O centro da homilia foi o episódio narrado no Evangelho de
Mateus em que se fala dos cobradores de impostos e pecadores:
“Eles eram considerados os piores, porque cobravam,
colocavam no bolso uma parte e mandavam o resto do dinheiro aos romanos:
vendiam a liberdade da pátria e por isso, eram malvistos, odiados. Eram
traidores da pátria. Jesus os viu e os chamou. Escolheu um apóstolo, o pior,
Mateus, e o convidou para o almoço. Ele ficou feliz”.
Depois de citar este trecho, o
Papa propôs uma recordação do passado:
“Antes, quando me hospedava na Via della Scrofa, (casa para
o clero no centro de Roma, ndr), eu gostava de ir – e agora não posso mais – à
Igreja de São Luís dos Franceses para admirar um quadro do Caravaggio, ‘A
conversão de Mateus’: ele grudado no dinheiro e Jesus indicando-o com o dedo.
Jesus aponta para ele e convida todos os traidores, publicanos, para o almoço.
Ao ver isso, os fariseus, que se consideravam ‘justos’, julgavam todos e
diziam: “Por que seu mestre come com eles?”. Jesus diz: “Eu não vim para chamar
os justos, mas os pecadores”.
Diploma de pecador
O Papa comentou: “Isto me consola muito, porque penso que
Jesus veio para mim porque somos todos pecadores; todos temos este diploma.
Cada um de nós sabe bem onde peca mais, onde está a sua fraqueza. Antes de tudo
temos que reconhecer isso: nenhum de nós que estamos aqui pode dizer “Não sou
pecador”. Os fariseus diziam assim e Jesus os condena. Eram soberbos, vaidosos,
se achavam superiores aos outros. Mas somos todos pecadores: é a nossa láurea e
também a possibilidade de atrair Jesus a nós. Jesus vem até nós, vem a mim
porque sou pecador”.
Para isso Ele veio, para os pecadores, não para os justos.
Estes não precisam. Jesus disse: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico,
mas sim os doentes. Aprendei, pois, o que significa: `Quero misericórdia e não
sacrifício'. Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores'”.
“Quando leio isso – prosseguiu o Papa – me sinto chamado por
Jesus e todos podemos dizer o mesmo: ‘Jesus veio para mim, para cada um de
nós’”.
Ele perdoa sempre
Esta é a nossa consolação e nossa confiança: que Ele perdoa
sempre, cura nossa alma sempre, sempre. “Sou fraco, tenho recaídas...”: será
Jesus a reerguer-te e a curar-te, sempre. Jesus veio para me dar força, para me
fazer feliz, para deixar minha consciência tranquila. Não tenhamos medo. Nos
momentos piores, quando sentimos o peso por alguma coisa que fizemos,
escorregões... Jesus me ama porque sou assim”.
São Jerônimo
Na conclusão, Francisco reevocou uma fase da vida do grande
São Jerônimo, que tinha um temperamento difícil e tentava ser mais delicado,
porque era um dálmata (nascido na atual Croácia, ndr) e os dálmatas têm índole
forte... Conseguiu dominar o seu caráter e oferecia ao Senhor muitas coisas,
muito trabalho, e perguntava: “Senhor, o que queres de mim?”. O Senhor
respondia: “Ainda não me destes tudo”. E ele: “Mas Senhor, eu dei isso, isso e
aquilo...”. “O que falta?”. “Uma coisa: os teus pecados”.
A beleza do coração
misericordioso de Jesus
E bonito ouvir isso – concluiu Francisco. “Dá-me teus
pecados e tuas fraquezas; eu os curo e tu prossegues”. “Pensemos hoje no coração
de Jesus, para que nos faça entender esta beleza do coração misericordioso, que
me diz apenas: “Dá-me tuas fraquezas, teus pecados e eu perdoo tudo”. “E que
esta alegria seja nossa”.
Papa Francisco
Fonte: Rádio
Vaticano
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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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