terça-feira, 2 de maio de 2017

Eucaristia, cume e fonte da vida da Igreja - Dom Alberto Taveira

Após a Ressurreição, o Senhor Jesus se manifestou de diversas formas a seus discípulos, possibilitando-lhes reconhecê-lo vivo e presente. Foram episódios destinados a suscitar a fé nas sucessivas gerações de cristãos, e nelas nos encontramos. É o que o Evangelho de São João nos assegura: “Jesus fez diante dos discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo 20,30-31).

Todas as aparições do Senhor indicam um roteiro da fé. Num primeiro momento, Madalena pensa estar diante de um jardineiro, os discípulos no Cenáculo acham que é um fantasma, de outra vez o confundem com um pescador à margem do lago e os viajantes de Emaús o consideram um andarilho! Depois, há um sinal dado pelo próprio Jesus, seja o nome “Maria”, ou a partilha de pão e peixe no Cenáculo ou à beira da praia e a Fração do Pão, quando em Emaús pediram insistentemente ao misterioso personagem: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando! Ele entrou para ficar com eles” (Lc 24, 29). Reconhecido, chamado de Mestre ou suscitando temor ou alegria, quando dizem uns aos outros “é o Senhor” (Jo 21, 7), abre-lhes os olhos e os corações. Aprendem que não pode ser retido, já que agora o modo de conhecê-lo é diferente (Cf. Jo 20, 17). Terceiro passo é o envio missionário! Maria Madalena deve fazer- se apóstola dos apóstolos, os amigos de Emaús correm a levar a notícia à Igreja reunida, na qual já acontecera a experiência do Ressuscitado (Cf. Lc 24, 35). O grupo dos apóstolos recebe a tarefa do anúncio do Evangelho de forma solene: “Assim está escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, e no seu nome será anunciada a conversão, para o perdão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas destas coisas. Eu enviarei sobre vós o que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na cidade até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,46-48).


O relato da experiência dos discípulos de Emaús é uma referência importante para o percurso evangelizador a ser vivido pela Igreja e por todos os cristãos. Muitas são as estradas, os encontros e desencontros, angústias e eventuais decepções. E um desconhecido, sem nome próprio, escondido em andrajos, parecido com moradores de rua de nossas cidades, apresenta-se apenas a caminhar. Aqui nasce um apelo a olhos que se abram, sem deixar passar em vão as pessoas, tenham a aparência, idade, raça, cor, classe social ou convicção religiosa. Todos os nossos encontros com as pessoas podem ser atos de evangelização, se tivermos rosto e gestos de Boa Nova, e esta vem a ser acolhida e transformada em atos de amor. No juízo final, mesmo os gestos feitos sem “intenção explícita” não ficarão esquecidos. Teremos gratas surpresas ao tomar consciência, diante do Senhor, de quanto valorizou o amor praticado nesta terra. Mas também a certeza de que a negação do amor conta aos olhos de Deus! A grandeza do amor de Deus nos dá as questões a serem apresentadas na prova final!

Ao longo do caminho de nossa vida, duas atitudes se fazem necessárias e urgentes. Desde sempre, a Palavra de Deus nos é anunciada e proclamada com força pela Igreja. A Sagrada Escritura, cujo centro é o próprio Cristo (Cf. Lc 24, 25-27) tem sido divulgada de todas as formas. De Samuel se disse que “crescia e o Senhor estava com ele. E não deixava sem efeito nenhuma de suas palavras” (1 Sm 3, 19). Ter ouvido de discípulo (Cf. Is 50,4-7) para prestar atenção a todas as palavras do Senhor. Depois, cada pessoa pode encontrar seu modo de anunciar esta Palavra, começando pelo testemunho, passando pelos grupos de reflexão e oração, para alcançar o anúncio explícito da Palavra, dom recebido por tantas pessoas.

Desde o início do processo evangelizador, quando são sinceras e autênticas as intenções dos corações, certamente os corações “ardem” como aconteceu com os discípulos de Emaús. E esta é uma oportunidade para recordarmos, agradecidos, por todas as vezes em que o Espírito do Senhor iluminou e aqueceu, na gratuidade de seu amor, nossas mentes e corações, tantas vezes sem inteligência e lentos para crer. Sim, à luz da experiência de pioneiros da fé, também nossas sadias emoções com o que vem de Deus sejam valorizadas. Quem não se lembra de uma experiência de oração, ou a escuta de uma pregação e, mais ainda, as celebrações litúrgicas bem preparadas e vividas, que tocaram profundamente e regaram a secura de nossos desertos pessoais?

Entretanto, a companhia misteriosa e eloquente do Divino Viandante criou um clima indescritível à chegada do vilarejo de Emaús: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando” (Lc 24, 29). O testemunho de comunhão é potência evangelizadora irresistível para o nosso tempo. Os cristãos são desafiados a se tornarem especialistas em humanidade renovada, na capacidade de escuta, diálogo, superação de julgamentos, criação de laços consistentes, misericórdia e perdão. A cura das relações humanas se encontra no segredo da presença de Jesus em nosso meio (Cf. Mt 18, 20), cuja força experimentaram nossos amigos de Emaús e nos legaram este caminho, disponível para o tu a tu de cada contato entre as pessoas e no relacionamento entre as pessoas nas famílias e nas comunidades.

E os passos da Evangelização conduzem à revelação de Jesus, quando “tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía” (Lc 24, 30). Não é difícil identificar a semelhança com a narrativa da instituição da Eucaristia! Na Igreja, o máximo da revelação de Jesus Cristo é a “Fração do Pão”, o primeiro nome da Eucaristia, que chamamos de Missa e também Ceia do Senhor. O desafio é que nossos olhos se abram e reconheçamos Jesus Cristo em cada Missa de que participamos. Viver durante a semana, mergulhados no amor a Deus testemunhado no amor e no serviço do próximo, ouvir e guardar sua palavra num coração bom e puro, comunicá-la aos outros, cultivar o relacionamento fraterno na caridade, servir a todos, especialmente os mais pobres! Tudo levará à necessidade de alcançar o cume da vida cristã, na Missa Dominical. E da Missa bem vivida brotarão rios de água viva, para que os cristãos se tornem sal, luz e fermento em todos os ambientes.

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará

Fonte: RCC Brasil
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