O
34º Domingo do Tempo Comum ou o penúltimo domingo de novembro finaliza o ano
litúrgico e nele celebramos a Solenidade de Cristo, Rei do Universo. A
Festa de Cristo Rei é uma das festas mais importantes no calendário litúrgico,
nela celebramos aquele Cristo que é o Rei do universo. O seu Reino é o Reino da
verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz.
Esta festa
foi estabelecida pelo Papa Pio XI em 11 de março 1925. O Papa quis motivar os católicos para
reconhecer em público que o líder da Igreja é Cristo Rei. Mais tarde a data da
celebração foi mudada dando um novo senso.
O ano
litúrgico termina com esta que salienta a importância de Cristo como centro da
história universal. É
o alfa e o ômega, o princípio e o fim. Cristo reina nas pessoas com a mensagem
de amor, justiça e serviço. O Reino de Cristo é eterno e universal, quer dizer,
para sempre e para todos os homens.
Esta
festa tem um sentido escatológico na qual nós celebramos Cristo como Rei de
todo o universo. Nós sabemos que o Reino de Cristo já começou a partir de sua
vinda na terra, porém Cristo não reinará definitivamente em todos os homens até
que volte ao mundo com toda a sua glória no final dos tempos. Jesus nos antecipou
sobre esse grande dia, em Mateus 25, 31-46.
Na
festa de Rei de Cristo celebramos que Cristo pode começar a reinar em nossos
corações no momento em que nós permitimos isto a ele, e o Reino de Deus pode
deste modo fazer-se presente em nossa vida. Desta forma estabelecemos o Reino
de Cristo de agora em diante em nós mesmos e em nossas casas, emprego e vida.
Pe. Anderson Marçal: A solenidade
deste último domingo do ano litúrgico da Igreja nos coloca frente à realeza de
Jesus. (...) Afinal, de que realeza se trata?
Para superar a ambiguidade que
permanece, precisamos ir além da visão do Apocalipse, cujo hino na segunda
leitura canta que “Jesus é o soberano de todos os reis da terra”. Ora, reis e
rainhas não servem de modelo para a representação gloriosa de Jesus. Mesmo que
seja para colocá-Lo acima de todos os soberanos. Riquezas, palácios, criadagem
e exércitos não são elementos que sirvam para exaltar a entrega de Jesus por
nós. Jesus está na outra margem, Ele é a antítese da realeza da riqueza e do
poder. Não é por acaso que os evangelhos da liturgia de hoje, nos ciclos
litúrgicos A, B, e C da Igreja, sempre nos colocam no contexto da Paixão de
Jesus para contemplar Sua realeza.
Jesus foi Rei, durante sua vida, em
apenas dois momentos: ao entrar em Jerusalém como um Rei pobre, montado em um
jumento emprestado e ao ser humilhado na Paixão, revestido com manto de
púrpura-gozação e capacete de espinhos; Rei ao morrer despido e com o peito
traspassado na cruz. Rei da paz e Rei do amor sem limite até a morte. A realeza
de Jesus é a realeza do Amor Ágape de Deus por toda a humanidade e por toda a
criação.
Esta festa é ocasião propícia para
podermos reconhecer, mais uma vez, que na cruz de Jesus o poder-dominação, o
poder opressor, criador de desigualdades e exclusões, espalhador de sofrimento
por todos os lados, está definitivamente derrotado. Isso se deu pelo seu modo
de viver para Deus e para os outros. O fracasso na cruz é a vitória de Jesus
sobre o mal, o pecado e a morte, por meio de Sua Ressurreição.
Essa festa se torna então
reveladora de um tríplice fundamento para a nossa esperança de que as promessas
de Deus serão cumpridas até o fim.
O surgimento da matéria e sua
evolução, desde o big-bang - quando toda a energia do Universo se concentrava
em um único ponto menor do que o átomo - são o primeiro fundamento de nossa
esperança.
