A Cátedra de São Pedro era comemorada em duas datas, que
marcaram as mais importantes etapas da missão deixada ao apóstolo pelo próprio
Jesus. A primeira, em 18 de janeiro se comemorava a sua posse em Roma, a
segunda, em 22 de fevereiro, marca o aparecimento do Cristianismo na Antioquia,
onde Pedro foi o primeiro bispo.
Por se tratar de uma das mais expressivas datas da Igreja o
martirológio decidiu unificar os dois dias e festejar apenas o dia 22 de
fevereiro, que é a mesma data do livro "Dispositio Martyrum", único
motivo da escolha para a celebração.
"Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja;
e as portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela." (Mt 16,18)
Em 1604 o Papa Clemente VIII incluiu ambas as festas no Calendário Tridentino (Calendário dos Santos a serem honrados na liturgia), mas foi removido por João XXIII em 1960 a do dia 18 de Janeiro. Em 1962 este calendário foi introduzido no Missal Romano.
Qual o sentido de celebrar tal festa? Sem dúvida, trata-se
de uma comemoração importante, pois revela que a Igreja, tal como querida por
Jesus, é uma comunhão ordenada, tendo Pedro à frente. Na Sagrada Escritura, por
diversas vezes, a missão de Pedro dentro da comunhão da Igreja aparece como
única. O nome de Pedro encabeça a lista dos Apóstolos. É Pedro quem fala com
Jesus em nome dos demais Apóstolos. Jesus promete fundar sobre o Apóstolo a sua
Igreja, cuja estabilidade não seria jamais ameaçada, e entrega, particularmente
a Pedro, as chaves do Reino dos Céus.
A Cátedra de Pedro é o símbolo da missão
magisterial que o Apóstolo recebeu do próprio Cristo. Os ensinamentos de Pedro
procuram atualizar os ensinamentos de Jesus. A missão de Pedro é a de fazer com
que o mistério do Filho de Deus, – Caminho, Verdade e Vida –, seja conhecido e
amado pelos homens. Nesse sentido, estar em comunhão com o magistério
autorizado de Pedro é estar em comunhão com a doutrina de Cristo. O antigo
ditado latino expressa muito bem este sentimento: “Ubi Petrus, ibi Ecclesia” –
Onde está Pedro, está a Igreja.
O Apóstolo Pedro
tem nos Papas seus legítimos sucessores. A cidade de Roma foi honrada pela
presença e pelo martírio de São Pedro, que assim a consagrou como Sede
Apostólica. Nós honramos a Sede de Pedro com o carinhoso e respeitoso título de
Santa Sé. A Cátedra de Pedro é hoje ocupada pelo Papa Bento XVI. Ao longo da
história, Deus mesmo é quem sustenta a Igreja na terra e o Papa que está à sua
frente. A Cátedra de São Pedro foi ocupada por inúmeros nomes ilustres e
santos, que se distinguiram seja pelo zelo pelas coisas de Deus, pela
preservação e transmissão da sã doutrina, pela missão, pela sabedoria ou pelo
serviço da caridade. Sabemos também que a fragilidade humana marcou a história
do papado. Entretanto, nada de contrário ao sentido verdadeiro da Palavra de
Deus foi oficialmente ensinado por um Papa, por menos digno que ele fosse, o
que revela a ação de Deus assistindo à sua Igreja. Na verdade, Deus faz com que
o ouro do Evangelho chegue incólume aos fieis!
Trata-se de uma tradição muito antiga, testemunhada em Roma
desde o século IV, com a qual se dá graças a Deus pela missão confiada ao
Apóstolo Pedro e aos seus sucessores. Literalmente, a "cátedra" é a
sede fixa do Bispo, posto na igreja matriz de uma Diocese, que por isso é chamada
"catedral", e constitui o símbolo da autoridade do Bispo e, em
particular, do seu "magistério", ou seja, do ensinamento evangélico
que ele, enquanto sucessor dos Apóstolos, é chamado a conservar e a transmitir
à Comunidade cristã. Quando o Bispo toma posse da Igreja particular que lhe foi
confiada, ele, com a mitra e o báculo, senta-se na cátedra. Como mestre e
pastor, daquela sede ele orientará o caminho dos fiéis, na fé, na esperança e
na caridade.
Portanto, qual foi a "cátedra" de São Pedro? Escolhido
por Cristo como "rocha" sobre a qual edificar a Igreja (cf. Mt 16,18), ele começou o seu
ministério em Jerusalém, depois da Ascensão do Senhor e do Pentecostes. A
primeira "sede" da Igreja foi o Cenáculo, e provavelmente naquela
sala onde também Maria, a Mãe de Jesus, rezou juntamente com os discípulos para
que fosse reservado um lugar especial a Simão Pedro. Em seguida, a sé de Pedro
tornou-se Antioquia, cidade situada à margem do rio Oronte, na Síria, hoje na
Turquia, naquela época terceira metrópole do império romano, depois de Roma e
de Alexandria do Egito. Daquela cidade, evangelizada por Barnabé e Paulo, onde
"os discípulos receberam, pela primeira vez, o nome de
"cristãos"" (Act 11,26),
onde, portanto, nasceu para nós o nome de cristãos, Pedro foi o primeiro Bispo,
a tal ponto que o Martirológio Romano, antes da reforma do calendário, previa
também uma celebração específica da Cátedra de Pedro em Antioquia. Dali, a
Providência conduziu Pedro até Roma. Portanto, temos o caminho de Jerusalém, Igreja
nascente, em Antioquia, primeiro centro da Igreja acolhida pelos pagãos e ainda
unida com a Igreja proveniente dos Judeus. Depois Pedro dirigiu-se para Roma,
centro do Império, símbolo do "Orbis" a "Urbs" que expressa
o "Orbis" a terra onde ele terminou com o martírio a sua corrida ao
serviço do Evangelho. Por isso a sede de Roma, que tinha recebido a maior
honra, acolheu também o ônus confiado por Cristo a Pedro, de se colocar ao
serviço de todas as Igrejas particulares, para a edificação e a unidade de todo
o Povo de Deus.
Celebrar a "Cátedra" de Pedro, como fazemos hoje,
significa, portanto, atribuir-lhe um forte significado espiritual e reconhecer-lhe
um sinal privilegiado do amor de Deus, Pastor bom e eterno, que quer reunir
toda a sua Igreja e orientá-la no caminho da salvação. Entre os numerosos
testemunhos dos Padres, apraz-me evocar o de São Jerônimo, tirado de uma das
suas epístolas escritas ao Bispo de Roma, particularmente interessante porque
faz referência explícita precisamente à "cátedra" de Pedro,
apresentando-a como segura meta de verdade e de paz. Assim escreve Jerônimo:
"Decidi consultar a cátedra de Pedro, onde se encontra aquela fé que a
boca de um Apóstolo exaltou; agora venho pedir um alimento para a minha alma
ali, onde outrora recebi a veste de Cristo. Não busco outro primado, a não ser
o de Cristo; por isso, ponho-me em comunhão com a tua bem-aventurança, ou seja,
com a cátedra de Pedro. Sei que sobre esta pedra está edificada a Igreja" (Cartas I, 15,1-2).
Fonte: Edições Paulinas - CNBB
- Dom Orani
João Tempesta, O. Cist. - Vaticano -
Bento XVI (Audiência Geral 22/02/2006) - Wikipédia
Foto retirada da internet
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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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