O unigênito Filho de Deus, querendo fazer-nos participantes da
sua divindade, assumiu nossa natureza, para que, feito homem, dos homens
fizesse deuses.
Assim, tudo quanto assumiu da nossa natureza humana,
empregou-o para nossa salvação. Seu corpo, por exemplo, ele o ofereceu a Deus
Pai como sacrifício no altar da cruz, para nossa reconciliação; seu sangue, ele
o derramou ao mesmo tempo como preço do nosso resgate e purificação de todos os
nossos pecados.
Mas, a fim de que permanecesse para sempre entre nós o
memorial de tão imenso benefício, ele deixou aos fiéis, sob as aparências do
pão e do vinho, o seu corpo como alimento e o seu sangue como bebida. Ó
precioso e admirável banquete, fonte de salvação e repleto de toda suavidade!
Que há de mais precioso que este banquete? Nele, já não é mais a carne de
novilhos e cabritos que nos é dada a comer, como na antiga Lei, mas é o próprio
Cristo, verdadeiro Deus, que se nos dá em alimento. Poderia haver algo de mais
admirável que este sacramento?
De fato, nenhum outro sacramento é mais salutar do que este;
nele os pecados são destruídos, crescem as virtudes e a alma é plenamente
saciada de todos os dons espirituais.
É oferecido na Igreja pelos vivos e pelos mortos, para que
aproveite a todos o que foi instituído para a salvação de todos.
Ninguém seria capaz de expressar a suavidade deste
sacramento; nele se pode saborear a doçura espiritual em sua própria fonte; e
torna-se presente a memória daquele imenso e inefável amor que Cristo
demonstrou para conosco em sua Paixão.
Enfim, para que a imensidade deste amor ficasse mais
profundamente gravada nos corações dos fiéis, Cristo instituiu este sacramento
durante a última Ceia, quando, ao celebrar a Páscoa com seus discípulos, estava
prestes a passar deste mundo para o Pai. A Eucaristia é o memorial perene da
sua Paixão, o cumprimento perfeito das figuras da Antiga Aliança e o maior de
todos os milagres que Cristo realizou. É ainda singular conforto que ele deixou
para os que se entristecem com sua ausência.
São
Tomás de Aquino (1225/1274)
Doutor da Igreja
Fonte: Liturgia das Horas
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Ricardo Feitosa e Marta Lúcia
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