cada domingo a Páscoa do Senhor, a Sua Morte e Ressurreição. Jesus quis aparecer aos Apóstolos no domingo de Páscoa e no de Pascoela, marcando o ritmo da celebração pascal para os discípulos e para os cristãos de todos os tempos. Alegremo-nos, porque o Senhor ressuscitado está aqui no meio de nós como esteve no Cenáculo. Irmãos, peçamos perdão dos nossos pecados, pois são os que dEle nos separam.

Primeira Leitura

Atos dos Apóstolos 2,42-47

O livro dos Atos dos Apóstolos conta-nos neste trecho a vida dos primeiros cristãos de Jerusalém. São exemplo para todos fixarmos e imitarmos.


Esta é a primeira das três maiores «descrições sumárias» de Atos da primitiva comunidade cristã de Jerusalém. As outras duas mais desenvolvidas estão em At 4,32-35; e 5,12-16. Nestas descrições focam-se três aspectos da vida dos primeiros cristãos de Jerusalém: a sua vida religiosa, o cuidado dos pobres e os prodígios realizados pelos Apóstolos, insistindo-se ora num, ora noutro aspecto; aqui insiste-se na vida religiosa. Os relatos sumários são breves resumos da vida da Igreja, que não se reduzem a estes três relatos maiores. Os críticos veem nalguns deles uma descrição um tanto idealizada, pois é feito um juízo global a partir de casos concretos, como quando se diz que ninguém tinha nada seu (4,42), ou que todos eram curados (5, 16), etc. A credibilidade do conteúdo destes sumários é no entanto confirmada pelo facto de que a clara visão idílica de alguns elementos não leva o autor a deformar a realidade, pois não esconde acontecimentos que podiam embaciar essa visão tão optimista (por ex., o caso de Ananias e de Safira, em At 5,1-11).

42 «O ensino dos Apóstolos». Os Apóstolos não se limitavam a pregar o primeiro anúncio (kérigma), em ordem à conversão inicial e ao Batismo (cf. At 2,14-41); dedicavam-se também a uma instrução catequética dos que já tinham a fé.

«A comunhão fraterna», isto é, havia uma grande unidade de espíritos e de corações («um só coração e urna só alma» At 4,32); a tradução latina da Vulgata interpretou a expressão no sentido da comunhão eucarística («comunhão da fracção do pão»), uma vez que, de facto, este Sacramento é o fundamento da união de todos os cristãos entre si: 1Cor 10,17.

«Fracção do pão»: partir do pão era o nome primitivo dado à celebração da Eucaristia, um nome tirado do gesto de Jesus de partir o pão na Última Ceia. Com toda a probabilidade, temos aqui uma referência à celebração eucarística, designada desta maneira em 1Cor 10,16-17 e At 20,7.

44 «Tinham tudo em comum». Esta atitude extraordinariamente generosa ficou para sempre como um luminoso exemplo de como «compartilhar com os outros é uma atitude cristã fundamental… Os primeiros cristãos puseram em prática espontaneamente o princípio segundo o qual os bens deste mundo são destinados pelo Criador à satisfação das necessidades de todos sem exceção» (Paulo VI). Esta atitude cristã nada tem que ver com a coletivizarão de toda a propriedade privada imposta por um estado totalitário, pois aqui era respeitada a liberdade individual, podendo não se pôr tudo em comum, por isso em Atos se louva o gesto de Barnabé (At 4,36-37) e se censura a fraude de Ananias (At 5,4). Daqui se conclui que o «todos» do texto é uma generalização.

46 No princípio, os cristãos de Jerusalém continuavam a participar nos atos de culto judaico, acrescentando a essas práticas um novo rito que celebravam nas casas particulares: a Eucaristia, que, como é óbvio, não podiam celebrar no Templo. O original grego sugere mesmo que esta se celebrava, ora numa casa, ora noutra. Pode-se perguntar se a celebrariam diariamente. Não é certo, mas a sua celebração no «primeiro dia da semana» consta-nos de At 20,7.11; 1Cor 16,2; cf. Didaquê, 14,1, dia que já na época apostólica se começa a chamar «dia do Senhor», isto é, Domingo (cf. Ap 1,10).

