8ª Domingo do Tempo Comum – Glória e Creio
Prefácio os domingos comuns - Ofício dominical comum
Cor: Banco - Ano “C” Lucas
Solenidade: SANTÍSSIMA
TRINDADE
Antífona: Bendito seja Deus Pai, bendito o Filho unigênito e
bendito o Espírito Santo. Deus foi misericordioso para conosco.
Oração do Dia: Ó Deus, nosso Pai, enviando ao mundo a Palavra da Verdade e o
Espírito santificador, revelastes o vosso inefável mistério. Fazei que,
professando a verdadeira fé, reconheçamos a glória da Trindade e adoremos a
Unidade onipotente. Por nosso
Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!
Primeira Leitura: Livro dos
Provérbios 8,22-31
Assim fala a
Sabedoria de Deus: “O Senhor me possuiu como primícia de seus caminhos, antes
de suas obras mais antigas; desde a eternidade fui constituída, desde o
princípio, antes das origens da terra.
Fui gerada quando
não existiam os abismos, quando não havia os mananciais das águas, antes que
fossem estabelecidas as montanhas, antes das colinas fui gerada. Ele ainda não
havia feito as terras e os campos, nem os primeiros vestígios de terra do
mundo.
Quando preparava os
céus, ali estava eu, quando traçava a abóbada sobre o abismo, quando firmava as
nuvens lá no alto e reprimia as fontes do abismo, quando fixava ao mar os seus
limites - de modo que as águas não ultrapassassem suas bordas - e lançava os
fundamentos da terra, eu estava ao seu lado como mestre-de-obras; eu era seu
encanto, dia após dia, brincando, todo o tempo, em sua presença, brincando na
superfície da terra, e alegrando-me em estar com os filhos dos homens”. - Palavra do Senhor.
Comentário: O livro dos Provérbios
apresenta a Sabedoria divina personificada, existindo eternamente em Deus e
realizando com Ele, como sábio arquiteto, a obra da Criação. Os Padres da
Igreja reconheceram nestes versículos uma referência à Segunda Pessoa Divina,
que com o Pai e o Espírito Santo chama à existência todas as coisas. Saibamos
nos reconhecer e glorificar a Deus ao contemplarmos a beleza do Universo. A
sabedoria divina aparece aqui poeticamente personificada. É ela que se
apresenta a si mesma, como um «arquiteto» (v. 30) ao lado de Deus, que Lhe
fornece o projeto da maravilhosa obra da criação do universo. Este belo
artifício literário parece insinuar um mistério que transcende o próprio
hagiógrafo: os Padres da Igreja, baseados na apresentação que o Novo Testamento
faz de Cristo como Sabedoria de Deus (Mt 11,19; Lc 11,49; cf. Col 1,16-17; Jo
1,1-3; 6,35, etc.), veem nesta passagem uma alusão à Segunda Pessoa da SS.
Trindade, o Verbo de Deus. De facto, a Sabedoria é apresentada como uma pessoa
distinta, mas sem que seja uma criatura, pois existe desde sempre, antes da
criação (vv. 24-26) e intervém na obra da criação (vv. 27-31); ela, não sendo criada,
foi concebida, gerada desde toda a eternidade. A revelação do N. T. faz-nos
supor que esta passagem já conteria um sentido divino mais pleno do que aquele
que se podia vislumbrar antes de Cristo. Recorde-se que o v. 22 – «o Senhor me
criou» – foi aproveitado por Ario, para tentar demonstrar que o Verbo não era
Deus, mas apenas a sua primeira criatura, partindo da tradução grega dos LXX,
seguida pela Vetus Latina, a que inexplicavelmente se atém a nossa tradução
litúrgica; mas a verdade é que o texto hebraico tem: «o Senhor possuiu-me»
(«qanáni»), seguido pela Vulgata e pela Neovulgata, que é a referência para as
traduções litúrgicas. Aqui, como em tantas outras passagens da Escritura,
fala-se do Mundo de acordo com as ideias cosmológicas da época: os Céus (v. 27)
seriam uma abóbada firme (firmamento) que cobria a Terra, a qual era uma enorme
ilha plana limitada por um círculo (v. 27) que, à maneira de dique (v. 29), a
separava do oceano sem limites («o abismo», v. 27); por seu turno, a Terra,
apesar de ser ilha flutuante no abismo, tinha estabilidade e estava fixa devido
a uns alicerces ou «fundamentos da Terra» (v. 29), à maneira de colunas em que
se apoiava; as fontes são chamadas «as fontes do abismo» (v. 28), pois brotavam
do próprio abismo, isto é, o mar em que a Terra sobrenadava, e, através dos
rios, as águas das fontes regressavam à sua origem. (A chuva procedia da
abertura de grandes reservatórios de água situados acima do firmamento – as
«águas superiores» de Gn 1,7 – e que comunicavam com o oceano). É evidente que,
ao falar assim, a Sagrada Escritura não quer dar uma lição de Cosmologia, fala
como então se falava. (presbiteros.com.br)
Salmo: 8,4-5.6-7.8-9 (R.
