Ó Deus, só vós sois santo e sem vós
ninguém pode ser bom. Pela intercessão de São Damião de Molokai, dai-nos viver
de tal modo, que não sejamos despojados da vossa glória. Por Cristo nosso
Senhor. Amém. São Damião de Molokai, rogai por nós.
Josef de Veuster-Wouters nasceu no dia 3 de janeiro de 1840, numa pequena
cidade ao norte de Bruxelas em Tremelo, na Bélgica. O sétimo de oito filhos de
Jan e Catherine, ingressou na Ordem dos Padres do Sagrado Coração em Lovaina. Em 7 de outubro de 1860,
na, aos dezenove anos de idade, entra para a Ordem dos Padres do Sagrado
Coração e toma o nome de Damião. Em seguida, é enviado para terminar seus
estudos num colégio teológico em Paris. Findo o noviciado, era o momento dos solenes votos
perpétuos de pobreza, castidade e obediência. A cerimônia deu-se em 7 de
outubro de 1860, na Casa principal da Congregação na Rua de Picpus, em Paris.
A vida de Damião começou a mudar quando completou vinte e um anos de
idade. Um bispo do Havaí, arquipélago do Pacífico, estava em Paris, onde
ministrava algumas palestras e pretendia conseguir missionários para o local.
Ele expunha os problemas daquela região e, especialmente, dos doentes de lepra,
que eram exilados e abandonados numa ilha chamada Molokai, por determinação do
governo.
Damião logo se interessou e se colocou à disposição para ir como
missionário à ilha. Alguns fatos antecederam a sua ida. Uma epidemia de febre
tifóide atingiu o colégio e seu irmão caiu doente. Damião ainda não era
sacerdote, mas estava disposto a insistir que o aceitassem na missão rumo a
Molokai. Escreveu uma carta ao superior da Ordem do Sagrado Coração, que,
inspirado por Deus, permitiu a sua partida. Assim, em 1863 Damião embarcava
para o Havaí, após ser ordenado sacerdote.
Chegando ao arquipélago, Damião logo se colocou a par da situação. A
região recebera imigrantes chineses e com eles a lepra. Em 1865, temendo a
disseminação da doença, o governo local decidiu isolar os doentes na ilha de
Molokai. Nessa ilha existia uma península cujo acesso era impossível, exceto
pelo mar. Assim, aquela península, chamada Kalauapa, tornou-se a prisão dos
leprosos.
Para lá se dirigiu Damião, junto de três missionários que iriam revezar
os cuidados com os leprosos. Os leprosos não tinham como trabalhar, roubavam-se
entre si e matavam-se por um punhado de arroz. Damião sabia que ficaria ali
para sempre, pois grande era o seu coração.
Naquele local abandonado, o padre começou a trabalhar. O primeiro passo
foi recuperar o cemitério e enterrar os mortos. Com frequência ia à capital,
comprar faixas, remédios, lençóis e roupas para todos. Nesse meio tempo,
escrevia para o jornal local, contando os terrores da ilha de Molokai. Essas
notícias se espalharam e abalaram o mundo, todo tipo de ajuda humanitária
começou a surgir. Um médico que contraíra a lepra ao cuidar dos doentes ouviu
falar de Damião e viajou para a ilha a fim de ajudar.
No tempo que passou na ilha, Damião construiu uma igrejinha de
alvenaria, onde passou a celebrar as missas. Também construiu um pequeno
hospital, onde, ele e o médico, cuidavam dos doentes mais graves. Dois
aquedutos completavam a estrutura sanitária tão necessária à vida daquele
povoado. Porém a obra de Damião abrangeu algo mais do que a melhoria física do
local, ele trouxe nova esperança e alívio para os doentes. Já era chamado
apóstolo dos leprosos.
