Prefácio próprio - Ofício festivo próprio - Glória e Creio
Cor: Branco - Ano Litúrgico “C” - São Lucas
Festa: BATISMO DO SENHOR
Antífona: Mateus 3,16-17 Batizado o Senhor, os céus se abriram e o Espírito Santo pairou sobre ele sob forma de pomba. E a voz do Pai se fez ouvir: este é meu Filho muito amado, nele está todo o meu amor!
Oração do Dia: Deus eterno e todo-poderoso, que, sendo o Cristo batizado no Jordão e pairando sobre ele o Espírito Santo, o declaraste solenemente vosso Filho, concedei aos vossos filhos adotivos, renascidos da água e do Espírito Santo, perseverar constantemente em vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
Primeira Leitura: Livro do Profeta Isaías 42,1-4.6-7
Assim fala o Senhor: Eis o meu servo - eu o recebo; eis o meu eleito - nele se compraz minha alma; pus meu espírito sobre ele, ele promoverá o julgamento das nações. Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas. Não quebra uma cana rachada nem apaga um pavio que ainda fumega; mas promoverá o julgamento para obter a verdade. Não esmorecerá nem se deixará abater, enquanto não estabelecer a justiça na terra; os países distantes esperam seus ensinamentos.
Eu, o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constituí como o centro de aliança do povo, luz das nações, para abrires os olhos dos cegos, tirares os cativos da prisão, livrares do cárcere os que vivem nas trevas”. - Palavra do Senhor.
Comentário: O Servo de Deus, nesse texto de Isaías, é uma personificação de Israel, cuja missão era levar para as nações a justiça e o direito. Isso significa que o povo de Israel estava destinado a exteriorizar a justiça e o direito entesourados nas Sagradas Escrituras e fazer deles um patrimônio das demais nações da terra. Essa missão deveria ser realizada sem a utilização do poder tirânico, comum aos grandes impérios mundiais; a influência de Israel sobre as nações deveria libertá-las da cegueira espiritual e das trevas da idolatria. O Espírito de Deus, agindo no Servo (Israel), possibilitaria a efetivação dessa missão – ou seja, a transmissão das Sagradas Escrituras, até que estas fossem postas em prática por todas as nações. As Sagradas Escrituras seriam o caminho para que os povos chegassem até Deus. A releitura cristã desse texto bíblico viu em Jesus o pleno cumprimento da vocação de Israel. (Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj, Vida Pastoral n.276, Paulus)
Salmo: 28(29),1a.2.3ac-4.3b.9b-10 (R.11b) Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo!
Filhos de Deus, tributai ao Senhor, tributai-lhe glória e poder! Dai-lhe a glória devida ao seu nome; adorai-o com santo ornamento!
Eis a voz do Senhor sobre as águas, sua voz sobre as águas imensas! Eis a voz do Senhor com poder! Eis a voz do Senhor majestosa!
Sua voz no trovão reboando! No seu templo os fiéis bradam: “Glória!” É o Senhor que domina os dilúvios, o Senhor reinará para sempre!
Segunda Leitura: Atos dos Apóstolos 10,34-38
Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: “De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção entre as pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença. Deus enviou sua palavra aos israelitas e lhes anunciou a Boa Nova da paz, por meio de Jesus Cristo, que é o Senhor de todos.
Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judéia, a começar pela Galiléia, depois do batismo pregado por João: como Jesus de Nazaré foi ungido por Deus com o Espírito Santo e com poder. Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com ele”. - Palavra do Senhor.
Comentário: Pedro começou seu discurso na casa de Cornélio (primeiro gentio convertido à fé cristã) reconhecendo as intervenções divinas que o levaram a entender claramente como a salvação foi destinada a todos os povos. Pedro deu-se conta de que Deus não faz distinção de pessoas. Esse foi um grande passo na compreensão humana da revelação divina. Que Deus ama todas as pessoas e deseja ser adorado por todas as gentes já estava claro para os seguidores de Jesus. Mas até aquele momento se pensava que, se um gentio quisesse seguir Jesus, deveria primeiramente converter-se ao judaísmo para depois ter acesso à salvação. O discurso na casa de Cornélio mostra que Pedro chegou à conclusão de que a mensagem e obra de Jesus estão destinadas a todos sem exceção. Digna de destaque é a afirmação de que Deus ungiu Jesus “com o Espírito Santo e com poder”: isso significa a chegada do reino de fraternidade e paz a todos os povos. Os milagres e exorcismos realizados sob a unção do Espírito do Cristo ressuscitado são sinais que atestam a instauração desse reino na história. (Aíla Luzia Pinheiro Andrade, nj, Vida Pastoral n.276, Paulus)
Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 3,15-16.21-22
Naquele tempo, o povo estava na expectativa e todos se perguntavam no seu íntimo se João não seria o Messias. Por isso, João declarou a todos: “Eu vos batizo com água, mas virá aquele que é mais forte do que eu. Eu não sou digno de desamarrar a correia de suas sandálias. Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”.