2a)
Ó
Senhor nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!
Contemplando estes
céus que plasmastes e formastes com dedos de artista; vendo a lua e estrelas
brilhantes, perguntamos: ”Senhor, que é o homem, para dele assim vos lembrardes
e o tratardes com tanto carinho?”
Pouco abaixo de
Deus o fizestes, coroando-o de glória e esplendor; vós lhe destes poder sobre
tudo, vossas obras aos pés lhe pusestes:
as ovelhas, os
bois, os rebanhos, todo o gado e as feras da mata; passarinhos e peixes dos
mares, todo ser que se move nas águas.
Segunda Leitura: Carta de São Paulo
aos Romanos 5,1-5
Irmãos:
Justificados pela fé, estamos em paz com Deus, pela mediação do Senhor nosso,
Jesus Cristo. Por ele tivemos acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos
firmes e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus.
E não só isso, pois
nos gloriamos também de nossas tribulações, sabendo que a tribulação gera a
constância, a constância leva a uma virtude provada, a virtude provada desabrocha
em esperança; e a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado
em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. - Palavra do Senhor.
Comentário: A graça baptismal infundida
nas nossas almas pelo Espírito Santo inundou os nossos corações com a caridade.
S. Paulo lembra aos cristãos de Roma que o amor de Deus que nos foi dado
torna-nos fortes na esperança. O texto com que se inicia o capítulo 5 de
Romanos introduz um tema central da carta, o do «amor de Deus» (a ser
desenvolvido no capítulo 8), paralelo ao tema da «justiça de Deus» (anunciado
em 1, 17 e desenvolvido em 3,21-31). 2 «Esta graça em que permanecemos»: é a
graça, que a Teologia chama santificante, a graça da justificação, que nos
torna santos, justos, amigos de Deus e em paz com Ele. 5 «A esperança não
engana», não nos deixa confundidos. A Teologia católica insiste numa qualidade
da virtude teologal da esperança: a certeza, que procede da virtude da fé e que
se baseia na fidelidade de Deus às suas promessas, na sua misericórdia e
omnipotência. Esta firmeza da esperança não obsta a uma certa desconfiança de
si próprio, pelo mau uso que se possa vir a fazer da liberdade: daqui a
recomendação de S. Paulo: «trabalhai com temor e tremor na vossa salvação»
(Filp 2,12). «O amor de Deus foi derramado em nossos corações»; aqui está a
garantia de que a nossa esperança não é ilusória, mas firme. Este amor não é
apenas algo que se situa fora de nós próprios, uma mera atitude de benevolência
divina extrínseca, mas é um dom que se encontra derramado em nossos corações
«pelo Espírito Santo que nos foi dado». Fala-se neste texto dum dom e dum
doador; daqui que a Teologia explicite que esse dom é a virtude infusa da
caridade, inseparável da graça santificante (cf. DzS 800-821), isto é, um
«hábito» permanente, bem expresso pelo particípio perfeito passivo do original
grego («que permanece derramado»); o doador é o Espírito Santo que, por sua
vez, também «nos foi dado» (Ele é a graça incriada: assim se dá a inabitação da
Santíssima Trindade na alma do justo). (presbiteros.com.br)
Evangelho de Jesus
Cristo segundo João 16,12-15
Naquele tempo, disse Jesus a
seus discípulos: “Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não
sois capazes de as compreender agora. Quando, porém, vier o Espírito da
Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si
mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará.
Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. Tudo o que
o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará, é
meu”. - Palavra da Salvação.
Comentários:
Jesus
nos revela que Deus é Trindade de Pessoas numa única natureza. Procuremos nos
também criar laços de comunhão entre as pessoas por meio da caridade. A leitura
é um pequeno trecho do chamado discurso do adeus (Jo 13 – 17), de grande
alcance na revelação do mistério da SS. Trindade. 13 «Dirá tudo o que tiver
ouvido». O Espírito Santo, diretamente ou através dos seus carismas, jamais
trará uma «nova» revelação, nova, tanto no sentido de contraditória, como no
sentido de uma revelação que possa deixar «ultrapassada» a revelação de Cristo.
Não obstante, vai ser o Espírito Santo quem possibilitará a plena compreensão
da Revelação na vida da Igreja e que a completará com a pregação dos Apóstolos
(cf. Dei Verbum, nº 4). O Espírito Santo não é autônomo; por isso a sua ação
está em perfeita coerência e continuidade com a obra de Jesus. «Anunciará o que
está para vir» não significa uma previsão dos acontecimentos futuros, mas antes
o sentido do futuro e a nova ordem das coisas resultante da obra redentora de
Jesus. 14-15 Temos aqui o texto bíblico mais claro a falar simultaneamente de
unidade da natureza divina e da distinção real das Pessoas da Santíssima
Trindade, concretamente, sobre a procedência, por parte do Espírito Santo, do
Pai e do Filho. O Espírito Santo não é autónomo; por isso a sua ação está em
perfeita coerência e continuidade com a obra de Jesus. «Tudo o que o Pai tem é
Meu», portanto, também a natureza, que em Deus não se distingue da sua ciência.
Por isso mesmo, quando Cristo diz que o Espírito Santo «receberá do que é meu»,
indica, como bem o exprime Santo Agostinho, a procedência da Terceira Pessoa do
Pai e do Filho: «Ele não é de Si mesmo, mas é d’Aquele de quem procede. Donde
Lhe vem a essência, também Lhe vem a ciência: d’Ele Lhe vem a audição que não é
mais do que a ciência» (In Jo. tract. 99). (presbiteros.com.br)
A
Santíssima Trindade é a face de Deus que Jesus nos revelou. Deus é comunhão do
Pai, do Filho e do Espírito Santo. A cada pessoa é atribuída uma ação
característica. O Pai envia o Filho com uma missão salvífica, em relação à
humanidade. O Espírito Santo é enviado pelo Pai e pelo Filho para que esteja
com os discípulos, em sua missão de testemunhar o Reino do Pai. O Filho tem sua
existência totalmente enraizada no Pai. Seu alimento é fazer a vontade do Pai e
realizar, com perfeição, a sua obra. O Espírito Santo revela aos discípulos o
que ouviu de Jesus. Terminada sua missão terrena, o Filho voltou para junto do
Pai, ao passo que o Espírito Santo continua a dinamizar, na história, a obra do
Filho. Quando o cristão é batizado no nome da Trindade, o modo de ser de Deus
lhe é apresentado como modelo de vida. A perfeita comunhão existente entre as
pessoas da Trindade deve tornar-se o ideal de comunhão dos cristãos.
Igualmente, a capacidade de agir de forma integrada, sem concorrências nem
sobreposição de um sobre o outro. A diversidade não é empecilho para que
aconteça a comunhão trinitária. As pessoas divinas não precisam abrir mão de
suas individualidades para que a Trindade aconteça. A comunhão se faz a partir
do diferente, na acolhida e no respeito pelo Outro. Este é o caminho que a
comunidade cristã terá de tomar, se quiser deixar-se modelar pela Trindade. (Padre Jaldemir Vitório/Jesuíta)
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
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