Ao celebrarmos, ó Deus, a gloriosa
Memória da Santa Virgem Maria, concedei-nos, por sua intercessão, participar da
plenitude da vossa graça. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na
unidade do Espírito Santo. Amém. Nossa Senhora, rogai por nós!
Maria a escolhida para ser a Mãe do
Salvador e que por Ele foi eleita a Mãe da Igreja, que é considerada na cultura
oriental a “Mãe
de Deus”, consagrou-se inteiramente a esse Deus, já aos três anos de
idade. A origem da comemoração está intimamente ligada a dedicação da igreja de
Santa Maria Nova no ano de 543 em Jerusalém. Inicialmente era festejada no Oriente já no
século VI.
Tudo
que sabemos da apresentação de Nossa Senhora no templo, sabemo-lo por lendas e
informações extra-bíblicas (principalmente pelo proto-Evangelho de Tiago), o
que não quer dizer que o assunto da festa careça de probabilidade histórica.
Segundo uma piedosa lenda, Maria Santíssima, tendo apenas três anos de idade,
foi pelos pais, em cumprimento de uma promessa, levada ao templo, para ali, com
outras meninas, receber educação adequada à sua idade e posição. A Igreja
oriental distinguiu este fato com as honras de uma festa litúrgica.
A
Igreja ocidental conhece a comemoração da Apresentação de Nossa Senhora desde o
século VIII. Estabelecida primeiramente pelo Papa Gregório XI, em 1372,
só para a corte papal, em Avignon, em 1585, Sixto V ordenou que fosse celebrada
em toda a Igreja.
A
Apresentação de Nossa Senhora encerra dois sacrifícios: A dos pais e da menina
Maria. Diz a lenda que Joaquim e Ana ofereceram a Deus a filhinha no templo,
quando esta tinha três anos. Sem dúvida, foi para estas santas pessoas um
sacrifício muito grande separar-se da filhinha que se achava numa idade em que
há pais que queiram confiar os filhos a mãos estranhas. Três anos é a
idade em que a criança já recompensa de algum modo os trabalhos e
sacrifícios dos pais, formulando palavras e fazendo já exercícios mentais
que encantam e divertem, dando ao mesmo tempo provas de gratidão e
amor filiais.
São
Joaquim e Santa Ana não teriam experimentado o sacrifício em toda a sua
amargura? O coração dos amorosos pais não teria sentido a dor da
separação? Que foi que os levou a fazer tal sacrifício? A lenda
fala de um voto que tinham feito. Votos desta natureza não eram raros no Antigo
testamento. As crianças eram educadas em colégios anexos ao templo, e ajudavam
nos múltiplos serviços e funções da casa de Deus. Não erramos em supor
que Joaquim e Ana, quando levaram a filhinha ao templo, fizeram-no por
inspiração sobrenatural, querendo Deus que sua futura esposa e mãe recebesse
uma educação e instrução esmeradíssima.
Grande
era o sacrifício de Maria. Não resta dúvida que para Maria, a criança entre
todas as mais privilegiada, a cerimônia da apresentação significava
mais que a entrada no colégio do templo. Maria reconhecia em tudo uma solene
consagração da vida a Deus, a oferta de si mesma ao Supremo Senhor. O
sacrifício que oferecia, era a oferta das primícias, e as primícias, por mais
insignificantes que sejam, são preciosas por serem uma demonstração da
generosidade do ofertante, e uma homenagem a quem as recebe. Maria
ofereceu-se sem reserva, para sempre, com contentamento e júbilo. O que o
salmista cantou, cheio de entusiasmo, traduziu-se na alma da bem-aventurada
menina: “Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! A minha
alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor”. E entrarei junto ao
altar de Deus; do Deus que alegra a minha mocidade.
Que
espírito, tanto nos santos pais como na santa menina! Que espetáculo para
o céu e para os homens! O que encanta a Deus e lhe atrai a graça,
em toda a plenitude edifica e enleva a todos que se ocupam deste mistério
na vida de Nossa Senhora. Poderá haver coisa mais bela que a piedade, o
desprendimento completo no serviço do Senhor?
