Corpus Christi em latim significa Corpo de Cristo, festa que celebra a presença real e substancial de Cristo na Eucaristia.
É realizada na quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade. É uma festa de
“preceito”, ou seja, é de comparecimento obrigatório participar da Missa neste
dia.
No decorrer de sua história, a nossa Mãe
Igreja enfrentou inúmeras heresias. Temos conhecimento de que as primeiras
grandes controvérsias teológicas que precisaram ser resolvidas em meio aos
concílios ecumênicos versaram sobre a Santíssima Trindade, no primeiro e no
segundo Concílios Ecumênicos; sobre o mistério da Encarnação, no terceiro,
quarto, quinto e sexto Concílios Ecumênicos; e o problema das imagens, no sétimo
Concílio Ecumênico. No século XI, surgiu a heresia de Berengário de Tours que
negava a presença de Cristo na Eucaristia. Berengário foi quem primeiro se
atreveu a negar a conversão eucarística; a Igreja condenou-o porquê nunca quis
se retratar.
Diante desse panorama de surgimento de heresias que contestavam a
Sua presença na Eucaristia, Jesus Cristo se revelou a uma freira de nome
Juliana de Mont Cornillon, manifestando-lhe a necessidade de se incluir, nas
solenidades do culto oficial da Igreja, uma comemoração especial em honra ao
Santíssimo Sacramento. Surgia assim, a Festa de Corpus Christi, que foi
celebrada pela primeira vez em Liége, na Bélgica.
Corpus Christi, desde o início, é uma festa
popular, revestida de inúmeras manifestações de fé, que é refletida nos solenes
hinos. “Essa
festa, estendida pelo papa Urbano IV, em 1264, a toda a Igreja
Latina, constitui, por um lado, uma resposta de fé e de culto às
doutrinas heréticas(...) e, por outro lado, foi a coroação de um movimento de
grande devoção ao augusto sacramento do altar”. (Diretório, 160).
Corpus Christi é uma demonstração visível da
fé que professa que a Eucaristia “é o tesouro da Igreja, o coração do mundo, o
penhor da meta pela qual, mesmo inconscientemente, suspira todo o homem”.
(Ecclesia de Eucharistia, 59). Em sua penúltima Carta apostólica, o Papa João Paulo
II nos diz: “Neste ano, seja vivida com particular fervor a
solenidade do Corpus Domini com a tradicional procissão. A fé neste Deus que, tendo encarnado, se fez
nosso companheiro de viagem, seja proclamada por toda a parte particularmente
pelas nossas estradas e no meio das nossas casas, como expressão do nosso amor
agradecido e fonte inexaurível de bênção”. (Mane Nobiscum Domine,
18). Atendendo ao apelo de João Paulo II, vamos alegremente entoar: “Ao Eterno
Pai cantemos e a Jesus, o Salvador. Ao Espírito exaltemos, na Trindade, eterno
amor. Ao Deus Uno e Trino demos a alegria do louvor”.
Procissão de Corpus Christi
Um dos momentos mais marcantes da Festa de
Corpus Christi é a procissão na qual o Santíssimo Sacramento é conduzido pelas
ruas, especialmente ornamentadas, acompanhado de velas acessas, cantos de
louvor e orações. A cada parada são dadas bênçãos especiais a todo o povo. É um
momento de silêncio profundo, durante o qual muitos se ajoelham em sinal de
reverência e humildade. Na presença de Cristo, pedem a proteção divina.
Surgida em Liége, na Bélgica, em 1243, a Festa de Corpus
Christi passou a ser celebrada de forma universal em toda a Igreja no ano de
1264 pelo papa Urbano IV. A princípio, nenhum documento relata a procissão com o
Santíssimo como parte da celebração, contudo existem registros de que os papas
Martin V e Eugênio IV concederam indulgências para os que dela participaram.
A partir do séc. XIV, a procissão de Corpus
Christi passou a ser celebrada com frequência, logo se tornando um costume. Era
comum as cidades enfeitarem as ruas e casas com flores e ramos, em alusão a
entrada de Jesus em Jerusalém na Semana Santa na qual Ele foi aclamado como rei. Ao longo de
três séculos manteve-se na Igreja a tradição dos papas conduzirem a procissão
do Corpo de Cristo. No entanto, a partir de 1870, com a tomada de Roma durante
as guerras pela unificação da Itália, este costume foi abandonado sendo
retomado somente em 1979 pelo papa João Paulo II.
No Brasil a Festa de Corpus Christi é herança
da colonização portuguesa que trouxe para o país os valores e a religião
cristã. Em Portugal, a festa era celebrada de forma oficial, sendo considerada
até mais importante do que a Solenidade de Natal. Toda a corte participava com
os nobres, fidalgos e cavaleiros representando personagens bíblicos durante as
celebrações e procissões.
