O Senhor usou para conosco de uma misericórdia tão grande
que, primeiramente, nós, seres vivos, não sacrificássemos a deuses mortos nem
os adorássemos, e levando-nos por Cristo ao conhecimento do Pai da verdade. E
qual é o conhecimento que nos conduz a ele? Não é acaso não negar Aquele por
quem o conhecemos? Ele mesmo declarou: Ao que der testemunho de mim, eu darei
testemunho dele diante do Pai (cf. Lc 12,8). É este o nosso prêmio: testemunhar
aquele por quem fomos salvos. Como o testemunharemos? Fazendo o que diz, sem
desprezar seus mandamentos, honrando-o não com os lábios só, mas de todo o coração
e inteligência. Pois Isaías disse: Este povo me honra com os lábios, seu
coração, porém, está longe de mim (Is 29,13).
Portanto, não nos contentemos em chamá-lo de Senhor; isto
não nos salvará. São suas as palavras: Não é quem me diz Senhor, Senhor, que se
salvará, mas quem pratica a justiça (cf. Mt 7,21). Por isso, irmãos, demos
testemunho pelas obras: amemo-nos mutuamente, não cometamos adultério, não nos
difamemos uns aos outros nem nos invejemos, mas vivamos na continência, na
misericórdia, na bondade. E sejamos movidos pela mútua compaixão, não pela
cobiça. Confessemo-lo por estas obras, não pelas contrárias. Não temos de temer
os homens, mas a Deus. Porque o Senhor disse aos que assim procediam: Se
estiverdes comigo, reunidos em meu seio e não cumprirdes meus mandamentos, eu
vos repelirei e direi: Afastai-vos de mim, não sei donde sois, operários da iniquidade
(cf. Mt 7,23; Lc 13,27).
Por conseguinte, irmãos meus, lutemos, sabendo que o combate
está em nossas mãos. Muitos se entregam a lutas corruptíveis, mas somente são
coroados aqueles que mais tiverem lutado e combatido gloriosamente. Lutemos,
pois, também nós, para sermos todos coroados. Para isto, corramos pelo caminho
reto, pelo combate incorruptível. Naveguemos em grande número para ele e
pelejemos, a fim de obter a coroa. Se não pudermos todos ser coroados, que ao
menos dela nos aproximemos. Convém-nos saber que se alguém se entrega a um
combate corruptível, mas é surpreendido com o corruptor, é flagelado, afastado
e expulso do estádio.
Que vos parece? Que deverá padecer quem corrompe o combate
da incorrupção? Sobre aqueles que não guardam o caráter, se diz: Seu verme não
morre, seu fogo não se extingue e serão dados em espetáculo a toda carne (Is
66,24)..
Fonte: Liturgia das Horas
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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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