Prefácio dos domingos comuns - Ofício dominical comum
Glória e Creio - Cor: Verde - Ano “C”
Lucas
Santo do Dia: INÁCIO DE
AZEVEDO - Mártir
Antífona: Antífona: Salmo
53,6.8 - É Deus quem me ajuda, é o Senhor quem defende a minha vida. Senhor, de
todo o coração hei de vos oferecer o sacrifício e dar graças ao vosso nome,
porque sois bom.
Oração do Dia: Ó Deus, sede generoso para com vossos filhos e filhas e
multiplicai em nós os dons da vossa graça, para que, repletos de fé, esperança
e caridade, guardemos fielmente os vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo. Amém!
Primeira Leitura: Livro do Gênesis
18,1-10a
Naqueles dias, o
Senhor apareceu a Abraão junto ao carvalho de Mambré, quando ele estava sentado
à entrada de sua tenda, no maior calor do dia. Levantando os olhos, Abraão viu
três homens de pé, perto dele. Assim que os viu, correu ao seu encontro e
prostrou-se por terra. E disse: “Meu Senhor, se ganhei tua amizade, peço-te que
não prossigas viagem, sem parar junto a mim, teu servo. Mandarei trazer um
pouco de água para vos lavar os pés, e descansareis debaixo da árvore. Farei
servir um pouco de pão para refazerdes vossas forças, antes de continuar a
viagem. Pois foi para isso mesmo que vos aproximastes do vosso servo”. Eles
responderam: “Faze como disseste”.
Abraão entrou logo
na tenda, onde estava Sara, e lhe disse: “Toma depressa três medidas da mais
fina farinha, amassa alguns pães e assa-os”. Depois, Abraão correu até o
rebanho, pegou um bezerro dos mais tenros e melhores, e deu-o a um criado, para
que o preparasse sem demora. A seguir, foi buscar coalhada, leite e o bezerro
assado, e pôs tudo diante deles. Abraão, porém, permaneceu de pé, junto deles,
debaixo da árvore, enquanto comiam.
E eles lhe
perguntaram: “Onde está Sara, tua mulher?” “Está na tenda”, respondeu ele. E um
deles disse: “Voltarei, sem falta, no ano que vem, por este tempo, e Sara, tua
mulher, já terá um filho”. - Palavra do
Senhor.
Comentário: Abraão acolhe, no Hebron, com
requintes de delicadeza, o próprio Deus que vem ao seu encontro, em forma
humana, acompanhado por dois Anjos, também em forma humana. Como recompensa, o
Senhor dá cumprimento à promessa que lhe fizera: dentro de um ano, Sara, sua
esposa, dará à luz um filho. A Liturgia de hoje propõe-nos a hospitalidade de
Abraão em função daquela outra hospitalidade das irmãs de Lázaro, também
oferecida ao Senhor. Porém, à sombra do carvalho de Mambré (um pouco a Norte de
Hebron), não se podia dizer, com propriedade, que Deus comia, ao passo que,
quando Jesus tomava os manjares cuidadosamente preparados por Marta, era o
próprio Deus que comia, em virtude do mistério da Encarnação. 2 «Viu três
homens». Nesta misteriosa teofania, cujo relato fortemente antropomórfico
evidencia a tradição javista, Deus aparece «em forma humana» não sendo
reconhecido logo à primeira. O Senhor vem acompanhado de outras duas figuras,
igualmente de forma humana, dois anjos, segundo adiante se diz (19, 1). Abraão
tem para com os caminheiros uma magnífica hospitalidade (vv. 4-8), de estilo
oriental, enquanto lhes vai reconhecendo, pouco a pouco, o carácter sobrenatural
(vv. 9.13.14). 3 «Meu Senhor…» Abraão dirigia-se àquele que lhe perece ser o
chefe da comitiva. Muitos Padres, fazendo uma exegese espiritual, viram aqui um
prenúncio da futura revelação da SS. Trindade: é célebre a frase de Santo
Hilário «tres vidit et unum adoravit» («viu três e adorou um»). 10 «Daqui a um
ano», à letra, «no tempo da vida» (ka‘et hayyáh), que alguns traduzem «daqui a
nove meses» (o tempo da gravidez). (presbiteros.com.br)
Salmo: 14(15),2-3a.3cd-4ab.5
(R. 1a)
Senhor, quem
morará em vossa casa?
