Após a Ressurreição, o Senhor Jesus se manifestou de
diversas formas a seus discípulos, possibilitando-lhes reconhecê-lo vivo e
presente. Foram episódios destinados a suscitar a fé nas sucessivas gerações de
cristãos, e nelas nos encontramos. É o que o Evangelho de São João nos
assegura: “Jesus fez diante dos discípulos muitos outros sinais, que não estão
escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo
20,30-31).
Todas as aparições do Senhor indicam um roteiro da fé. Num
primeiro momento, Madalena pensa estar diante de um jardineiro, os discípulos
no Cenáculo acham que é um fantasma, de outra vez o confundem com um pescador à
margem do lago e os viajantes de Emaús o consideram um andarilho! Depois, há um
sinal dado pelo próprio Jesus, seja o nome “Maria”, ou a partilha de pão e
peixe no Cenáculo ou à beira da praia e a Fração do Pão, quando em Emaús
pediram insistentemente ao misterioso personagem: “Fica conosco, pois já é
tarde e a noite vem chegando! Ele entrou para ficar com eles” (Lc 24, 29).
Reconhecido, chamado de Mestre ou suscitando temor ou alegria, quando dizem uns
aos outros “é o Senhor” (Jo 21, 7), abre-lhes os olhos e os corações. Aprendem
que não pode ser retido, já que agora o modo de conhecê-lo é diferente (Cf. Jo
20, 17). Terceiro passo é o envio missionário! Maria Madalena deve fazer- se
apóstola dos apóstolos, os amigos de Emaús correm a levar a notícia à Igreja
reunida, na qual já acontecera a experiência do Ressuscitado (Cf. Lc 24, 35). O
grupo dos apóstolos recebe a tarefa do anúncio do Evangelho de forma solene:
“Assim está escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro
dia, e no seu nome será anunciada a conversão, para o perdão dos pecados, a
todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois as testemunhas destas
coisas. Eu enviarei sobre vós o que meu Pai prometeu. Por isso, permanecei na
cidade até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,46-48).
O relato da experiência dos discípulos de Emaús é uma
referência importante para o percurso evangelizador a ser vivido pela Igreja e
por todos os cristãos. Muitas são as estradas, os encontros e desencontros,
angústias e eventuais decepções. E um desconhecido, sem nome próprio, escondido
em andrajos, parecido com moradores de rua de nossas cidades, apresenta-se
apenas a caminhar. Aqui nasce um apelo a olhos que se abram, sem deixar passar
em vão as pessoas, tenham a aparência, idade, raça, cor, classe social ou convicção
religiosa. Todos os nossos encontros com as pessoas podem ser atos de
evangelização, se tivermos rosto e gestos de Boa Nova, e esta vem a ser
acolhida e transformada em atos de amor. No juízo final, mesmo os gestos feitos
sem “intenção explícita” não ficarão esquecidos. Teremos gratas surpresas ao
tomar consciência, diante do Senhor, de quanto valorizou o amor praticado nesta
terra. Mas também a certeza de que a negação do amor conta aos olhos de Deus! A
grandeza do amor de Deus nos dá as questões a serem apresentadas na prova
final!
Ao longo do caminho de nossa vida, duas atitudes se fazem
necessárias e urgentes. Desde sempre, a Palavra de Deus nos é anunciada e
proclamada com força pela Igreja. A Sagrada Escritura, cujo centro é o próprio
Cristo (Cf. Lc 24, 25-27) tem sido divulgada de todas as formas. De Samuel se
disse que “crescia e o Senhor estava com ele. E não deixava sem efeito nenhuma
de suas palavras” (1 Sm 3, 19). Ter ouvido de discípulo (Cf. Is 50,4-7) para
prestar atenção a todas as palavras do Senhor. Depois, cada pessoa pode
encontrar seu modo de anunciar esta Palavra, começando pelo testemunho,
passando pelos grupos de reflexão e oração, para alcançar o anúncio explícito
da Palavra, dom recebido por tantas pessoas.
Desde o início do processo evangelizador, quando são
sinceras e autênticas as intenções dos corações, certamente os corações “ardem”
como aconteceu com os discípulos de Emaús. E esta é uma oportunidade para
recordarmos, agradecidos, por todas as vezes em que o Espírito do Senhor
iluminou e aqueceu, na gratuidade de seu amor, nossas mentes e corações, tantas
vezes sem inteligência e lentos para crer. Sim, à luz da experiência de
pioneiros da fé, também nossas sadias emoções com o que vem de Deus sejam
valorizadas. Quem não se lembra de uma experiência de oração, ou a escuta de
uma pregação e, mais ainda, as celebrações litúrgicas bem preparadas e vividas,
que tocaram profundamente e regaram a secura de nossos desertos pessoais?
Entretanto, a companhia misteriosa e eloquente do Divino
Viandante criou um clima indescritível à chegada do vilarejo de Emaús: “Fica
conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando” (Lc 24, 29). O testemunho de
comunhão é potência evangelizadora irresistível para o nosso tempo. Os cristãos
são desafiados a se tornarem especialistas em humanidade renovada, na
capacidade de escuta, diálogo, superação de julgamentos, criação de laços
consistentes, misericórdia e perdão. A cura das relações humanas se encontra no
segredo da presença de Jesus em nosso meio (Cf. Mt 18, 20), cuja força
experimentaram nossos amigos de Emaús e nos legaram este caminho, disponível
para o tu a tu de cada contato entre as pessoas e no relacionamento entre as
pessoas nas famílias e nas comunidades.
E os passos da Evangelização conduzem à revelação de Jesus,
quando “tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía” (Lc 24, 30). Não é
difícil identificar a semelhança com a narrativa da instituição da Eucaristia!
Na Igreja, o máximo da revelação de Jesus Cristo é a “Fração do Pão”, o
primeiro nome da Eucaristia, que chamamos de Missa e também Ceia do Senhor. O
desafio é que nossos olhos se abram e reconheçamos Jesus Cristo em cada Missa
de que participamos. Viver durante a semana, mergulhados no amor a Deus
testemunhado no amor e no serviço do próximo, ouvir e guardar sua palavra num
coração bom e puro, comunicá-la aos outros, cultivar o relacionamento fraterno
na caridade, servir a todos, especialmente os mais pobres! Tudo levará à
necessidade de alcançar o cume da vida cristã, na Missa Dominical. E da Missa
bem vivida brotarão rios de água viva, para que os cristãos se tornem sal, luz
e fermento em todos os ambientes.
Dom
Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do
Pará
Fonte: RCC
Brasil
Foto retirada da internet
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