“Portanto, todo aquele que comer do pão ou beber do cálice do
Senhor indignamente, será culpado contra o corpo e o sangue do Senhor. Examine-se
cada um a si mesmo e, assim, coma do pão e beba do cálice; pois, quem come e
bebe sem distinguir devidamente o corpo, come e bebe sua própria condenação. É
por isso que há entre vós muitos enfermos e doentes, e não poucos têm morrido.”
(1Cor 11,27-30)
A comunhão sacrílega é uma das ofensas mais graves à Nosso
Senhor Jesus Cristo. Muitos desconhecem a existência da mesma e não se preparam
receber a Eucaristia. Outros não veem nenhum mal por desconhecer as consequências
e os efeitos de tamanho ultraje.
A comunhão sacrílega ocorre quando a pessoa recebe Jesus
Eucarístico sem o devido preparo, ou seja, com pecados mortais pendentes de
serem perdoados através da Confissão. Este é um pecado que corrói vorazmente o Sagrado
Coração de Jesus e o Imaculado Coração de Maria, e também faz pesar a justiça
de Deus sobre os homens.
Os santos são unânimes em
proclamar a gravidade deste pecado:
“Não há praticamente nenhum crime que mais ofende a Deus que
a comunhão sacrílega.” (Santo Antônio Maria Claret)
“O comungante em pecado mortal comete um crime maior que
Herodes” (Santo Agostinho de Hipona)
“[O comungante comete um crime] mais assustador do que
Judas” (São João Crisóstomo)
“Quem faz comunhão sacrílega, recebe em seu coração a
Satanás e a Jesus Cristo; a satanás, para fazê-lo reinar, e a Jesus Cristo para
oferecê-lo em sacrifício a Satanás” (São Cirilo de Alexandria)
“Não existe na terra um suplício que seja suficiente para
punir quem comunga em estado de pecado mortal” (Jesus à Santa Brígida)
A gravidade deste crime é
tão grande que suplicam, por tudo o que é mais sagrado, que tenham todo
cuidado:
“Confessai-vos com humildade e devoção. Se for possível,
todas as vezes que fostes comungar, mesmo que na consciência não estejais
sentindo nenhum remorso de pecado mortal” (São Francisco de Sales)
“Também eu levanto a voz e vos suplico, peço e esconjuro
para não vos abeirardes desta Mesa sagrada com uma consciência manchada e
corrompida. De fato, uma tal aproximação nunca poderá chamar-se comunhão, ainda
que toquemos mil vezes o corpo do Senhor, mas condenação, tormento e redobrados
castigos.” (São João Crisóstomo)
Muitos ainda poderiam afirmar que isso é um exagero porque a
pessoa não vê nenhum mal aparente nisso. Porém, nestes 2000 anos, a Igreja tem
vivenciado uma série de comprovações concretas de que este pecado é ofensa
gravíssima à Deus, como podemos conferir em narrações:
“São Cipriano refere que alguns de seu tempo, não sendo
dignos de receber a Sagrada Comunhão, depararam-se com uma dor intolerável nas
entranhas e às portas da morte. São João Crisóstomo conhecia muitos possuídos
por demônios por causa deste crime.” (Santo Antônio Maria Claret)
“Lemos na vida de um monge de São Bernardo se atreveu a
comungar em pecado mortal. Algo terrível! Logo que o Santo lhe deu a Sagrada
Hóstia, rebentou como Judas e como ele foi condenado eternamente.” (Santo
Antônio Maria Claret)
Alguns poderiam argumentar que estes casos são raros e que
não veem nas paróquias as pessoas sofrendo tais suplícios com frequência. Porém
devemos lembrar que as maiores punições não são as do corpo, mas as da alma. E
elas são:
“Mas se a estes últimos pecadores [comungantes] não os pune
de forma visível, já o está a fazer invisivelmente: com a cegueira de entendimento,
dureza de coração, do seu abandono neste mundo, e em seguida, no outro, com o
castigo eterno do Inferno.” (Santo Antônio Maria Claret)
A cegueira de entendimento torna as pessoas cegas e
incapazes de entender o bem e o mal, se aprofundar nos mistérios santos e ter
acesso à Sabedoria de Deus. Isso é claramente comprovado ao vermos que estas
pessoas que comungam de forma indigna não são capazes de entender este pecado
(e muitos outros) quando se tenta explicar para elas.