É aquele que caminha
sem pecado e pratica a justiça fielmente; que pensa a verdade no seu íntimo e
não solta em calúnias sua língua.
Que em nada
prejudica seu irmão, nem cobre de insultos seu vizinho; que não dá valor algum
ao homem ímpio, mas honra os que respeitam ao Senhor.
Não empresta o seu
dinheiro com usura, nem se deixa subornar contra o inocente. Jamais vacilará
quem vive assim!
Segunda Leitura: Carta de São Paulo
aos Colossenses 1,24-28
Irmãos: Alegro-me
de tudo o que já sofri por vós e procuro completar em minha própria carne o que
falta das tribulações de Cristo, em solidariedade com o seu corpo, isto é, a
Igreja. A ela eu sirvo, exercendo o cargo que Deus me confiou de vos transmitir
a palavra de Deus em sua plenitude: o mistério escondido por séculos e
gerações, mas agora revelado aos seus santos.
A estes Deus quis
manifestar como é rico e glorioso entre as nações este mistério: a presença de
Cristo em vós, a esperança da glória. Nós o anunciamos, admoestando a todos e
ensinando a todos, com toda a sabedoria, para a todos tornar perfeitos em sua
união com Cristo. - Palavra do Senhor.
Comentário: S. Paulo esquece-se de si
para se dar aos outros; por isso sente-se alegre, mesmo quando sofre,
«completando em si próprio o que falta às tribulações de Cristo, em benefício
da Igreja». S Paulo não diz que a obra da Salvação, enquanto Redenção objetiva,
não tenha sido perfeita, ou lhe falte algo para atingir o seu valor intrínseco,
mas deixa ver como ele próprio tem uma missão a cumprir plenamente em benefício
da Igreja, isto é, em ordem à salvação das almas, e esta missão tem de a levar
a cabo «em vez de» alguém, que é Cristo, de quem se tornou «ministro» (v. 23) e
«embaixador» (cf. 2 Cor 5, 20). E, neste sentido, há algo que falta à «paixão
de Cristo». A palavra traduzida por «paixão» é expressa em grego por um termo
que nunca aparece no Novo Testamento aplicado à Paixão de Jesus: «thlípsai»
(tribulações). E que tribulações de Cristo são estas? São as que Cristo sofreu
na sua vida mortal, ou as que sofrem os cristãos, membros do Corpo (místico) de
Cristo? Uns, seguindo os Padres Gregos, pensam que se deve entender a expressão
referida aos próprios padecimentos de Jesus, não no sentido de que tivesse
faltado algo à sua Paixão para poder redimir os homens, mas no sentido de que
Deus conta com o sacrifício e a colaboração dos homens para aplicar a todas as
pessoas os méritos da Redenção (Redenção subjetiva), o que está de acordo com 1
Cor 3, 5-15; 4, 1-5; segundo esta opinião, S. Paulo quer dizer que é à própria
Paixão de Cristo que falta a nossa quota parte (para que os seus méritos sejam
aplicados). Outros, seguindo Santo Agostinho, entendem por «tribulações de
Cristo» as tribulações padecidas pelos membros do seu Corpo Místico, pois a
Paixão de Cristo continua-se nos membros da Igreja que sofrem em união com
Cristo; em favor desta opinião está o termo grego que, como disse, nunca se
aplica à Paixão de Jesus. De qualquer modo, exprime-se sempre neste texto uma
realidade misteriosa e sobrenatural: é que temos uma missão a levar a cabo –
completar em benefício de Igreja –, a favor da salvação de todos, «com os
sofrimentos que suporto»; e esta missão é corredentora. (presbiteros.com.br)
Evangelho de Jesus
Cristo segundo Lucas 10,38-42
Naquele tempo, Jesus entrou num
povoado, e certa mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Sua irmã,
chamada Maria, sentou-se aos pés do Senhor, e escutava sua palavra. Marta,
porém, estava ocupada com muitos afazeres. Ela aproximou-se e disse: “Senhor,
não te importas que minha irmã me deixe sozinha, com todo o serviço? Manda que
ela me venha ajudar!” O Senhor, porém, lhe respondeu: “Marta, Marta! Tu te
preocupas e andas agitada por muitas coisas. Porém, uma só coisa é necessária.