A
vida de Maria Santíssima no templo foi a mais santa, a mais perfeita que se
pode imaginar. O templo era a casa de Deus e na proximidade de Deus se sentia
bem a bela alma em flor. “O passarinho acha casa para si e a rôla ninho
nos altares do Senhor dos Exércitos, onde um dia é melhor que mil nas tendas
dos pecadores”. Santo era o lugar onde Maria vivia. Era o templo onde os
antepassados tinham feito orações, celebrado as festas; era o templo onde se
achava o santuário do Antigo testamento, a arca, o trono de Deus no meio do
povo; era o templo afinal, de que as profecias diziam que o Messias nele devia
fazer entrada.
Naquele
templo a menina Maria rezava e se preparava para a grande missão que Deus lhe
tinha reservado. “Como os olhos da serva nas mãos da Senhora, assim os
olhos de Maria estavam fitos no Senhor seu Deus”. Segundo uma revelação com que
Maria agraciou a Santa Isabel de Turíngia todas as orações feitas naquele tempo
se lhe resumiram no seguinte:
- Alcançar
as virtudes da humildade, paciência e caridade.
- Conseguir
amar e odiar tudo que a Deus tem amor ou ódio.
- Amar
o próximo e tudo que lhe é caro.
- A
conservação da nação e do templo, a paz e a plenitude das graças de Deus.
- Finalmente
ver o Messias e poder servir a sua santa Mãe.
Maria
era o modelo de obediência, amor e respeito para com os superiores de caridade
e amabilidade para com as companheiras. Tinha o coração alheio à
antipatia, à rixa, ao azedume e ao amor próprio. Maria era uma menina humilde,
despretensiosa e amante do trabalho. Com afã lia e estudava os Santos Livros.
Como
as meninas do Colégio do templo se ocupavam de outros trabalhos
concernentes ao serviço santo, é provável que Maria tenha recebido
instruções sobre diversos trabalhos, como fossem: Pintura, trabalhos
de agulha, canto e música. É opinião de muitos que o grande véu do
templo, que na hora da morte de Jesus se partiu de alto a baixo, tenha sido
confeccionado por Maria Santíssima e as companheiras.
Assim
foi santíssima a vida de Maria no templo. O Divino Espírito Santo lapidou o
coração e o espírito da esposa, mais do que qualquer outra
criatura. Maria poderia aplicar a si as palavras contidas no
Eclesiástico: “Quando ainda era pequena, procurei a sabedoria na oração. Na
entrada do templo instava por ela... Ela floresceu como uma nova temporã. Meu
coração nela se alegrou e desde a mocidade procurei seguir-lhe o rastro”.
É
de admirar que Maria, assim amparada pelos cuidados humanos e divinos,
progredisse de virtude em virtude? De Nosso Senhor o Evangelho constata
diversas vezes esta circunstância. Como Jesus, também Maria cresceu em
graça e sabedoria diante de Deus e dos homens. Este crescimento a Igreja
contempla-o em imagens grandiosas traçadas no Livro do Eclesiástico: “Sou
exaltada qual cedro no Líbano, e qual cipreste no monte Sião. Sou exaltada qual
palma em Cedes e como rosais em
Jericó. Qual oliveira especiosa nos campos e qual
plátano, sou exaltada junto da água nas praças. Assim como o cinamomo e o
bálsamo que difundem cheiro, exalei fragrância; como a mirra escolhida
derramei odor de suavidade na minha habitação; como uma vide, lancei
flores| de um agradável perfume e as minhas flores são frutos de honra e
de honestidade”. Nunca houve mocidade tão santa e
esplendorosa como a de Maria Santíssima. Outra não poderia ser, devendo
Maria preparar-se para a realização do mistério dos mistérios; da
Encarnação do Verbo Eterno.
ORAÇÃO: Salve,
ó Mãe da esperança, da piedade e do perdão; ó Mãe de Deus e Mãe da graça, plena
de santa exultação. Vale florindo a flor da graça, toda a delícia flui de vós. De
nossa dor compadecida, ó Santa Mãe, rogai por nós. O Pai supremo vos criou, em
vós o Filho se encarnou. Fostes fecunda pelo Espírito. Aos Três, a glória e o
louvor. Santa Mãe Maria, rogai por nós!
Fonte: Missal Cotidiano / paginaoriente.com
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