A dureza do coração é quando a pessoa se fecha a graça de
Deus, não permite Jesus entrar de nenhuma maneira. E com isso impede toda a
ação da graça. Isso vemos claramente quando as pessoas não são capazes de
sequer considerar a hipótese de deixar um determinado pecado, de mudar de
mentalidade ou de lutar contra os vícios.
Ser abandonado neste mundo é terrível, pois assim somos
entregues à ação de Satanás sem o amparo que os filhos de Deus possuem. Isso é
nítido quando vemos pessoas que decaem cada vez mais no abismo do pecado numa
decadência moral e espiritual contínua.
Por fim, a última é o merecimento do Inferno, que levará a
pessoa a sofrer as penas eternas e muito mais cruéis que os piores sofrimentos
desta vida. E passará a eternidade se odiando por ter podido evitar este
pecado, mas não ter dado atenção ao ensinamento da Igreja.
São Macário teve a seguinte visão: Quando o sacerdote estava
distribuindo a Santa Comunhão, viu que se aproximavam espíritos malignos, de
aspecto horroroso!
Quando o sacerdote apresentava a hóstia a uma pessoa bem
preparada, os demônios fugiam apressadamente. Mas se era um indigno,
depositavam-lhe na mão carvão em brasa e no mesmo instante a Santa Hóstia
voltava para o altar.
Deus castiga às vezes a
comunhão sacrílega, já nesta vida.
Godwin, duque de Kent, foi acusado de ter assassinado o
irmão do rei. Defendeu-se e apelou para a santa Comunhão, dizendo: “Se eu tiver
pensado ou maquinado um atentado contra o senhor ou seu irmão, asfixie-me a
santa Hóstia que vou tomar”. Tomou então a santa Hóstia; no entanto, mal a
recebera, sua boca fechou, a garganta se contraiu, de modo que morreu
asfixiado.
Um mendigo pediu a São Paulino uma esmola. O Santo Bispo
notou que o mendigo tinha um braço seco e perguntou-lhe a causa. Contou-lhe
então, que num momento de grande raiva tinha espancado a mãe, de tal forma que
ela viera falecer. Então, enterrou-a ocultamente.
Sendo o dia seguinte a 5ª. Feira Santa tinha que fazer a
Comunhão Pascal. Comungou sem confessar esse grande pecado. Entretanto, quando
o sacerdote colocou a Santa Hóstia na sua mão criminosa, (antigamente, o
sacerdote colocava a hóstia na mão do comungante, e não havia a hóstia
pequenina, de modo que não era possível comungar na boca), ela entorpeceu e
debaixo de terríveis sofrimentos começou a secar. E terminou assim.
- Gritei de dor e todos se acercavam de mim aterrorizados.
Fugi de minha terra, trazendo desde então o cruciante castigo comigo. O pior é
que meu crime me arrastará para o inferno. Perguntou-lhe o santo se queria
perdão de seu pecado.
- Quem me dera! - respondeu o pecador. Então o Santo mandou
que durante sete anos se colocasse à porta da Igreja, todos os domingos e dias
santos, descoberto, descalço, mostrando a todos a sua mão seca e contando o seu
crime.
Assim fez o pecador, edificando todo o povo com a sua
penitência.
Passados três anos, insistiram junto ao santo bispo para que
perdoasse o resto da penitência. O Bispo atendeu ao pedido do povo. Levou então
o homem para dentro da igreja, deu-lhe a absolvição dos pecados e deu-lhe por
fim a Santa Comunhão.
Mal tinha recebido a Santa Hóstia, um grande calor lhe
invadiu o corpo todo e a mão tornou-se perfeitamente boa.
“Mors est malis, vita bonis. Vide paris sumptionis Quam sit
dispar exitus”: "É morte para os maus, vida para os bons. Vê, como do
mesmo manjar efeito diferente resulta!”
Livrai-nos Virgem Maria de tão grave ofensa. Protegei-nos e
dai-nos sabedoria e discernimento para não ocorrer de ofendermos vosso
Diviníssimo Filho. Com seu amor terno, adentrai o coração dos sacrílegos e
convertei-os para que alcancem a santidade e a felicidade Eterna.
Fonte: Front Católico
Foto retirada da internet
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