Deus é criador respeitando as leis
daquilo que criou. Nós nos damos conta de que a soberania d’Ele vem se
cumprindo num Universo em expansão, uma vez que a evolução da matéria atingiu
seu ponto ômega ao dar à luz Jesus de Nazaré, por meio de Maria, porque n’Ele
está a Humanidade humanizada para todos os homens e mulheres, de todas as
gerações.
O segundo fundamento é a pessoa de
Jesus de Nazaré. O sonho de uma humanidade humanizada - tornada aquilo que ela
é - vem expresso na primeira leitura do livro de Daniel, na figura de um Filho
de Homem - figura antitética dos filhos de besta, filhos da truculência, dos
povos pagãos que oprimiram Israel com seus exércitos. O sonho tornou-se realidade
em Jesus Cristo. Ele nos humaniza com a Sua divindade: nunca Deus esteve tão
perto de nós, sendo um de nós e sem privilégios; mas também sem crimes nem
pecados (cf. epístola aos Hebreus). Jesus nos diviniza com a sua humanidade,
tão humano que é, que só pode vir de Deus e ser d’Ele mesmo.
O terceiro fundamento de nossa
esperança é a comunidade eclesial de fé, dos amigos e discípulos de Jesus.
Olhando essa grandeza, entendemos o sentido último de nosso batismo, pois na
realeza de Jesus fomos batizados para sermos reis e rainhas; no sacerdócio de
Jesus, para sermos sacerdotes e sacerdotisas; no profetismo de Jesus, para
sermos profetas e profetisas, para viver segundo o imperativo da Palavra de
Deus revelada em Seu Filho.
A soberania dessa realeza consiste
no serviço da cultura da paz e da solidariedade, da compaixão e da
fraternidade. O poder que corresponde a essa realeza é o do exercício da
autoridade que serve, para fazer o milagre da diversidade tornar-se unidade.
No sacerdócio de Jesus nos unimos à
Sua missão de gastar a vida pelos demais. Sabemos por Ele qual o modo de
existir que nos conduz à vida verdadeira; qual a religião que agrada a Deus. A
esperança posta no sacerdócio de Jesus é também certeza de que a vida gasta por
compaixão e solidariedade é a vida feliz e bem vivida.
Nossa esperança é profética, pois a
força da Palavra inaugura o futuro. “Apesar de você, amanhã há de ser outro
dia…”, cantava Chico Buarque nos anos da ditadura. Era a palavra do poeta
vencendo a força bruta. Vivendo o tempo presente no coração da comunidade de
fé, que é a Igreja, sentimos que uma força maior se move em nós, nos comove
para abrir-nos em direção ao futuro, pois nossa esperança não se funda somente
em Deus, sentido radical do futuro ou, como diz o provérbio, que “o futuro a
Deus pertence”. Mas é o Senhor mesmo a quem esperamos e quem nos espera no
futuro. Isso que é ter esperança: esperar Deus mesmo!
A festa de hoje nos faz contemplar
a existência do universo, necessária para que surgisse o grande presente de
Deus oferecido a toda a criação, que é Jesus. Desta forma, nossa esperança se
sustenta também nos cantos dos bem-te-vis e sabiás; nas rosas e margaridas; nas
crianças e nas borboletas; nos homens e mulheres de boa vontade; nas pedras e
nos vulcões; nas nuvens, na lua e nos planetas; nas estrelas e nas galáxias. Se
existe tudo isso e não o nada, nossa esperança tem pé, cabeça e coração.
Assim, como São Paulo, vivemos na
esperança, mas sabendo de seu tríplice fundamento: aquele da evolução do
universo, que culminou em Jesus, pelo dom de Maria; aquele que é Jesus, que por
nós se doou na cruz, abrindo para nós um modo de viver para Deus e para os
outros, que é verdadeira salvação; e aquele que é a Igreja, a nossa comunidade
de fé, que nos lança e sustenta na abertura radical ao futuro, esperando Deus
que vem e que nos acolhe com amor infinito, por meio do seguimento de Seu
Filho, por quem recebemos a vida e a plenitude da graça de Deus.
Fonte:
coracaodemaria.org.br
formacao.cancaonova.com/liturgia/catequese-liturgica/o-que-e-a-solenidade-de-cristo-rei/
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