«Com alegria». S. Lucas sublinha frequentemente esta alegria dos primeiros cristãos: (At 5,41; 8,8.39; 13,48-52; 15,3; 16,34), bem como o tom de louvor que havia na sua vida de oração (v. 47; cf. 3,8.9; 4,21; 10,46; 11,18; 13,48; 19,17; 21,20).

Segunda Leitura

Primeira Carta de São Pedro 1,3-9

S. Pedro lembra-nos que a fé nos enche de alegria já neste mundo, mesmo no meio das provações.

Em todos os domingos pascais deste ano A vamos ter como 2ª leitura um trecho da 1ª Carta de Pedro. Estes vv. têm um certo aspecto de hino trinitário de sabor baptismal (v. 3): dão-se graças ao Pai (v. 3-5; cf. Ef  2,4; Col 1,12), pela obra salvadora do Filho (v. 6-9); a referência ao Espírito Santo é deixada fora da leitura de hoje (vv. 10-12).

3-4 «Nos fez renascer pela Ressurreição». A Ressurreição de Jesus, facto realmente sucedido «ao terceiro dia», tem uma dimensão existencial que nos afeta «hoje, agora»: pela união a Cristo ressuscitado, também nós ressuscitamos para uma vida nova (cf. Rom 6,4-11), «renascemos para uma esperança viva» (cf. Jo 1, 13; 3,5-7; Gal 6,15; Tit 3,5); é assim a esperança cristã, não uma mera utopia: o seu objeto material é a verdadeira vida, a vida eterna: «uma herança que não se corrompe… herança reservada nos Céus para vós» (vv. 3-4).

6 «Isto vos enche de alegria». A esperança na «herança» e «salvação» eternas é fonte de alegria no meio das «diversas provações» pelas que «é preciso passar». Isto não tem nada de alienante, uma vez que o objeto da esperança, o Céu, tem existência real e está ao nosso alcance: a certeza da esperança é firmíssima e não nos deixa confundidos, uma vez que Deus é «omnipotente, infinitamente misericordioso e fidelíssimo às suas promessas», havendo apenas a recear de nós próprios, que podemos vir a ser infiéis a Deus e a seu plano salvador. Esta esperança no Céu é algo que responsabiliza os cristãos mais fortemente do que os demais cidadãos, uma vez que eles sabem que não podam chegar ao Céu se não se preocupam pelo bem dos seus semelhantes, incluindo o que respeita ao bem-estar material (cf. Mt 25,34-46).

«Sem O verdes ainda, acreditais n’Ele». É fácil descobrir nestas palavras uma alusão ao que, na Missa de hoje, Jesus diz a Tomé: «felizes os que acreditam sem terem visto».

A vida cristã, vida de ressuscitados com Cristo, é uma vida teologal, vida de fé, esperança e amor, a qual nos leva a estar «cheios de alegria inefável», já agora.

Evangelho

Segundo João 20,19-31

O Apóstolo João conta as aparições de Jesus ressuscitado no dia de Páscoa e no de Pascoela. Como então, Jesus está vivo no meio de nós. Aclamemo-Lo com alegria.

Neste breve relato pode ver-se como Jesus cumpriu a suas promessas que constam dos discursos de despedida: voltarei a vós (14,18) – pôs-se no meio deles (v. 19); um pouco mais e ver-Me-eis (16,16) –encheram-se de alegria por verem o Senhor (v. 20); Eu vos enviarei o Paráclito (16,7) – recebei o Espírito Santo (v. 22); ver também Jo 14,12 e 20,17.