Maria escolheu a melhor parte e esta não lhe será tirada”. -
Palavra da Salvação.
Comentários:
“Quem
parte, reparte e escolhe a melhor parte” – garante o ditado popular. No fundo,
trata-se de uma escolha que se faz. E nossa vida é toda ela feita de
escolhas... Neste Evangelho, duas irmãs – Marta e Maria – fazem suas escolhas:
cuidar das tarefas caseiras ou ficar aos pés de Jesus. Não que as duas opções
sejam radicalmente exclusivas, mas a diligente Marta sente motivos para
reclamar de Maria, que escolheu diferente. Vale a pena refletir nas palavras do
monge André Louf sobre esta passagem. “A certa profundidade, temos o direito de
escolher o amor, sem condições, e deixar qualquer outra coisa para dedicar-se a
ele em definitivo, pois esta é a parte que jamais nos será tirada, que dura
para a eternidade. A certa profundidade, o Amor se torna gratuito. E em todo
lugar onde Jesus percebe essa gratuidade, ele se faz o seu defensor. É o caso
do alabastro da outra Maria e dos perfumes derramados em perda total sobre os
pés de Jesus, e cujo altíssimo preço parece roubado aos pobres. Mas os pobres
têm mais necessidade de amor do que de dinheiro. E o amor não tem preço. Aos
pés de Jesus, Maria desocupada, inútil, injusta com sua irmã mais velha. Mas
não existe nada mais urgente que o amor, nem mais eficaz. Se eu não tenho o
amor, nada tenho, dirá São Paulo, ainda que eu distribua todos os meus bens aos
pobres, ainda que eu me gaste pelos outros, mesmo que eu entregue meu corpo às
chamas (cf. 1Cor 13). Mais urgente, mais eficiente é assumir o tempo de amar.” Lá
no fundo, ouço queixas. São os eficientes, os utilitaristas, os práticos,
aqueles que carregam nas costas o peso do mundo, como se fossem indispensáveis
para Deus. E Deus não quer o sacrifício, mas a misericórdia. E onde
encontraremos a fonte da misericórdia se não tivermos tempo para Deus? Não só
na Igreja, não só na família, mas em todos os campos da vida humana
multiplicam-se os “ativistas” – aqueles que apostam apenas na própria ação,
muitas vezes atropelando os outros, assumindo práticas violentas, incapazes da
refletir, incapazes de ouvir, incapazes de... rezar... Ora, quando Jesus
chegar, vale a pena parar e sentar-se aos seus pés. (Antônio Carlos Santini / Com.
Católica Nova Aliança)
A
cena evangélica desafia-nos a fazer uma leitura integrativa, sem contrapor
Maria e Marta, como se uma fosse símbolo da ação e a outra, da contemplação,
como se uma tivesse feito uma ação louvável e a outra, uma ação censurável.
Portanto, quando Jesus fala que Maria escolheu a melhor parte, pensa-se logo
que a contemplação é mais importante que a ação ou, mais radicalmente, a contemplação
pode prescindir da ação. Tanto a atitude de Maria quanto a de Marta foram de
carinhosa acolhida a Jesus e a seus discípulos. A primeira deteve-se a escutar
o amigo recém-chegado, enquanto a outra pôs-se a preparar uma refeição para
esses hóspedes. Diante de amigos com fome, nada melhor do que oferecer-lhes
algo para restaurar as forças. O erro de Marta consistiu em não começar por
acolher a quem chegava, talvez depois de um longo período de ausência. Era
preciso acolher o Mestre, antes de pôr-se em ação. Afinal, Jesus estava mais
interessado em partilhar alguns momentos de convívio com uma família amiga do
que em degustar uma excelente refeição. No caso de Maria, sua amabilidade
inicial transformar-se-ia em insensibilidade, se fosse incapaz de perceber a
situação dos amigos e não se apressasse em dar-lhes comida. Ela, porém, agiu
corretamente. Sua ação foi precedida da escuta da palavra do Mestre. Ou seja, a
contemplação culminou e expressou-se na ação caridosa para com os visitantes. (Padre Jaldemir Vitório/Jesuíta)
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
Foto retirada da internet
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