Semana Santa - 2ª Semana do Saltério
Prefácio da Paixão II - Ofício próprio
Cor: Roxo - Ano “A” - Mateus
Antífona: Filipenses
2,10.8.11 Ao nome de Jesus todo joelho se dobre no céu, na terra e na
mansão dos mortos, pois o Senhor se fez obediente até a morte e morte de cruz.
E por isso Jesus Cristo é Senhor na glória de Deus Pai.
Oração do Dia: Ó Deus, que fizestes vosso Filho padecer o suplício da cruz para
arrancar-nos à escravidão do pecado, concedei aos vossos servos e servas a
graça da ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo. Amém!
Primeira Leitura: Livro do Profeta
Isaías 50,4-9a
O Senhor Deus
deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa
abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção
como um discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei
atrás. Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba:
não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o Senhor Deus é o meu
Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível
como pedra, porque sei que não sairei humilhado. A meu lado está quem me
justifica; alguém me fará objeções? Vejamos. Quem é meu adversário?
Aproxime-se. Sim, o Senhor Deus é meu Auxiliador; quem é que me vai condenar?
-
Palavra do Senhor.
Comentário: O Servo de Javé não é um
portador de sabedoria humana, nem confia nos recursos da dialética.
Assemelha-se aos pobres analfabetos, que não sabem usar a arma da palavra. Sua
língua é a de discípulo (v. 4): narra só as coisas que Deus lhe confiou. Sua
força está toda aqui, daqui lhe vem a capacidade de suportar as bofetadas com
um rosto de pedra. Que o servo Jesus fosse, não apenas um portador da palavra,
mas em verdade a Palavra de Deus, não muda os termos da profecia, antes a leva
ao extremo. Sua paixão foi a consequência de sua fidelidade à missão de
profeta: falou, por isso foi crucificado. Não pode ser outra a missão da
Igreja. Deve ela falar a palavra de salvação, que é palavra recebida do alto.
Como para São Paulo, seu falar não se exprime "em discurso de humana
sabedoria, mas em demonstração de espírito e virtude" (1 Cor 2,4). Por
isto, permanece sempre "em religiosa escuta da palavra de Deus", para
ser sua fiel dispensadora. (Missal Cotidiano)
Salmo: 68, 8-10.
21bcd-22. 31. 33-34 (R. 14cb)
Respondei-me
pelo vosso imenso amor, neste tempo favorável, Senhor Deus
Por vossa causa é que sofri tantos
insultos, e o meu rosto se cobriu de confusão; eu me tornei como um estranho a
meus irmãos, como estrangeiro para os filhos de minha mãe. Pois meu zelo e meu
amor por vossa casa me devoram como fogo abrasador; e os insultos de infiéis
que vos ultrajam recaíram todos eles
sobre mim!
O insulto me partiu o coração; Eu
esperei que alguém de mim tivesse pena; procurei quem me aliviasse e não achei!
Deram-me fel como se fosse um alimento, em minha sede ofereceram-me vinagre!
Cantando eu louvarei o vosso nome e
agradecido exultarei de alegria! Humildes, vede isto e alegrai-vos: o vosso
coração reviverá, se procurardes o Senhor continuamente! Pois nosso Deus atende
à prece dos seus pobres, e não despreza o clamor de seus cativos.
Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus 26,14-25
Naquele
tempo, um dos doze discípulos, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os sumos
sacerdotes e disse: “Que me dareis se vos entregar Jesus?” Combinaram,
então, trinta moedas de prata. E daí em diante, Judas procurava uma
oportunidade para entregar Jesus. No primeiro dia da festa dos Ázimos, os
discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Onde queres que façamos os
preparativos para comer a Páscoa?” Jesus respondeu: “Ide à cidade, procurai
certo homem e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: o meu tempo está próximo, vou
celebrar a Páscoa em tua casa, junto com meus discípulos’”. Os discípulos
fizeram como Jesus mandou e prepararam a Páscoa. Ao cair da tarde, Jesus pôs-se
à mesa com os doze discípulos. Enquanto comiam, Jesus disse: “Em verdade eu vos
digo, um de vós vai me trair”. Eles ficaram muito tristes e, um por um,
começaram a lhe perguntar: “Senhor, será que sou eu?” Jesus respondeu: “Quem
vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato. O Filho do Homem vai
morrer, conforme diz a Escritura a respeito dele. Contudo, ai daquele que trair
o Filho do Homem! Seria melhor que nunca tivesse nascido!” Então Judas, o traidor,
perguntou: “Mestre, serei eu?” Jesus lhe respondeu: “Tu o dizes”. - Palavra da Salvação.
Comentários:
O
amor que Deus tem por todas as pessoas nunca foi plenamente correspondido, pois
sempre o pecado manifestou o desamor que o homem tem por ele. O episódio da
traição de Judas nos mostra de um modo muito mais profundo esta verdade. O
Filho, verdadeiro Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, por amor a nós,
renuncia à sua condição divina e se faz homem, tornando-se um de nós. A
resposta que ele encontra dos homens não é o amor, mas a traição e a morte. Mas
nem mesmo esta realidade diminui o amor que Deus tem por nós, uma vez que, por
amor, Jesus nos dá livremente a sua vida. (CNBB)
A
dureza do coração de Judas impediu-o de reconhecer quem, de fato, era o Messias
Jesus. Sua decepção deveu-se ao fato de o Mestre não corresponder às suas
expectativas messiânicas. Sem dúvida, Judas imaginava-o como um Messias
glorioso, cheio de poder, líder de uma revolta contra os romanos, objeto da
admiração popular. Evidentemente, os discípulos haveriam de tirar partido da
situação, se as coisas fossem assim. O projeto de Judas não encontrou guarida
no coração de Jesus. O Mestre não buscava a própria glória, mas a fidelidade à
vontade do Pai. Seu poder era usado para servir e libertar, e não para oprimir
e dominar. Não estava tanto preocupado com os romanos, quanto com seus próprios
compatriotas, que tinham transformado a religião em instrumento de opressão.
Jesus tornara-se objeto da admiração popular, mas também vítima da perseguição
sistemática por parte de seus adversários. Nada do que Judas imaginava,
acontecia com o Mestre. Daí a sua decepção. Sua decisão de traí-lo resultou de
uma paixão precipitada. Não foi capaz de abrir mão de seu preconceito com
relação a Jesus. Por isso, não vendo realizar-se o que imaginava, Judas optou
por vender o seu Mestre. A atitude do discípulo traidor repete-se cada vez que
os seguidores de Jesus caem na tentação de medi-lo com os parâmetros que têm na
cabeça. É o erro fatal de quem o desconhece. (Padre
Jaldemir Vitório/Jesuíta)
Fonte: CNBB - Missal Cotidiano (Paulus)
Foto retirada da internet
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