Solenidade: Jesus Cristo Rei do
Universo
Primeira Leitura: Profecia de
Ezequiel 34,11-12.15-17
Assim diz o Senhor
Deus: “Vede! Eu mesmo vou procurar minhas ovelhas e tomar conta delas. Como o
pastor toma conta do rebanho, de dia, quando se encontra no meio das ovelhas
dispersas, assim vou cuidar de minhas ovelhas e vou resgatá-las de todos os
lugares em que foram dispersadas num dia de nuvens e escuridão. Eu mesmo vou
apascentar as minhas ovelhas e fazê-las repousar - oráculo do Senhor Deus. Vou
procurar a ovelha perdida, reconduzir a extraviada, enfaixar a da perna
quebrada, fortalecer a doente, e vigiar a ovelha gorda e forte. Vou
apascentá-las conforme o direito. Quanto a vós, minhas ovelhas - assim diz o
Senhor Deus -, eu farei justiça entre uma ovelha e outra, entre carneiros e
bodes”. - Palavra do Senhor.
Comentário: Cristo Rei é o Bom Pastor. Nenhuma
das ovelhas, cada um de nós que o diga, pode queixar-se. A leitura é tirada da
secção que contém uma série de oráculos animadores e de esperança de salvação,
proferidos depois da queda de Jerusalém. A aplicação desta profecia a Jesus é
uma forma de apresentar Jesus na sua condição divina: «Eu apascentarei as
minhas ovelhas» (v. 15; Jo 10,1-16); «Hei de procurar a que anda perdida» (Lc
15,4-7). Também no A.T. o rei é chamado pastor; daqui se justifica a esta
leitura da Solenidade de Cristo Rei. Também no Evangelho Jesus aparece como
Rei-Pastor, a separar as ovelhas dos cabritos exercendo o papel de Rei (Mt 25,34)
e Juiz. (Presbíteros)
Salmo: 22,1-2a.2b-3.5-6
(R.1)
O Senhor é o
pastor que me conduz; não me falta coisa alguma.
Pelos prados e
campinas verdejantes ele me leva a descansar. Pelas águas repousantes me
encaminha, e restaura as minhas forças. Preparais à minha frente uma mesa, bem
à vista do inimigo, e com óleo vós ungis minha cabeça; o meu cálice transborda.
Felicidade e todo bem hão de seguir-me por toda a minha vida; e, na casa do
Senhor, habitarei pelos tempos infinitos.
Segunda Leitura: 1ª Carta de São
Paulo aos Coríntios 15,20-26.28
Irmãos: Na
realidade, Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. Com
efeito, por um homem veio a morte, e é também por um homem que vem a
ressurreição dos mortos. Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo
todos reviverão. Porém, cada qual segundo uma ordem determinada: Em primeiro
lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião
de sua vinda. A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus-Pai,
depois de destruir todo principado e todo poder e força. Pois é preciso que ele
reine, até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. O último
inimigo a ser destruído é a morte. E, quando todas as coisas estiverem
submetidas a ele, então o próprio Filho se submeterá àquele que lhe submeteu
todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos. - Palavra do Senhor.
Comentário: Se em Adão todos morreram, em
Cristo todos são restituídos à vida. Cristo entregará o reino a Deus Seu Pai. S.
Paulo começando por se apoiar no facto real da Ressurreição de Cristo, procura
demonstrar a verdade da ressurreição dos mortos (vv. 1-19). Nestes versículos
22 e 23, diz que «Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que
morreram» (v. 20). As primícias eram os primeiros frutos do campo que se deviam
oferecer a Deus e só depois se podia comer deles (Ex 28; Lv 23,10-14; Nm 15,20-21).