No Brasil, durante o período colonial, a
festa tinha além do sentido religioso também um papel político já que a Igreja
e o Estado estavam interligados pelo regime do padroado. Nesta época, as
câmaras municipais determinavam a ornamentação de ruas, casas e comércios por
onde passava a procissão. Todas as classes sociais, os militares e também os escravos
e libertos participavam da procissão que costumava terminar com a concentração
em local público, geralmente o largo da matriz, onde era dada a benção solene
com o Santíssimo Sacramento.
O auge da procissão de Corpus Christi deu-se
durante o período barroco que a enriqueceu com suas características de pompa e
detalhes suntuosos. É dessa época a profusão de cores, a música rebuscada e as
expressões mais solenes tais como a riqueza dos ornamentos e objetos
litúrgicos.
Atualmente, apesar das dificuldades próprias
do ambiente urbano, a Festa de Corpus Christi continua sendo uma das maiores
manifestações religiosas e culturais do nosso povo. A pompa e riqueza do
passado deram lugar a participação ativa dos fiéis tanto na preparação da festa
e do tapete como nas celebrações. A procissão é um testemunho de piedade, amor
e fé em Cristo presente na Eucaristia.
Festa de Corpus Christi
Solenidade de Corpus Christi é a grande Festa pública que a Igreja
dedica ao sacramento da Eucaristia. O dia de Corpus Christi é o dia em que
saímos pelas ruas da cidade em procissão, professando o culto latrêutico devido
ao Santíssimo Sacramento do Altar. A origem desta Festa está relacionada às
revelações que Deus concedeu à Beata Juliana de Mont Cornillon, nas quais ela viu
a lua, símbolo da Igreja, como um disco luminoso assinalado por uma mancha
escura. Deus lhe revelou que aquela mancha indicava a ausência, no ciclo
litúrgico, de uma Festa pública em honra do sacramento da Eucaristia, e lhe
solicitou que se empenhasse na missão de cumprir Sua vontade.
Como sabemos, a Igreja dedica duas grandes festas ao sacramento
da Eucaristia:
Quinta-Feira
Santa, quando comemoramos a instituição deste sacramento, e a Solenidade de
Corpus Christi, que é sempre comemorada na primeira quinta-feira após o Domingo
da Santíssima Trindade.
Alguém pode se questionar: “por que a Igreja
não celebra a Festa do Corpo de Deus na Quinta-feira Maior, dia da instituição
da Eucaristia?” Porque nesse dia, todo de luto, em que se inicia sua Paixão,
não teria podido celebrar sua alegria de modo condizente. Impossível lhe é
regozijar-se ao meditar na morte, pensamento que domina os magnos dias da
Semana Santa.
A Festa do Corpo de Deus foi igualmente
adiada para depois de Pentecostes, para que, cheios das graças e do júbilo do
Espírito Santo, pudéssemos celebrar, com toda a pompa, a Festa do Esposo divino
que habita entre nós. (São Pedro Julião Eymard. “A Divina Eucaristia”, volume
1). Impulsionados pelo Divino Espírito, sentimos um imenso prazer em testemunhar
que “Ele está no meio de nós!” Impulsionados pelo Consolador de nossas almas,
no dia de Corpus Christi, retiramos o Senhor Jesus do sacrário para
apresentá-lo ao povo como o Messias prometido, o Salvador vivo e ressuscitado e
o estimado Amigo que nos legou, por meio da Eucaristia, o Seu próprio Corpo,
Sangue, Alma e Divindade. Impulsionados pelo Doador de graças, louvamos e
glorificamos a Deus por essa dádiva tão extraordinária, que é poder comungar,
salmodiando: “Quem me protege e me ampara é meu Deus; é o Senhor quem sustenta
a minha vida!” (Sl 53,6)
A Festa de Corpus Christi é constituída de
dois grandes momentos: a celebração da Santa Missa e a Procissão Eucarística.
Como preparativo para a procissão é ato tradicional se revestirem as ruas das
cidades com os tapetes de Corpus Christi. Nos dois momentos dessa Festa, nós
demonstramos uma imensa alegria; afinal, estamos vivenciando uma Festa de
louvor e de ação de graças.
Estamos professando que o nosso coração é
Tabernáculo do Altíssimo e, graças aos frutos da Eucaristia, somos preservados
do pecado, crescemos na caridade e nos assumimos como Igreja, membros do Corpo
Místico de Cristo. Como filhos da Igreja, na Festa do Corpo de Deus, “nós
levamos Cristo, presente na figura do pão, pelas estradas da nossa cidade. Nós
confiamos estas estradas, estas casas, a nossa vida cotidiana à Sua bondade.
Que as nossas estradas sejam de Jesus! Que as nossas casas sejam para Ele e com
Ele! A nossa vida de todos os dias estejam penetradas da Sua presença!” (Papa Bento
XVI, Homilia na Solenidade de Corpus Christi em 26 de maio de 2005).
Fonte: matrizubatuba.com.br – Wikipédia
Foto retirada da internet
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