A ressurreição de Cristo abre a mansão dos mortos, os
neófitos da Igreja renovam a terra e o Espírito Santo abre as portas do céu. A
mansão dos mortos aberta devolve seus habitantes, a terra renovada germina os
ressuscitados, o céu reaberto recebe os que para ele sobem.
O ladrão sobe ao paraíso, os corpos dos santos entram na
cidade santa, os mortos retornam à região dos vivos. E de certo modo, pela
ressurreição de Cristo, todos os elementos são elevados a uma dignidade mais
alta.
A habitação dos mortos restitui ao paraíso os que nela
estavam detidos, a terra envia ao céu os que foram nela sepultados, o céu
apresenta ao Senhor os que recebe em suas moradas. E por um único e mesmo ato,
a paixão do Salvador retira o ser humano das profundezas, eleva-o da terra e o
coloca no alto dos céus.
A ressurreição de Cristo é vida para os mortos, perdão para
os pecadores, glória para os santos. Por isso, o santo profeta convida todas as
criaturas para a festa da ressurreição de Cristo, exultando e se alegrando
neste dia que o Senhor fez.
A luz de Cristo é um dia sem noite, um dia sem fim. O
Apóstolo nos ensina que este dia é o próprio Cristo, quando afirma: A noite já
vai adiantada, o dia vem chegando (Rm 13,12). Ele diz que a noite já vai adiantada
e não que ela ainda virá, a fim de compreendermos que a chegada da luz de
Cristo afasta as trevas do demônio e dissipa a escuridão do pecado; com seu
esplendor eterno ela vence as sombras tenebrosas do passado e impede toda a
infiltração dos estímulos pecaminosos.
Este dia é o próprio Cristo. Sobre ele, o Pai, que é o dia
sem princípio, faz resplandecer o sol da sua divindade. Ele mesmo é o dia que
assim fala pela boca de Salomão: Fiz brilhar no céu uma luz que não se apaga
(Eclo 24,6 Vulg.).
Assim como a noite não pode absolutamente suceder ao dia
celeste, também as trevas dos pecados não podem suceder à justiça de Cristo. O
dia celeste brilha eternamente, e nenhuma obscuridade pode ofuscar o fulgor da
sua luz. Do mesmo modo, a luz de Cristo resplandece e irradia a sua claridade,
e sombra alguma de pecado poderá ofuscá-la, como diz o evangelista João: E a
luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la (Jo 1,5).
Portanto, irmãos, todos nós devemos alegrar-nos neste santo
dia. Ninguém se exclua desta alegria universal, apesar da consciência de seus
pecados; ninguém se afaste das orações comuns, embora sinta o peso de suas
culpas. Por mais pecador que seja, ninguém deve neste dia desesperar do perdão.
Temos a nosso favor um valioso testemunho: se o ladrão arrependido alcançou o
paraíso, por que não alcançaria o cristão a graça de ser perdoado?
São
Máximo (? / 423)
Bispo de Turim - Mártir
da Igreja
Fonte: Liturgia das Horas
Foto retirada da internet
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