19 «A paz esteja convosco!» Não se trata de uma mera saudação, a mais corrente entre os Judeus, mesmo ainda hoje. A insistência joanina nestas palavras do Senhor ressuscitado (vv. 19.21.26) – que, embora habituais, nunca são registadas nos Evangelhos! – é grandemente expressiva. De facto, com a sua Morte e Ressurreição Jesus acabava de nos garantir a paz, a paz com Deus, origem e alicerce de toda a verdadeira paz (cf. Jo 14,27; Rom 5,1; Ef 2,14; Col 1,20).

20 O mostrar das mãos e do peito acentua a continuidade entre o Jesus crucificado e o Senhor glorioso (cf. Hebr 2,18); a sua presença, que transcende a dimensão espácio-temporal (cf. vv. 19.26), é uma realidade que os enche de paz (vv. 19.21.26; cf. Jo 14,27; 16,33; Rom 5,1; Col 1,20) e de alegria (v. 20; cf. Jo 15,11; 16,20-24; 17,13). «Ficaram cheios de alegria» é uma observação que confere ao relato uma grande credibilidade; com efeito, naqueles discípulos espavoridos (v. 19), desiludidos e estonteados, surge uma vivíssima reação de alegria, ao verem o Senhor; ao contrário do que era de esperar, não se verifica aqui o esquema habitual das visões divinas, as teofanias do A. T., em que sempre há uma reação de temor e de perturbação. A grande alegria dos Apóstolos procede da certeza da vitória de Jesus sobre a morte e também de verem como Jesus reatava com eles a intimidade anterior, sem recriminar a fraqueza da sua fé e a vergonha da sua deslealdade.

22 «Soprou sobre eles… Recebei o Espírito Santo». Este soprar de Jesus não é ainda «o vento impetuoso» do dia de Pentecostes; é um sinal visível do dom invisível do Espírito (em grego é a mesma palavra que também significa sopro). Esta efusão do Espírito Santo não aparece como a mesma que se dá 50 dias depois, na festa do Pentecostes. Aqui, tem por efeito conferir-lhes o poder de perdoar os pecados, poder dado só aos Apóstolos (e seus sucessores no sacerdócio da Nova Aliança), ao passo que no dia do Pentecostes é dado o Espírito Santo também a outros discípulos reunidos com Maria no Cenáculo, iluminando-os e fortalecendo-os com carismas extraordinários em ordem ao cumprimento da missão de que já estavam incumbidos.

23 «A quem perdoardes os pecados…»: não se trata de um mero preceito da pregação do perdão dos pecados que Deus concede a quem confia nesse perdão (interpretação protestante); é uma das poucas passagens da Escritura cujo sentido foi solenemente definido como verdade de fé: estas palavras «devem entender-se do poder de perdoar e reter os pecados no Sacramento da Penitência» (DzS 913); o mesmo Concílio de Trento também se baseia nestas palavras para falar da necessidade de confessar todos os pecados graves depois do Batismo, uma doutrina que tem vindo a ser reafirmada pelo Magistério: «a doutrina do Concílio de Trento deve ser firmemente mantida e aplicada fielmente na prática»; por isso, os fiéis que, em perigo de morte ou em caso de grave necessidade, tenham recebido legitimamente a absolvição comunitária ou coletiva de pecados graves ficam com a grave obrigação de os confessar dentro de um ano (Normas Pastorais da Congregação para a Doutrina da Fé, 16-VI-1972); cf. Motu próprio de João Paulo II Misericórdia Dei (7.4.2002) e Código D. C., nº 960.

«Ser-lhes-ão perdoados»: esta expressão é muito forte, pois temos aqui o chamado passivum divinum, isto é, o uso judaico da voz passiva para evitar pronunciar o nome inefável de Deus; sendo assim, a expressão corresponde a «Deus lhes perdoará», e «serão retidos» equivale a «serão retidos por Deus», isto é, Deus não perdoará.

24 «Tomé», nome aramaico Tomá significa «gémeo»; em grego, dídymos.

