É mais feliz quem partilha com os necessitados do que quem
se enriquece com a exploração e o sacrifício dos outros. Como dizia Santa
Tereza de Calcutá: “A pessoa era tão pobre, tão pobre, que só tinha dinheiro”.
Era egoísta e não se preocupava com as necessidades das pessoas ao seu redor.
Parece que isso caracteriza a cultura capitalista selvagem, que só pensa em
riqueza e mais riqueza.
O critério dos países não privilegia a partilha. Ele está
centrado no conceito de crescer cada vez mais. O referencial é o mercado
internacional e o domínio econômico. Para isso usam de todos os meios, lícitos
e ilícitos, passam por cima das próprias leis e exploram a natureza de forma
irracional. Creio que precisam crescer menos para que as pessoas sejam mais
felizes.
A partilha não é diferente de um banquete, onde deve reinar
a alegria, a convivência e a fraternidade. Ali não cabe a participação de quem
rejeita o verdadeiro amor e é incapaz de perceber o amor de Deus e suas bênçãos.
Parece como aquela pessoa do Evangelho, que foi para a festa sem a roupa
adequada, isto é, que não tinha a disposição do coração para seguir os
indicadores do momento.
Determinadas práticas comunitárias exigem das pessoas
mudança de “veste”, de atitudes, para não ficar na superficialidade em suas
ações e comprometer-se na construção do bem. Despirem-se principalmente do
egoísmo, do individualismo e da falsa capacidade de vida nova. As riquezas do
Brasil são como um grande banquete, onde muita gente fica apenas com migalhas.
Não ajuda o mundo ficar partilhando violência, vingança,
desemprego, vícios e uma cultura sem ética e sem moral. As consequências não
são saudáveis para ninguém e nem melhora a qualidade de vida das pessoas. Algum
tipo de roupagem, que adorna a sociedade brasileira, precisa ser revisto. Há
uma crosta de injustiça cobrindo o país, impedindo seu real desenvolvimento.
A maioria dos brasileiros caminha atropelada por altos e
baixos, mas tem que viver em qualquer situação, de penúria ou de abundância,
carregando o peso, ou não, do sofrimento causado alhures por todo o país. Por
causa da estrutura histórica da nação, grande parte de sua população não
experimenta a alegria de contar com o necessário para construir uma vida feliz.
Dom
Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba
Fonte: Rádio
Vaticano
Foto retirada da internet
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