Quando todo o povo estava sendo batizado, Jesus também recebeu o batismo. E, enquanto rezava, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre Jesus em forma visível, como pomba. E do céu veio uma voz: “Tu és o meu Filho amado, em ti ponho o meu bem-querer”. - Palavra da Salvação.
Comentários:
O batismo de Jesus, no Jordão, pode parecer, à primeira vista, inútil. Afinal, eram os pecadores os que procuravam o batismo de João, para redimir-se de seus pecados, na perspectiva da iminente chegada do Messias. Por um lado, Jesus não era pecador. Por outro, ele era o Messias, cuja ação havia de revolucionar a história humana. Como justificar, então, seu batismo? A vinda do Messias Jesus tinha como finalidade oferecer aos pecadores a salvação. Este seria o público privilegiado de sua ação. Quando, no início de seu ministério, dirigiu-se para o lugar onde João estava batizando, Jesus foi colocar-se exatamente onde se encontravam os que viera para salvar. Em torno de João, reuniam-se pessoas conscientes de seus pecados e desejosas de se verem livres deles. Jesus foi ao encontro delas, pois haveria de livrá-las, definitivamente, do peso de seus pecados, anunciando-lhes o advento do Reino de Deus. O Messias, porém, escolheu o caminho da solidariedade com os pecadores e se colocou junto deles como salvador, não como juiz. Ao se fazer um com eles, embora não sendo pecador, possibilitou que a graça tivesse lugar na vida daquela gente. Foi assim que, no batismo, o Filho amado de Deus iniciou sua missão. (Padre Jaldemir Vitório/Jesuíta)
A longa fila dos pecadores entrava nas águas claras do Jordão. Conclamado por João Batista, que anunciava a proximidade do Reino de Deus, o povo se reconhecia pecador e aceitava o “banho” penitencial. A grande surpresa foi quando se aproximou Jesus, o Cordeiro sem mancha, misturando-se aos pecadores. Em sua humildade sem medidas, Jesus de Nazaré quer estar em tudo solidário com os homens, a ponto de tomar parte naquele humilde rito de penitência. Atenção! Não se trata de um sacramento, como o batismo que a Igreja ministra, a mando do Senhor, desde Pentecostes. No Sacramento do Batismo, nós somos adotados pelo Pai, configurados com Cristo e habitados pelo Espírito Santo. Ora, desde a eternidade, o Verbo era Filho do Pai, tinha sua própria Face e a mais profunda comunhão com o Espírito. Logo, não “precisava” de nenhum batismo sacramental! Foi nesse exato momento, quando Jesus ainda estava nas águas, que a voz do Pai ressoou nas nuvens, para identificar no “Filho do Homem” o próprio Filho de Deus: “Eis o meu bem-amado! O meu bem-querer! Aquele que acolhe todo o meu amor!” Simultaneamente, João, o Batizador, vê descer sobre Jesus, em forma corpórea, como uma pomba celeste, o Espírito de Deus. Estamos diante de uma teofania trinitária: de fato, o Deus Trino decidira habitar no meio dos homens! Assim comenta o teólogo Urs von Balthasar: “Acima deste acontecimento, Deus se deixa conhecer como o Deus-Trindade: o Pai que envia, confirma seu “Filho bem-amado” que, em virtude de um amor livre, cumpre a vontade trinitária de salvação. O Espírito Santo voa sob a forma de uma pomba entre o Pai do céu e o Filho que reza sobre a terra; ele transmite a este a vontade do Pai e leva a prece do Filho ao Pai. Entre o batismo e a cruz-ressurreição, tudo corresponderá a esta forma aqui visível da decisão trinitária de salvação.” Batizados “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, também nós somos chamados a participar da vida divina. Assim transfigurados, veremos repetir-se no coração da Igreja, ao longo dos séculos, a mesma teofania do Batismo de Jesus. Já somos filhos “no Filho”, com Ele configurados, alvos do amor do Pai e templos vivos do Espírito de Deus. Levemos em conta as palavras de São Gregório Nazianzeno: “Quanto a nós, honremos hoje o batismo de Cristo e celebremos esta festa de modo irrepreensível. Sede purificados, e purificai-vos ainda mais, pois nada pode dar a Deus tanta alegria como a conversão e a salvação do homem: é para isto que tende todo este mistério. Sede como fontes de luz no mundo, uma força vital para os outros homens. Como luzes perfeitas secundando a Grande Luz, sede iniciados na vida de luz que está no céu!” (Antônio Carlos Santini / Com Católica Nova Aliança)
Fonte: CNBB / Missal Cotidiano
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