29 «Felizes os que acreditam sem terem visto». Para a generalidade dos fiéis, a fé (dom de Deus) não tem mais apoio humano verificável do que o testemunho grandemente crível da pregação apostólica e da Igreja através dos séculos (cf. Jo 17,20). Para crer não precisamos de milagres, basta a graça, que Deus nunca nega a quem busca a verdade com humildade e sinceridade de coração. O fato de as coisas da fé não serem evidentes, nem uma mera descoberta da razão, só confere mérito à atitude do crente, que crê porque Deus, que revela, não se engana nem pode enganar-nos. Por isso, Jesus proclama-nos «felizes», ao submetermos o nosso pensamento e a nossa vontade a Deus na entrega que o ato de fé implica. Tanto Tomé, naquela ocasião, como nós, agora, temos garantias de credibilidade suficientes para aceitar a Boa Nova de Jesus: as nossas escusas para não crer são escusas culpáveis, escusas de mau pagador. Também as estrelas não deixam de existir pelo facto de os cegos não as verem.

30-31 Temos aqui a primeira conclusão do Evangelho de S. João que nos deixa ver o objetivo que o Evangelista se propôs. Este Evangelho foi escrito para crermos que «Jesus é o Messias, o Filho de Deus». Note-se que a fé não é uma mera disposição interior de busca ou caminhada sem uma base doutrinal, um conteúdo de ensino (cf. Rom 6, 17), pois exige que se aceitem «verdades» como esta, a saber, que Jesus é o Filho de Deus, e Filho, não num sentido genérico, humano ou messiânico, mas o «Filho Unigênito que está no seio do Pai» (Jo 1,18), verdadeiro Deus, segundo a confissão de S. Tomé: «Meu Senhor e meu Deus»(v. 28; cf. Jo 1,1; Rom 9,5). Há quem veja o Evangelho segundo S. João contido dentro de uma grande inclusão, que põe em evidência a divindade de Cristo: Jo 1,1 (O Verbo era Deus) e Jo 20,28 (meu Senhor e meu Deus), tendo como centro e clímax a afirmação de Jesus: Eu e o Pai somos Um (10,30).

Sugestão para reflexão

Meu Senhor e meu Deus

S. João conta-nos como Jesus apareceu aos Apóstolos no domingo de Páscoa e, depois, no de Pascoela, que hoje recordamos. E como tiveram dificuldade em acreditar na ressurreição do Mestre.

«Bem aventurados os que não viram e acreditaram» – diz-lhes. Não vemos a Jesus, mas sabemos que está vivo aqui conosco, porque Ele o disse.

As dúvidas de Tomé, permitidas por Deus, reforçam a nossa fé. Vemos que não eram crédulos nem se deixaram levar por fantasias.

Ao tocar nas chagas, o apóstolo faz um ato de fé muito belo na divindade de Jesus. É uma oração muito bonita que podemos repetir muitas vezes, durante a Santa Missa, saboreando-a no íntimo da nossa alma: Meu Senhor e meu Deus!

Muitos hoje não querem acreditar naquilo que Jesus ensinou mas vão para a bruxa, para os astrólogos e para as seitas que os iludem e exploram.

Temos de procurar conhecer sempre melhor o que Deus nos revelou e continua a ensinar-nos pela Sua Igreja. Não basta dizer que acreditamos.

Temos de tomar a sério o que Jesus nos disse, sem discutir o que não agrada. O pecado de heresia está em negar alguma verdade revelada ou pô-la em dúvida. O papa João Paulo I ensinava numa das suas catequeses: «A minha mãe dizia-me quando já era crescido: Em pequeno estiveste muito doente; tive de levar-te de um médico para outro e velar noites inteiras; acreditas no que te digo? Como poderia eu dizer: – mãe, não creio? Mas sim: creio. Creio o que me dizes, mas creio-te sobretudo a ti. Assim acontece com a fé. Não se trata só de crer no que Deus revelou, mas sim a Ele, que merece a nossa fé, que nos amou tanto e tanto fez por nosso amor» (Aloc.13-IX-78)

Fonte: presbiteros.com.br
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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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