Ao superior
geral da congregação, o Padre Damião escreveu em agosto de 1873: "eis-me
aqui, reverendíssimo padre, em meio a meus queridos leprosos. São muito
hediondos de ver, porém têm uma alma resgatada pelo preço do sangue adorável de
nosso divino Salvador. Ele também, em Seu divino amor, consolou os leprosos. Se
eu não os posso curar como Ele, ao menos os posso consolar, e pelo santo
ministério que Sua bondade me confiou espero que muitos entre eles, purificados
da lepra da alma, apresentem-se ao Seu tribunal em estado de entrar na
sociedade dos bem-aventurados".
Numa noite de 1885, Damião colocou o pé esquerdo numa bacia com água
muito quente. Percebeu que tinha contraído a lepra, pois não sentiu dor alguma.
Havia passado cerca de dez anos desde que ele chegou à ilha e, milagrosamente,
não havia contraído a doença até então. Com o passar do tempo, a doença o tomou
por inteiro.
Em uma carta dirigida a um escritor que visitara aquela colônia de
leprosos, o Pe. Damião escreveu em outubro de 1885: "Desde o mês de março
passado meu correligionário, o Pe. Alberto, deixou Molokai e o arquipélago para
regressar a Tahiti. Desde então sou o único sacerdote em Molokai e tenho a fama
de estar atacado eu próprio pela terrível doença. Os micróbios da lepra se
instalaram finalmente na minha perna esquerda e na orelha. Minhas pálpebras
começam a cair. Me é impossível viajar a Honolulu, pois a lepra se faz visível.
Logo minha figura ficará deteriorada, suponho. Estando certo de que a doença é
real, permaneço tranqüilo e resignado, e até sou mais feliz entre as pessoas
aqui. O bom Deus sabe o que é melhor para minha santificação, e nesta convicção
digo todos os dias um bom 'fiat voluntuas tua' [seja feita a tua vontade].
Tenha a bondade de rezar por este seu amigo provado e recomendar-me, assim como
aos meus desventurados leprosos, a todos os servidores de Deus".
Anos depois, em meio aos sofrimentos finais de sua enfermidade, o Pe.
Damião salientou: "o Senhor me condecorou com sua cruz particular: a
lepra".
Em 19 de
março de 1889 completou 25 anos de ordenação presbiteral, porém no dia 28 do
mesmo mês prostrou-se em seu leito para não mais o deixar, pois seu estado
de saúde se agravou. Fez uma confissão geral ao Padre Wendelin Moellers, que o assistiu,
o qual em seguida confessou-se ao santo homem que ali jazia, e em seguida ambos
renovaram os votos religiosos. Esse sacerdote foi encarregado pelo Padre Damião
de dizer ao superior geral que seu "mais doce consolo nesses momentos era
morrer membro da Congregação dos Sagrados Corações".
Em 15 de
abril de 1889, após quase 16 anos entre os leprosos de Molokai e tendo-se
tornado um deles, o Padre Damião partiu para a eternidade. Contava apenas 49
anos, mas a aparência lhe atribuía idade muito superior. Foi sepultado no
cemitério da comunidade em que vivia, mas em 1936 seus restos mortais
retornaram à Bélgica, sendo postos em um jazigo na igreja dos Sagrados
Corações, em Louvain.
Por ocasião
da beatificação feita por João Paulo II em 1995 os ossos de sua mão direita -
que tanto batizou, ungiu, consagrou, abençoou - retornaram ao Havaí. O
sacerdote missionário em 11 de outubro de 2009 passou a ser chamado São Damião
de Molokai, canonizado pelo Papa Bento XVI. Padroeiro dos leprosos sua festa
litúrgica é celebrada em 10 de maio, sendo que no Havaí é celebrado em 15 de
abril.
“A Igreja tem entre os seus
milhares de pessoas que, como ele, sacrificaram sua vida em serviço dos
leprosos. Valeria a pena pesquisar em qual fonte tal heroísmo se alimenta". (Mahatma Ghandi)
Fonte:
Edições Paulinas - Arautos do Evangelho - Wikipédia
Foto retirada da internet
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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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