quinta-feira, 14 de julho de 2016

Doutrina Social da Igreja para principiantes - Dom Reginaldo

Membros da Igreja Católica e pessoas que a observam de perto ou à distância já se acostumaram com suas temáticas sociais. Muitos, no entanto, desconhecem o que é sua Doutrina Social. Esboço algumas ideias para principiantes.

A Doutrina Social da Igreja é o conjunto de escritos e mensagens, cartas, encíclicas, exortações, pronunciamentos e declarações que compõem o pensamento do magistério católico a respeito da chamada “questão social”. 

A Igreja, desde suas origens, sempre esteve confrontada a essa questão. No entanto, sua doutrina se convencionou como social somente a partir da Encíclica Rerum Novarum (Coisas Novas), do Papa Leão XIII, em 1891.

Isto não quer dizer que os problemas sociais estivessem ausentes de seus posicionamentos anteriores. Aliás, a Doutrina Social da Igreja tem como fonte as Sagradas Escrituras. Referências à situação dos pobres, sob a ótica da libertação e da justiça social no Antigo e Novo Testamentos, bem como nos primeiros séculos do cristianismo e em toda a tradição católica, são abundantes.

Com essa Encíclica, pela primeira vez um documento do magistério católico dedicou-se integralmente à chamada “questão social”, com uma particularidade importante: no decorrer do texto, o Papa aborda a “condição dos operários”.

Por que a Igreja passou a se preocupar com a questão social, sob a ótica da condição dos trabalhadores?

No final do século XIX, o capitalismo avançou rapidamente. As Revoluções Industriais representaram não apenas uma mudança tecnológica, mas uma nova forma do capital e do trabalho se relacionarem, numa época caracterizada pela ascensão da burguesia ao poder, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos.

Paralelamente ao desenvolvimento industrial, formou-se a classe operária e houve crescimento caótico das cidades. As condições de trabalho e de vida das massas urbanas se tornaram marcadas por grande exploração e miséria. Foi nesse contexto que a Igreja Católica manifestou, por meio da Encíclica de Leão XIII, suas “preocupações sociais”.

O Papa propôs, por um lado que os pobres fossem tratados com mais dignidade e que os ricos fossem mais justos; por outro lado, defendeu o direito à propriedade privada, acenando para sua função social. Desde então, duas questões de fundo, entrelaçadas, começaram a se manifestar: a relação entre capital e trabalho, e a relação entre bem particular e bem comum.

Essas e muitíssimas outras questões sociais passaram a ser permanentemente tratadas pela Igreja, culminando em admiráveis posicionamentos de Papas e de Conferências Episcopais, sobre problemas sociais específicos de cada país e continente. A Igreja no Brasil, em particular, tem uma história muito densa de análise e atuação em questões sociais.

Embora essa Doutrina Social seja entendida como um conjunto de princípios, está intimamente ligada à práxis evangelizadora da Igreja, especialmente em contextos de pobreza, desde onde muitíssimas comunidades e pastorais têm cumprido um importante papel sócio transformador. Busquemos conhecê-la e reconheçamos o seu valor!

Dom Reginaldo Andrietta / Bispo de Jales
Fonte: CNBB
Foto retirada da internet caso seja o autor, por favor, entre em contato para citarmos o credito.

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