De igual modo, Cristo nos precede na ressurreição. Nós havemos de ressuscitar
«por ocasião da sua vinda» (v. 23). Não se pode confundir esta ressurreição
sobrenatural e misteriosa de que aqui se fala com a imortalidade da alma. O
Credo do Povo de Deus de Paulo VI, no nº 28, diz: «Cremos que as almas de todos
aqueles que morrem na graça de Cristo – tanto as que ainda devem ser
purificadas com o fogo do Purgatório, como as que são recebidas por Jesus no
Paraíso logo que se separem do corpo, como o Bom Ladrão – constituem o Povo de Deus
depois da morte, a qual será destruída por completo no dia da Ressurreição, em
que as almas se unirão com os seus corpos». 24 «Quando Cristo entregar o reino
a Deus, seu Pai». Isto parece indicar que, na consumação dos tempos, cessará a
função redentora de Jesus Cristo, quando todos os eleitos tiverem atingido a
plenitude da salvação – fruto da obra do próprio Cristo. Com a ressurreição
final a obra da Redenção fica plenamente cumprida. É este também o sentido do
último versículo da leitura (v. 28). 26 «O último inimigo a ser aniquilado é a
morte»: Paulo gosta de apresentar a morte como personificada: uma força viva
que acaba por levar o golpe fatal com a ressurreição final (1Cor 15,54-55). 28
«Deus seja tudo em todos» (cf. v. 24 e nota). Com a vitória final de Cristo na
consumação dos tempos, todos os redimidos pertencerão totalmente ao Pai, Deus
que será tudo para eles. (Presbíteros)
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 25,31-46
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Quando o Filho
do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se
assentará em seu trono glorioso. Todos os povos da terra serão reunidos diante dele,
e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos
cabritos. E colocará
as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei
dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino
que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! Pois eu estava
com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era
estrangeiro e me recebestes em casa; eu estava nu e me vestistes; eu estava
doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar’. Então os
justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de
comer? Com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos como estrangeiro e
te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando foi que te vimos doente
ou preso e fomos te visitar?’ Então o Rei lhes responderá: ‘Em
verdade eu vos digo que todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus
irmãos, foi a mim que o fizestes!’ Depois
o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o
fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. Pois eu
estava com fome e não me destes de comer; eu estava com sede e não me destes de
beber; eu era estrangeiro e não me recebestes em casa; eu estava nu e não me
vestistes; eu estava doente e na prisão e não me fostes visitar’. E responderão
também eles: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como
estrangeiro, ou nu, doente ou preso, e não te servimos?’ Então o Rei lhes
responderá: ‘Em verdade eu vos digo: todas as vezes que não fizestes isso a um
desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes!’ Portanto, estes irão para
o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna” - Palavra da Salvação.
Comentário: A cena do juízo final comporta vários elementos novos,
em relação à mentalidade judaica, em voga entre os discípulos de Jesus. Diante
do Messias-juiz, revestido de glória e majestade, deverão comparecer todos os
povos, independentemente de sua origem étnica ou tradição religiosa. O crivo do
juízo será aplicado a todos, sem distinção. A bênção reservada para os eleitos
é obra divina, "desde a criação do mundo". Já a maldição, reservada
aos condenados, foi preparada "pelo diabo e por seus anjos".
Portanto, quando alguém é votado à sorte dos malditos, frustra-se nele o
projeto de Deus. O critério usado no julgamento é o amor ao próximo, de modo
especial o pobre e marginalizado. Julga-se a capacidade humana de sair do
próprio egoísmo e ir ao encontro das carências do semelhante. O rei Jesus
sente-se pessoalmente tocado com cada gesto de amor ou de egoísmo em relação ao
necessitado: "a mim o fizeste", "não fizeste a mim". As
observâncias religiosas ficam em segundo plano. A santidade obtida por meio
delas, mas sem o amor essencial, mostrar-se-á inútil no encontro derradeiro com
o Senhor. O juízo final, ao revelar quem é quem, provocará inúmeras surpresas.
Muitos que não contavam com a salvação serão salvos por terem vivido o
mandamento do amor. Muitos que se tinham como santos serão condenados, pois, no
fundo, foram egoístas empedernidos. (Padre Jaldemir
Vitório/Jesuíta)
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
Foto retirada da internet
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