“Eu creio na comunhão dos santos"
A fé na comunhão dos santos nasce da afirmação de que a
Igreja é santa. Pois, como ensina o CIC nº 946, “a comunhão dos santos é
precisamente a Igreja”. Nela entramos em comunhão com os bens espirituais
conquistados e comunicados por Cristo na efusão de seu Espírito Santificador e
com os seus membros, homens e mulheres, que refulgem, cada um no seu estado, a
santidade participada de Deus.
A comunhão nas coisas
santas
Fundamentado na passagem de At 2,42, a Igreja entende que a
comunhão plena de seus membros se efetua nas seguintes realidades: a doutrina,
a liturgia, a caridade e o serviço. Desta maneira, quando falamos de comunhão
dos santos queremos dizer que aqueles que são santificados por Deus estão
unidos na mesma fé, no mesmo culto e na mesma vivência da caridade.
A comunhão na mesma fé e
doutrina
A unidade da doutrina se baseia na experiência da Tradição.
Desde o início, a fé apostólica foi posta em fórmulas. Desta experiência,
surgiu a profissão de fé dos apóstolos, o credo, onde estão os seus conteúdos
essenciais, recebido e guardado pela Igreja. A fé que nós professamos é a mesma
dos Apóstolos que passa de geração em geração através da Igreja. Dizer “eu
creio” só é possível porque a Igreja diz “nos cremos”. Pois, se cada um crer
somente no que lhe agrada, criaria um novo credo e isto feriria a unidade e a
comunhão entre os crentes. Por isso, só estamos vivendo a comunhão dos santos
quando professamos a mesma fé apostólica.
A comunhão no mesmo culto
A liturgia cristã tem como um dos seus objetivos santificar
os homens. Esta santificação ocorre quando estes entram em comunhão com Deus.
Cada um dos sete sacramentos tem esta função fundamental de nos fazer entrar
contato íntimo com Ele. Dentre todos os atos de culto celebrados, a Eucaristia
é aquele no qual se revela, mais plenamente, a comunhão dos santos. Nela,
comungamos do corpo daquele que é o Santo e, assim, somos santificados pelo
Espírito e formamos o povo santo de Deus. Por isso, sem a vida sacramental não
se realizaria a comunhão dos santos.
A comunhão na
evangelização e no serviço
Pela via sacramental, os fiéis são dotados com o mesmo
Espírito de santidade. Este distribui, segunda as necessidades, os dons e os
serviços para que a Igreja se edifique e, também, o mundo se encontre com Deus.
Toda a ação da Igreja tem como meta levar os homens a fé. Assim, o testemunho
dado pelos cristãos, ainda que múltiplos, se tornam o único testemunho da
santidade de Deus que renova o mundo. Pois, a razão última do testemunho
cristão é a caridade com que Cristo nos amou. Quando um discípulo de Cristo
coloca seus bens (materiais ou espirituais) a disposição dos outros, revela a
própria ação de Deus amor através dele. Todos os cristãos fazem parte do único
plano salvífico de Deus para a humanidade.
A comunhão entre as
pessoas santas
Além da comunhão nas coisas santas (doutrina, culto e
moral), na Igreja se vive a comunhão entre as pessoas santas. A meta da Igreja
é a entrada definitiva no Reino de Deus por ocasião da segunda vinda de Cristo.
Lá os santos se reunirão definitivamente na bem aventurança celeste. Até que
isto aconteça, a Igreja se encontra em três estados. Os discípulos de Jesus que
se encontram na terra formam a Igreja peregrina. Aqueles que, após a morte,
estão se purificando formam a Igreja padecente. Por fim, aqueles que estão já
na glória celeste formam a Igreja triunfante. Aqui se realiza a comunhão dos
santos, ou seja, dos membros da Igreja. A morte não acaba com nossa
participação na Igreja Santa de Deus.
A intercessão e a memória
dos santos
Os membros da Igreja peregrina podem interceder uns pelos
outros e, também, pelos membros da Igreja padecente. Assim, com muito mais
propriedade, acreditamos que os membros da Igreja triunfante podem rezar por
nós. A vida deles associada à vida de Cristo nos consegue um auxílio fraterno
para nossas dificuldades e fraquezas.
A unidade entre os cristãos da Igreja peregrina nos aproxima
de Cristo. Quando vemos uma comunidade cristã que vive plenamente a unidade
entre seus membros, percebemos a presença de Cristo. Assim, ainda mais, quando
fazemos memória dos Santos. Em comunhão de oração com eles ou conhecendo suas
vidas, entramos em profunda comunhão com Deus. Por isso, a liturgia não cessa
de nos apresentar a memória daqueles que, correspondendo com a graça divina,
viveram a virtude heroica.
A família de Deus
Pela vida sacramental nos tornamos filhos adotivos de Deus.
Assim, a realidade da Igreja e da comunhão dos santos pode ser apresentada com
a imagem da Família. Como os membros de uma família, pelo amor e por sua
história, estão unidos aonde quer que estejam; assim, os membros da Igreja
estão em comunhão pela doutrina, pela moral e pelo culto.
Pe.
Vitor Gino Finelon
Vice diretor das
Escolas de Fé MaterEcclesiae e Luz e Vida
Fonte: Arquidiocese do Rio de
Janeiro
Para aprofundar: Consultar o
CIC, números 946 até 962; o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica,
perguntas 194 e 195; o YouCat, pergunta 146; e, o capítulo VII da Lumen
Gentium.
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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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